Feira da reforma agrária comercializa oito toneladas de alimentos



Quem passou pelo centro de João Pessoa na tarde da última terça-feira (5) se surpreendeu com a variedade e a qualidade dos produtos oferecidos na Feira Agroecológica da Reforma Agrária. A primeira edição da feira, que será realizada toda primeira terça-feira do mês na praça de eventos Ponto de Cem Réis, das 15h às 19h, foi encerrada uma hora mais cedo porque às 18h as quase oito toneladas de alimentos já haviam sido comercializadas. A próxima edição da feira deve acontecer em 3 de dezembro.

A feira é promovida pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), com apoio da Superintendência do Incra na Paraíba (Incra-PB), da Prefeitura Municipal de João Pessoa e do mandato do deputado estadual Frei Anastácio (PT). Os produtos são comercializados por 30 famílias de oito assentamentos da reforma agrária e de dois acampamentos situados no Agreste, no Vale do Mamanguape e no Litoral Sul da Paraíba.

"Essa feira foi a melhor coisa que inventaram, pois eu gosto de comprar produtos de boa qualidade e sei que aqui vou encontrar", disse a dona de casa Maria de Lourdes da Silva.

Muitos consumidores sugeriram que a feira seja realizada mais de uma vez por mês. "O melhor de tudo é a certeza que os produtos dessa feira não têm veneno, por isso ela deveria ser semanal", afirmou a servidora pública Antônia Ribeiro.

Os agricultores ficaram animados com o sucesso da feira, como Joselito Severino dos Santos, do acampamento Ponta de Gramame, em João Pessoa: "A gente vende um produto natural para os clientes, vendemos saúde para o consumidor, e isso resulta numa demanda grande de produtos". Ele e a cunhada Josefa Maria da Silva dividiam uma barraca repleta de feijão, macaxeira, inhame, maracujá e maxixe.

Além de hortaliças, frutas típicas e raízes, assentados e acampados comercializaram ovos, guaiamum (uma espécie de caranguejo), além de mel, bolos, doces e tapioca feita na hora. Também estavam à venda peças de artesanato, como as cestas de cipó produzidas por Edlene Gonçalves de Lima, do assentamento Novo Salvador, em Jacaraú. Ela reutiliza ainda sacolas plásticas de cores variadas para produzir tapetes.

Para Rogério Leandro de Oliveira, da Coordenação Estadual da CPT, a feira foi aprovada pela população de João Pessoa. "Houve uma ótima recepção da população. Muita gente pediu para que a feira continue e elogiou o horário em que ela é realizada, que favorece quem está saindo do trabalho e voltando para casa", afirmou.

A feira será abastecida pelos assentamentos Novo Salvador (Jacaraú), Jardim (Curral de Cima), Boa Esperança (Jacaraú), Dona Helena (Cruz do Espírito Santo), Vida Nova (Sapé), Capim de Cheiro (Caaporã), Dona Antônia (Conde) e Apasa (Pitimbu); além dos acampamentos Marinas do Abiaí (Pitimbu) e Ponta de Gramame (João Pessoa).

A produção dos agricultores assentados é acompanhada por entidades prestadoras de Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária (Ates) contratadas pelo Incra-PB.

Ampliação da feira
Segundo Rogério Oliveira, a próxima edição da feira, em 3 de dezembro, deve contar com pelo menos mais 10 famílias de agricultores assentados no Agreste paraibano e com uma maior variedade de produtos.

Outra novidade será o tabelamento dos preços praticados pelos comerciantes. De acordo com o representante da CPT, haverá um único preço para o mesmo produto em todas as barracas. As tabelas serão afixadas na frente das barracas, juntamente com o nome do assentamento ou acampamento e o município de origem.

Estas e outras propostas, como o convite feito por uma associação de moradores para a instalação, no próximo ano, de uma feira agroecológica nos mesmos moldes no bairro do Geisel, na Zona Sul de João Pessoa, serão discutidas em uma reunião na manhã da próxima terça-feira (12) no Mosteiro de São Bento, na capital.

Certificação agroecológica
Embora, de acordo com Coordenação Estadual da CPT, todos os produtos comercializados na Feira Agroecológica da Reforma Agrária sejam produzidos sem o uso de agrotóxicos, apenas 10 das 30 famílias possuem a certificação em produção orgânica concedida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Espera-se que até junho de 2014 pelo menos 90% das barracas já tenham recebido o certificado.

Rogério Oliveira afirmou que o processo de certificação dos demais agricultores que comercializam na feira será iniciado ainda neste mês de novembro com ações que serão desenvolvidas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), como o acompanhamento das etapas de produção, a análise química dos alimentos produzidos e a confecção de um relatório que será entregue ao Mapa, que dará prosseguimento à concessão do certificado.

"Com o certificado, que também será afixado na frente das barracas, a população vai ter a garantia de que está levando para casa produtos mais saudáveis, livres de substâncias nocivas à saúde", afirmou Oliveira.

Fonte:
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária



07/11/2013 16:09


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