Fazenda da Universidade pode abrigar sítio arqueológico



Vestígios remetem às atividades humanas mais antigas do Estado

Em agosto de 2007, durante a execução do projeto “Revitalização do Uso da Área Histórica da Fazenda Lageado”, da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA), câmpus de Botucatu, foram encontrados três sítios arqueológicos que podem conter vestígios dos primeiros habitantes da região. Os sítios estendem-se até a fazenda Edgárdia, vizinha ao Lageado e à Universidade.

Os trabalhos de prospecção no local estão sendo realizados no âmbito de um plano mais amplo intitulado “Arqueologia no Câmpus”, sob a coordenação do servidor José Eduardo Candeias, em parceria com a empresa Zanettini Arqueologia. Segundo Paulo Zanettini, arqueólogo responsável pela prospecção, nas áreas, que ainda não possuem definição de extensão, foram coletadas peças e utensílios indígenas que remetem ao período inicial de povoamento do Estado. “Como os trabalhos estão em fase preliminares, não é possível determinar com exatidão a idade das peças, que podem ter entre três e dez mil anos.” O avanço das escavações já foram permitas pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), órgão vinculado ao Ministério da Cultura.

Ainda de acordo com o arqueólogo, após o anúncio da descoberta, moradores da região de Botucatu entraram em contato com a Universidade para comunicar outras possíveis ocorrências. “Não podemos descartar a possibilidade de que sejam achados arqueológicos”, afirma.

“Esse achado amplia as possibilidades de estudos envolvendo pesquisadores de diversas áreas”, observa Candeias. “Faremos um trabalho de capacitação com os alunos da área de ciências da terra do câmpus local”, afirma Zanettini. Para ele, é importante que profissionais que trabalham o solo da região sejam alertados da possibilidade de termos peças preciosas para o entendimento de nosso passado, desta forma, eles poderão exercer suas atividades com a perspectiva de outros achados.

Tombamento - A Fazenda Lageado é um dos principais pontos turístico do município por abrigar um preservado conjunto arquitetônico do século XIX, como a hospedaria e uma vila de casas de colonos imigrantes. A Casa Grande, sede da fazenda dos antigos proprietários, abriga o Museu do Café, dirigido pelo servidor da FCA José Eduardo Candeias.

No Museu estão protegidos objetos da época como moinho, serraria, fotografias, documentos, móveis e até fragmentos de revestimentos dos edifícios. Suspeita-se que um dos prédios do conjunto pode ter sido uma senzala, mas, de acordo com Candeias, é necessário ainda um estudo específico para a confirmação. Para a preservação e manutenção do patrimônio, a FCA lançou o selo ‘Empresa Amiga da Fazenda Lageado’.

O diretor do Museu observa que os investimentos poderiam ser maiores se o local fosse tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado. “Isso permitiria que grandes empresas participassem dos inúmeros projetos culturais e científicos possíveis aqui, já que o dinheiro gasto seria abatido dos impostos”, explica.

De acordo com Candeias, está prevista para o início de 2008 a vista dos técnicos do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), responsáveis pelas avaliações que definem a obtenção do tombamento.

A valorização do acervo histórico e arqueológico do local tem origem em um estudo intitulado: “Parque Urbano – Fazenda Lageado”, do arquiteto Guilherme Michelin. O texto, que aponta as necessidades para a valorização do ambiente, foi base para o projeto de revitalização do câmpus.

Coincidentemente, o trabalho possibilitou a descobertas dos sítios. “Além de suas atividades voltadas para a ciência, a Fazenda tem grande potencial histórico e cultural, além de estar inserida no cotidiano dos botucatuenses, que costumam freqüentar o local nos finais de semana”, relata Candeias.

Da Unesp



12/04/2007


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