FHC sanciona impressão do voto eletrônico
FHC sanciona impressão do voto eletrônico
O presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou ontem o projeto de lei que obriga a impressão do voto eletrônico. Mas, nas eleições deste ano, o sistema será experimental, utilizando cerca de 51 mil urnas.
A lei que torna obrigatório o registro do voto impresso nas urnas eletrônicas foi aprovada em outubro de 2001 pela Câmara e antes havia passado pelo Senado. Segundo o projeto, a urna eletrônica terá um mecanismo capaz de permitir a impressão do voto, sua conferência visual e o depósito automático, sem contato manual.
Caso o eleitor, na hora de conferir seu voto, não concorde com os dados nele registrados, poderá cancelá-lo e repetir a votação eletrônica.
FHC fixa maio para assumir Serra ou apoiar outro nome
Presidente diz que viabilização do ministro agora depende dele
O presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu que em maio entrará publicamente na própria sucessão para identificar mais fortemente o tucano José Serra como o candidato do governo ou, caso o ministro da Saúde não decole, tentar zerar o jogo.
"Zerar o jogo", expressão do próprio presidente em conversas reservadas, significa se render à candidatura da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL-MA), o que não gostaria, ou tentar articular um outro nome tucano. O "plano B" seria o presidente da Câmara, Aécio Neves (MG). Aécio nega cobiçar o Planalto.
O "plano A" de FHC continua sendo Serra, mas o presidente ainda tem dúvida sobre a viabilidade eleitoral do ministro e não fechou a porta para uma mudança de rota. FHC crê que Serra tem três meses para mostrar serviço.
O presidente chegou a pensar que poderia ter duas candidaturas do campo governista, Serra e Roseana, mas atualmente tem dito que isso significará deixar todos insatisfeitos e contra ele. A tendência é apostar em um nome. De preferência, do PSDB.
Segundo o presidente, que ajudou o ministro da Saúde a vencer os adversários tucanos, o êxito da candidatura agora dependerá mais de Serra. Há acordos e gestos que só ele pode fazer.
FHC continua a dizer que julga Serra o mais preparado, mas teme vê-lo morrer na praia por falta de habilidade política.
Exemplo: o presidente teve de entrar em campo nesta semana para apagar uma crise que julga ter sido estimulada pelo "entorno" do ministro. Pediu ao presidente do PSDB, José Aníbal, e aos ministros Arthur Virgílio (Secretaria Geral) e Pimenta da Veiga (Comunicações) que esquecessem as resistências e tentassem demonstrar que há apoio a Serra.
Em conversas com Aécio e Aníbal, FHC apelou para que ambos ajudassem Serra a reforçar o seu grupo de colaboradores. A avaliação presidencial é que o prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo Lucas, e o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães (BA), próximos a Serra, estão errados ao estimular ataques a Roseana.
"Vamos fazer um debate no campo das idéias. Mostrar para o país que temos as melhores propostas", diz Virgílio. Já Aécio é mais direto: "Não contem comigo no ataque pessoal à candidatura do campo aliado [Roseana"".
Depois de jantar com FHC anteontem à noite, para tentar amenizar a crise tucana, Aécio disse: "Todos nós podemos ajudar, mas quem constrói a unidade é o candidato. Confio no Serra e sei que ele saberá construir a unidade".
Leia-se: em vez de cobrar união do PSDB em torno de si, Serra deverá fazer gestos para atrair aliados no partido e fora dele. Se obtiver sucesso, ao final de três meses afastará a possibilidade de ser abandonado pelo PSDB e terá FHC abertamente ao seu lado.
Partidos como o PMDB, o PTB e o PPB vão definir seu rumo na sucessão levando em conta a posição do presidente. Ter FHC a favor, neutro, contra ou ambíguo em relação a uma candidatura fará grande diferença.
Se Serra chegar à virada de abril para maio demonstrando condições concretas de superar Roseana, com um melhor desempenho nas pesquisas, FHC pretender dar-lhe mais um empurrão político, mas sem hostilizar o PFL.
FHC já disse que não ficará procurando cargo de terceiro escalão de pefelistas para assinar exonerações no "Diário Oficial". Não é o seu estilo, e ele avalia que isso o apequenaria como presidente.
Aliados apelam por "civilidade"
Após duas semanas de manobras e mal-estar dentro da base aliada, os presidentes dos três principais partidos de sustentação do governo fizeram ontem um apelo por "civilidade" e "não-beligerância" entre suas legendas.
