FAO alerta: fome atinge 1 bilhão de pessoas e alta dos alimentos pode agravar quadro



Um bilhão de pessoas - ou seja, uma em cada seis - passa fome no mundo e o número poderá aumentar frente à elevação dos preços dos alimentos. O alerta foi feito pelo representante da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) no Brasil, Helder Mutéia. Ele participou, na manhã desta terça-feira (22), de debate sobre o tema na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), que é presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS).

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Para Helder Mutéia, será necessário um esforço mundial para superar o problema da fome, que afeta de forma mais significativa países da África, da Ásia e parte da população da América Latina.

- Essa situação é uma afronta à nossa condição de seres humanos. Não estamos falando da fome que sentimos antes do almoço ou do jantar. É uma fome que dói e que mata - frisou o representante da FAO.

Helder Mutéia afirmou ainda que a alta no preço dos alimentos está chegando ao Brasil, mesmo sendo o país um importante produtor agrícola. Conforme alertou, o quadro mundial deverá piorar em razão da crise de cereais na Europa e do atraso das chuvas nos Estados Unidos, o que prejudicará a produção de milho. Além disso, ele observou que a instabilidade no Oriente Médio afetará o preço do petróleo e, consequentemente, o preço dos alimentos.

Como forma de enfrentar o problema, a FAO recomenda medidas para aumentar a produção e a produtividade agrícola, a partir da ampliação do acesso à terra, à tecnologia, ao credito e aos mercados. Também defende a eliminação de subsídios que dificultam o comércio entre os países.

Helder Mutéia destacou ainda as políticas de inclusão adotadas no Brasil, cujos resultados, disse, colocam o país em condição de ajudar o mundo na busca de soluções para a erradicação da fome e da miséria.

No debate, o senador Vicentinho Alves (PR-TO) mencionou preocupação com a situação brasileira e, em especial, com o Tocantins. Conforme informou, cerca de 200 mil pessoas passam fome em seu estado. Ele anunciou que apresentará à CDH requerimento para realização de audiência pública para discutir o problema da fome em áreas quilombolas, indígenas e no sistema prisional.

- Queremos que todos os brasileiros tenham a dignidade humana no requisito básico, que é o direito à alimentação - assinalou.

Mobilização nacional

Também presente à audiência pública, Ulisses Riedel, presidente da organização não governamental (ONG) União Planetária, propôs uma mobilização nacional para acabar com a miséria no Brasil. Ele defendeu que o governo adote, à semelhança da Autoridade Olímpica criada para organizar as Olimpíadas, uma autoridade pública para promover a inclusão social.

- É preciso mobilização de toda a sociedade para erradicar a miséria. A presidente Dilma Rousseff, ao assumir o governo, ressaltou que essa não é uma tarefa de um governo, mas de toda a sociedade - disse, ao elogiar a decisão da presidente de construir um programa para a erradicação da pobreza extrema.

Ulisses Riedel falou sobre propostas contidas em seu livro As causas da miséria e sua superação, lançado no último dia 15. Ele considera que ações de assistência social são de grande valia, mas disse ser preciso buscar as causas da miséria. Nesse sentido, ele defende, entre outras medidas, a inserção produtiva da camada mais pobre da sociedade e o apoio do Estado para facilitar o acesso aos mercados para as novas iniciativas produtivas.



22/03/2011

Agência Senado


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