Febem: Fundação contará com unidade especial para jovens com distúrbios psicológicos



Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que cerca de 25% da população sofre de algum tipo de transtorno mental

Está em fase de licitação a obra da primeira Unidade Experimental de Saúde da Febem-SP. Trata-se de uma iniciativa pioneira no País que visa melhorar o atendimento prestado aos jovens sob tutela do Estado que apresentam distúrbios psícológicos.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que cerca de 25% da população mundial sofre de algum tipo de transtorno mental. Entre as crianças, adolescentes e jovens as taxas variam de 13% a 22,5%.

De acordo com a diretora de Área de Saúde da Febem, Maria Eli Bruno, esses índices são ainda maiores no Brasil. "Estima-se que de cada quatro jovens brasileiros, pelo menos um apresente algum grau de comprometimento da ordem das neuroses, psicoses e outras doenças de diferentes especies", explica.

 A unidade especial - que será instalada em um terreno próximo ao Complexo Vila Maria - terá capacidade para atender 40 adolescentes, distribuídos em cinco casas, com oito jovens em cada uma. A previsão para o término da obra é de cem dias após o início dos serviços de construção e o custo estimado é da ordem de R$ 2,5 milhões.

 Todo o gerenciamento da casa será feito em parceria com a Universidade Federal de São Paulo e com a Associação Beneficente Santa Fé, uma ONG com tradição e reconhecimento no desenvolvimento de ações voltadas ao bem-estar social. A equipe de funcionários da unidade será chefiada pelo professor doutor de psiquiatria da Escola Paulista de Medicina, Raul Gorayebe, um dos idealizadores do projeto.

 "Possuiremos toda a infra-estrutura necessária ao desenvolvimento de um sistema o mais próximo possível da vida familiar comum em nossa cultura. Teremos área para a prática de esportes, dependências para salas de aula, oficinas para o desenvolvimento de atividades artesanais e artísticas, sala e material adequado para informática e, como ponto nobre desta estrutura, uma biblioteca que será estrategicamente usada no trabalho cotidiano com os moradores", explica Gorayebe.

 Ainda segundo o professor doutor em psiquiatria, a equipe técnica de funcionários da unidade trabalhará em um esquema conhecido como Ambientoterapia - tratamento onde se utiliza atividades rotineiras do dia-dia com o objetivo de se efetuar intervenções psicológicas que venham a ter efeitos terapêuticos e socializantes.

 "Penso que a única saída para a questão da marginalidade social dos jovens em nossa sociedade é assumirmos nossas responsabilidades diante do problema, uma vez que é preciso reconhecer, hoje mais do que nunca, que os homens são fruto da sociedade onde vivem, e não estamos mais nos tempos da Santa Inquisição, onde se atribuía ao demônio (hoje à genética) a culpa dos desvios sociais", comenta. "Isto se fará se pudermos mostrar competência e eficácia no cuidado com aqueles que a própria sociedade, de algum modo, transformou em um problema", conclui o especialista.

Asses

03/03/2006


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