Reunidos em São Paulo, Jorge Bornhausen (PFL), José Aníbal (PSDB) e Michel Temer (PMDB) admitiram o receio de que a animosidade entre seus partidos acabe com a possibilidade de aliança para a sucessão presidencial.
"O importante é preservar esse ambiente de diálogo, de entendimento, não-beligerância. Não temos de disputar entre nós", disse Aníbal. Apesar do apelo do tucano por uma trégua, foi o PSDB quem mais contribuiu nos últimos dias para o clima de beligerância na base.
Primeiro, com a tentativa de tirar do PFL o marqueteiro Nizan Guanaes. E, nesta semana, o dedo tucano -mais especificamente, do Planalto- foi visto por peemedebistas e pefelistas no lançamento do ministro Raul Jungmann à Presidência.
Além disso, o provável coordenador da campanha de José Serra, Luiz Paulo Vellozo Lucas, declarou que a polarização na eleição não se dará entre governo e oposição, mas entre PSDB e PFL.
Ontem, Aníbal admitiu que o pacto de não-agressão firmado entre os três partidos em dezembro não funciona bem. "Muitas vezes, aqui ou ali, você tem falta de sintonia, por ação de um agente político qualquer de um dos partidos", declarou.
A salvação desse "pacto" foi justamente o objeto principal da reunião, segundo Temer. "Viemos reforçar que vamos em cada um dos partidos impedir a eventual agressividade entre candidatos. Acho fundamental não só para uma eventual aliança, mas em nome da civilidade", declarou.
Para Bornhausen, os partidos buscam "uma convivência para atingir a convergência".
Os líderes partidários também fizeram juras de fidelidade à reedição da coligação que elegeu Fernando Henrique Cardoso. Mas nenhum deles se dispôs a abrir mão da cabeça de chapa.
"Nós achamos que o PSDB tem uma condição de preferência, pelo fato de encarnar o atual projeto. Mas isso não quer dizer que vamos desdenhar das outras candidaturas", declarou Aníbal.
Ele rechaçou a idéia de Bornhausen de usar o desempenho nas pesquisas para definir em maio quem seria o líder da eventual coligação. "A pesquisa será fator importante, mas não decisivo", afirmou.
Mesmo sabendo da resistência do tucano, Bornhausen insistiu no método. "O candidato deve ser aquele com melhores condições de vitória", disse.
Ermírio defende chapa com Serra e Itamar
Empresário diz para colegas em Brasília que dobradinha "café-com-leite" poderia ser reeditada com sucesso
Empenhado em viabilizar a candidatura presidencial do ministro José Serra, um grupo de grandes empresários começou a defender com mais ênfase nesta semana uma chapa do tucano tendo o governador e presidenciável Itamar Franco (PMDB) como vice.
A idéia, ainda que pareça improvável, já circulava nos meios empresariais e políticos nas últimas semanas e foi tema de discussão numa roda em Brasília, na qual estavam presentes os empresários Antônio Ermírio de Moraes (Votorantim), Jorge Gerdau Johannpeter (Gerdau) e João Camilo Penna.
"Minas não pode ser esquecido por se tratar de um grande colégio eleitoral", disse à Folha Antônio Ermírio de Moraes, ao confirmar ontem a conversa entre os três em Brasília. "No passado, a política café-com-leite deu muito certo", disse Ermírio, referindo-se à política de alternância de poder entre São Paulo e Minas na República Velha (1889-1930). "Por que não poderia dar certo agora?", completou o empresário.
Os três empresários travaram a conversa, informal, na ante-sala do Palácio do Planalto, pouco antes da reunião da GCE (Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica), anteontem, quando foi anunciado o plano de reestruturação do setor elétrico.
A eventual chapa esbarra em obstáculos evidentes. O primeiro deles: Itamar já foi presidente. Além disso, firmou sua imagem como um dos maiores opositores do governo e um dos grandes desafetos pessoais de Fernando Henrique Cardoso.
A Folha apurou, no entanto, que a idéia vocalizada por Ermírio já vem sendo assunto de conversas em outras rodas empresariais e de políticos graúdos.
O presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), teria um papel central nessa costura política. Aécio e Itamar firmaram um pacto de não competir um contra o outro na sucessão ao governo mineiro. Isso significa que Aécio só sairia candidato ao governo se Itamar decidir disputar a Presidência, hipótese cada vez mais remota, ou concorrer ao Senado. A vice de Serra ampliaria o leque de possibilidades de acordo.
