Fórum em Santa Maria caracterizou-se como encontro técnico



Ao contrário do encontro promovido em Uruguaiana, onde o público presente era formado principalmente por estudantes do ensino médio, representantes de movimentos sindicais e de trabalhadores rurais, a audiência do Fórum Democrático de Santa Maria obteve uma maior participação de alunos e de professores universitários, o que propiciou um debate mais técnico em torno da criação da universidade estadual. A grande discussão entre os prós e contras da iniciativa foi gerada pelo reitor da Universidade Regional da Campanha (Urcamp), Morvan Ferrugem, e pelo ex-reitor da Universidade de Santa Maria (UFSM), Ricardo Rossatto, na oportunidade representando o Governo. Apesar do Rio Grande do Sul possuir uma das melhores redes de universidades federais do País, atingindo cerca de 75% dos estudantes através de 35 estabelecimentos de ensino superior e um quadro de mais de três mil doutores, menos da metade de muitas universidades européias, o número de 196 mil alunos representa apenas 10% dos estudantes da Califórnia ou 12% dos universitários de Nova York, ponderou Rossatto. Isto, segundo ele, demonstra que mesmo com todos os progressos, o Estado está numa situação muito atrasada. Ao considerar a universidade como instrumento fundamental para o desenvolvimento, lembrou que nos últimos 50 anos, em todas suas etapas, sempre houve uma maior crescimento populacional do que de estabelecimentos de ensino superior. “Temos um quadro privilegiado, mas de carências”, afirmou ao apontar que no século XIX os Estados Unidos criou inúmeras universidades para alavancar seu progresso e propiciar um salto qualitativo em seu desenvolvimento. A universidade estadual deverá contemplar áreas insuficientemente desenvolvidas e complementar as já existentes e ser, ainda, profundamente enraizada em sua região, defendeu Rossatto registrando que têm mais sucesso aquelas que respondem aos anseios de suas comunidades. “Se pensarmos nas atuais estruturas de ensino do terceiro grau no Rio Grande do Sul, talvez a universidade estadual seja desnecessária, mas, se pensarmos que o acesso ao nível superior não deva mais ser privilegiado, então teremos que criar a universidade estadual”, assegurou. PANACÉIA Já o reitor da URCAMP defendeu a retirada do projeto assegurando que este seria um ato inteligente do Governo. Disse que a proposta não apresenta regimento, estatuto e nem regulamentação orçamentária e que precisa ser refeita e discutida para que possa ser absorvida pelo Rio Grande do Sul Assegurou que a questão fundamental é saber se a universidade estadual é a “panacéia” que está sendo proposta pelo Governo, pois não acredita na existência de universidade que contemple as classes mais carentes.” No momento em que se está construindo a universidade do pobre está vendendo-se uma idéia errônea”, garantiu. Ferrugem acredita que o Estado deva sim cumprir a Constituição e destinar 0,5% do orçamento ao ensino superior comunitário, pois as comparações apresentadas por Rossatto, segundo ele, não podem ser levadas em consideração, já que as realidades entre os países europeus e americanos são muito diferentes das nossas. Acredita que, no momento, o Governo deveria ter mais preocupações com o ensino médio e aproveitar os R$ 116 milhões previstos à UVERGS para custear 30 mil vagas gratuitas nos estabelecimentos de ensino do terceiro grau. Participaram do encontro o reitor da UFSM, Paulo Sarkis, o prefeito da cidade universitária, Valdeci de Oliveira, o presidente do COREDE da região Centro, Flávio Schneider, vereadores, empresários, professores e os deputados Onyx Lorenzoni (PFL), José Farret (PPB), Edson Portilho (PT), Iara Wortmann (PMDB), Elvino Bohn Gass (PT), João Luiz Vargas (PDT), Otomar Vivian (PPB), Maria do Rosário (PT),Marco Peixoto (PPB), Ronaldo Zulke (PT), Luís Augusto Lara (PTB), José Gomes (PT), Bernardo de Souza (PPS)e Jussara Cony (PCdoB).

04/20/2001


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