Exposição no Dia da Caatinga defende criação do Parque Nacional Boqueirão da Onça



A Caatinga é um dos mais importantes biomas do Brasil. Mas, segundo o Ministério do Meio Ambiente, os moradores desta região, que apresenta belezas sutis e histórias de resistência social – como a dos cangaceiros – tem pouco a comemorar nesta quarta-feira, Dia Nacional da Caatinga. A fauna e a flora correm risco extinção. Único bioma exclusivamente brasileiro, a Caatinga possui atualmente apenas metade de sua cobertura vegetal original. Na área remanescente, menos de 1% está sob proteção de unidades de conservação. O MMA lembra que poucos conhecem as riquezas ambientais da região que abriga 13 milhões de pessoas, está presente em 10 estados brasileiros e contém grande variedade de espécies e ambientes naturais.


Estudo publicado pela organização não-governamental Conservation International (CI) identificou a Caatinga como uma das 37 grandes regiões naturais da Terra que precisam urgentemente serem salvas da devastação, pois regula padrões meteorológicos do planeta e abriga plantas e animais ainda desconhecidos. Apesar disso, o bioma está longe de receber a mesma atenção dispensada por entidades que lutam pela preservação do meio ambiente à Amazônia, por exemplo.


Nesta quarta-feira, foram poucas as manifestações de apoio à preservação do que restou da área original da Caatinga, de aproximadamente 1 milhão de km2. Para marcar a data, o Ministério do Meio Ambiente promoveu, em parceria com a ONG TNC, a mostra "Expedição Caatinga", no Congresso Nacional, em Brasília. Com fotos e vídeos produzidos pelo cineasta e biólogo Toni Martin, a exposição visou chamar a atenção dos políticos brasileiros para a importância da área e para a necessidade da criação de novas unidades de conservação (UC) no bioma.


A mostra, com entrada gratuita ao público, ficou aberta das das 8h às 12h, durante o café da manhã da Frente Parlamentar Ambientalista. A intenção foi pressionar os congressistas para a criação da unidade de conservação do Parque Nacional Boqueirão da Onça, que deve abranger os municípios de Campo Formoso, Sento Sé, Juazeiro e Umburanas, na Bahia. Por enquanto, o projeto está em fase de análise estadual e federal. A implantação do parque protegeria 862 mil hectares do semi-árido baiano e, ainda, auxiliaria no desenvolvimento sustentável da região.

Acervo Natural


Estima-se que existem na regiáo mais de 900 espécies de vegetais, sendo 30% delas endêmicas, ou seja, não ocorrem em qualquer outro lugar do mundo. A conservação desse bioma é muito importante para o equilíbrio do meio ambiente (proteção do solo, manutenção do clima, entre outros) e preservação da diversidade biológica. As conseqüências da degradação da Caatinga para o homem e para o meio ambiente incluem a desertificação, seca, fome e perda de espécies exclusivas da fauna e da flora brasileira. A caça em excesso, as queimadas e o desmatamento são algumas das práticas que provocam essa situação.


Segundo o MMA, em 2008, a vegetação remanescente da área era de apenas 53,62%. O monitoramento do desmatamento no bioma, realizado entre 2002 e 2008, revela que, neste período, o território devastado foi de 16.576 km2, o equivalente a 2% de toda a área. A taxa anual média de desmate na mesma época ficou em torno de 0,33% (2.763 km²).


O índice é considerado alto por especialistas e técnicos do MMA, pois a região figura como a mais vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas, com forte tendência à desertificação. De acordo com os dados do monitoramento, a principal causa da destruição da Caatinga é a extração da mata nativa para ser convertida em lenha e carvão vegetal. O combustível é destinado principalmente aos pólos gesseiro e cerâmico do Nordeste e ao setor siderúrgico de Minas Gerais e do Espírito Santo.


A economia do carvão vem apresentando crescente demanda, fator que leva a níveis de desmatamento só comparáveis aos da Amazônia em seus momentos de pico, quando os programas de redução começaram a ser implementados. Outros fatores apontados foram as áreas criadas para biocombustíveis e pecuária bovina. "Para reverter a situação é importantíssimo pensarmos em uma matriz energética diferente para a região, como energia eólica, gás natural e pequenas centrais hidrelétricas", explica o diretor do Departamento de Políticas de Combate ao Desmatamento do MMA (DPCD), Mauro Pires.


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Fonte: 

Ministério do Meio Ambiente e Conservation International

 

13/07/2010 05:41


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