Para os empresários, o maior problema para a formação da chapa "café-com-leite", como já foi batizada, seria convencer FHC a apoiá-la. "Mas a chapa seria imbatível", disse um empresário.
Ao defenderem o "café-com-leite", os empresários partem do pressuposto óbvio de que será muito difícil chegar a um acordo com o PFL. A candidata do partido, a governadora Roseana Sarney, que está em segundo lugar nas pesquisas, atrás apenas de Lula, do PT, ainda encontra resistência no grande empresariado, que no momento se inclina por Serra.
Para esse grupo, o fato de o Maranhão ser o Estado mais pobre do país é um fator muito negativo, que pode ser determinante para o fracasso de Roseana quando a campanha chegar à TV.
A alternativa mesmo seria o PMDB, que se divide hoje entre a candidatura própria ou o apoio a Serra ou a Roseana. De todos os peemedebistas, Itamar, por estar em Minas e agregar votos, é o quadro considerado mais forte.
Outro nome do PMDB que também poderia ter chance nessa chapa, na opinião desse grupo de empresários, seria o do governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, com quem Serra tem afinidades antigas. Jarbas, porém, não tem o peso político e eleitoral de Itamar. Procurado pela Folha, Serra não quis se pronunciar. O governador mineiro não foi encontrado ontem pela reportagem.
Roseana não se sente atingida, diz nota oficial
O governo do Maranhão divulgou nota oficial defendendo a gestão da presidenciável Roseana Sarney das acusações feitas pela seccional da CNBB. A governadora, que ontem passou o dia reunida com seu secretariado, não quis dar declarações.
O comunicado diz que Roseana "não se sente atingida pela nota (...), porque, nos últimos sete anos, todos os indicadores sociais no Estado melhoraram, muitos deles em proporção acima da média brasileira".
Jungmann "candidato" fala na TV
Dois dias após anunciar sua pré-candidatura à Presidência pelo PMDB, o ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário) usaria ontem à noite cadeia nacional de televisão para fazer um balanço das atividades do ministério nos últimos sete anos.
Além do programa, Jungmann aparecerá mais duas vezes em rede de TV e rádio antes de deixar o governo, em 17 de fevereiro. Uma delas será regional, para falar sobre seca ao Nordeste. A outra será nacional, sobre reforma agrária.
O ministro disse que o pronunciamento de ontem, divulgado nas emissoras de rádio pela manhã e previsto para as 20h na TV, havia sido previsto semanas antes e não teve objetivos eleitorais.
Mas, ao menos no rádio, Jungmann falou como candidato: ""Acabamos com a corrupção, com os funcionários fantasmas e com o nepotismo. (...) E um sonho de paz no campo é um sonho de paz para todos nós, nas cidades ou em qualquer lugar. E nós estamos construindo isso".
Jungmann pretende deixar o ministério em 17 de fevereiro, mas sua pré-candidatura não está sendo levada a sério pela cúpula do PMDB, ao qual está filiado há cerca de apenas três meses.
A avaliação de dirigentes do partido é que o ministro tenta, por meio do factóide, melhorar sua situação eleitoral em Pernambuco para disputar uma vaga de deputado federal pelo Estado. Jungmann não tem liderança no PMDB e suas ligações são com o PSB de Pernambuco.
A decisão de Jungmann foi criticada publicamente pelos dirigentes do PMDB, que não foram consultados previamente e receberam a informação por telefone.
""Ninguém tem nada contra ele [Jungmann". Mas, politicamente, a forma [de lançamento" foi atabalhoada. O PMDB não vê nele um candidato que possa estimular as bases do partido", afirmou o líder do PMDB na Câmara, deputado Geddel Vieira Lima (BA).
Itamar
Um dia depois de dizer que não faria mais campanha pela prévia do PMDB, que escolherá em março o candidato do partido à Presidência, o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, divulgou ontem uma carta aos correligionários pedindo apoio para que seja ele o indicado da sigla.
A mudança de posição ocorreu, segundo a assessoria do Palácio da Liberdade, em razão dos "muitos apelos" que ele teria recebido para não desistir da prévia, na qual estão inscritos o senador Pedro Simon (RS) e Jungmann.
"Espero contar com o seu apoio nas prévias de março para lutar por um Brasil mais próspero, digno e independente", pede Itamar.
Artigos
O mundo real, esse ingrato
Fernando Canzian
SÃO PAULO - Beira o cômico a noveleta em que se transformou o lançamento da candidatura do tucano José Serra à Presidência. O mais novo capítulo traz uma profusão de datas diferentes para o anúncio -que vão de quarta-feira próxima a março-e, risos adicionais, a notícia da pretensão do ministro peemedebista Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário) de suceder ao chefe no Planalto.
No canal concorrente, parece consolidada a audiência da candidatura Roseana Sarney, hoje no patamar de 20% -contra os 7% de Serra, segundo o último Datafolha.
Elaborada a partir da abstração de formas ideais, a candidatura Serra parece não ter levado em conta algo simples como a realidade. Foi construída no horizonte, quando, chegada a hora, se descortinaria. Revelaria então um grande ministro, disposto a suceder ao maior interessado em retardar a sucessão ao máximo.
Problema: o dique erguido por FHC para não esvaziar seu epílogo na Presidência contava apenas com águas tucanas e lama de parte do PMDB. O terceiro elemento da química governista, o PFL, vazou pelo outro lado. Seguiu rumo mais realista e natural do que a obra de ficção tucana.
Engrossada pelo desejo de renovação e no rumo da direita, a corrente de Roseana agora segue seu curso com chances reais de desaguar no mar. Se ganhar força de corredeira, levará junto parte da barragem tucana, deixando os planos ideais do PSDB onde sempre estiveram: no ar.
O PFL se apresenta hoje como um partido de profissionais. Pragmático, deixa-se levar pela propensão e acostumou-se a se apoiar na potência das situações. Vem colhendo resultados.
Mas a enxurrada de Roseana deverá trazer junto personagens polêmicos. Tralhas do presente e do passado, muitas dignas de entupir bueiros, vão acabar deslizando para dentro dessa onda. É a lei da gravidade.
Muita água vai passar por debaixo da ponte. Afinal, Serra nem é candidato ainda, certo? Mas a topografia do terreno está delineada. Na expectativa de novo cenário ideal, muita gente bem-intencionada vai acabar morrendo na seca.
Colunistas
PAINEL
Esconder a crise
Os governadores tucanos não serão convidados para o ato d e lançamento da candidatura presidencial do ministro José Serra (Saúde), previsto para a próxima semana. Motivo: evitar que a ausência de Tasso Jereissati (CE) ganhe mais repercussão do que o próprio anúncio.
Redução de risco
O lançamento da candidatura José Serra deverá ser feito em um ato restrito na própria sede nacional do PSDB, em Brasília. Com a crise interna e o descontentamento de Tasso Jereissati, os tucanos não querem dar chance para um fracasso.
Então, tá
Luiz Paulo Vellozo Lucas, prefeito de Vitória e futuro coordenador da campanha de José Serra, ironiza a crise tucana: "Estamos mais unidos do que o PT e o PMDB, que vão fazer prévias com muitos candidatos. Estamos fechados com Serra".
Melhor prevenir
O PFL cancelou ontem o almoço de Roseana Sarney com deputados do partido, previsto para ocorrer na segunda-feira em São Luís. Na penúltima hora, a cúpula do partido percebeu que, em pleno recesso parlamentar, o encontro poderia ficar marcado pelas cadeiras vazias.
No fio do bigode
Publicitários petistas tentaram convencer Aloizio Mercadante (SP) a tirar o bigode para entrar com uma imagem "mais leve" na campanha eleitoral. O deputado, que concorrerá ao Senado, não aceitou. "O bigode é a minha marca registrada", disse.
Câmbio único
Economistas ironizaram o estudo de Bresser Pereira, feito a pedido da cúpula do PSDB, que apontou necessidade de deixar o dólar perto dos R$ 3 em 2003 para "retomar o desenvolvimento": "Agora sabemos que não faz diferença. Se a oposição ameaçar vencer, o dólar vai a R$ 3. Se o Serra vencer, também".
Começar de novo
Na tentativa de reaproximar-se de Brizola, Ciro Gomes convidou o pedetista para conhecer neste final de semana o seu programa de governo, coordenado por Mangabeira Unger. José Carlos Martinez (PTB) também participará da reunião.
Pés juntos
FHC telefonou para o deputado Michel Temer (SP), presidente do PMDB, a fim de tentar desfazer o mal-estar provocado pelo lançamento da pré-candidatura do ministro Raul Jungmann à Presidência. Jurou que não teve nada a ver com isso. Ninguém no PMDB acreditou.
Conto da carochinha
Roberto Freire, do PPS de Ciro, saiu ontem em defesa do ex-colega de partido Raul Jungmann, criticado até pelos governistas do PMDB por ter-se lançado à Presidência: "Não vejo ação do Planalto por trás disso. Ele queria estimular o debate".
Massacre de Rondônia
A Arquidiocese de Porto Velho e o Centro de Justiça Global denunciarão hoje à ONU que a chacina no presídio de RO, no último dia 2, ocorreu logo após a direção ter misturado os presos ameaçados de morte aos comuns. O número oficial de mortos (27) teria sido maquiado.
Traição potiguar
Estimulada por Anthony Garotinho, a prefeita de Natal, Wilma de Faria (PSB), quer disputar a sucessão de Garibaldi Alves (PMDB-RN). Rompendo, assim, a promessa de apoiar o primo de Alves, Henrique, e a aliança que a elegeu com o aval do governador.
Agenda de campanha
Francisco Campos é o novo secretário de Mobilização do PT. Ficará encarregado de preparar um documento para Lula no primeiro semestre com sugestões de eventos aos quais o presidenciável poderá participar.
TIROTEIO
Do deputado José Genoino (PT), candidato ao governo de SP, sobre o ex-secretário de Segurança Pública, Marco Petrelluzzi, tornar-se o "escudo" do governador Geraldo Alckmin na campanha eleitoral:
- Quem precisa de escudo é a população do Estado de São Paulo, que, nos últimos sete anos de poder dos tucanos, só viu sequestros, mortes não esclarecidas e assaltos.
CONTRAPONTO
Atentado amazônico
Nos anos 70, então vereador em Manaus (AM), o ex-senador Fábio Lucena (PMDB), que morreu em 1988, em Brasília, era visto pelos colegas como um dos mais inteligentes e informados da Câmara Municipal.
Quando debatiam na tribuna com Lucena, os vereadores procuravam usar uma linguagem mais rebuscada.
Durante uma sessão marcada por acalorada discussão, o vereador Samuel Oliveira, que naquele debate estava num campo oposto ao de Lucena, empolgou-se na tribuna e tentou impressionar:
- Vereador Lucena, vou lhe lançar um réptil.
Samuel quis dizer "repto", que significa desafio, provocação.
Fábio Lucena, escondendo o riso com as mãos, foi ao microfone e respondeu:
- Nobre vereador, se o senhor me lançar um réptil, eu lhe mando de volta um batráquio!
Editorial
DEPOIS DO CHOQUE
Na prática, o modelo proposto pelo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso para o setor elétrico finou-se no primeiro semestre de 2001, com a crise do "apagão". O que fez anteontem a equipe chefiada pelo atual presidente da Petrobras, Francisco Gros, foi apenas formalizar o funeral e apresentar aos cidadãos um esboço do que se instalará em seu lugar.
O Ministério de Minas e Energia descobriu que agências reguladoras e competição são "insuficientes para assegurar o suprimento energético e o atendimento das demandas sociais". Diretas ao ponto foram as palavras de Gros: "Não deu certo, por isso mudou". É lamentável que o país tenha precisado passar por trauma das proporções do que gerou o racionamento para o governo concluir que seu modelo é inviável.
Houvesse no passado o governo praticado 1% da autocrítica que ora demonstra, provavelmente o problema teria sido contornado ou suas consequências, minimizadas. Muito do que aconteceu foi antecipado por especialistas. Foram solenemente ignorados pelo governo alertas sobre a tendência à escalada de preços, a inadequação da concorrência total em setores em que há monopólio natural, a impossibilidade de importar modelos de outros países e o perigo de o governo retirar-se do planejamento. Fica do episódio uma lição importante sobre como não se deve agir no comando da política pública.
A transição para algo à primeira vista mais consistente começou. Pelo anunciado, vai recompor-se o planejamento estratégico; a formação dos preços e a geração da energia ficam majoritariamente a cargo do poder público; a energia térmica, mais cara, será usada apenas em caso de necessidade, e o seu combustível, subsidiado; distorções nos chamados subsídios cruzados serão corrigidas.
Se os marcos iniciais parecem razoáveis, é da forma como o modelo será preenchido nos próximos meses que pode nascer política de fato melhor que a anterior. Garantir os investimentos para a expansão segura do sistema é o maior desafio. Que nesse processo de "preenchimento" seja reconhecida a interlocução dos que, com razão, previram a inviabilidade do modelo que se apagou.
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01/11/2002
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