GLOBALIZAÇÃO AINDA NÃO BENEFICIOU AGRICULTOR BRASILEIRO, DIZ CAMPOS



O senador Júlio Campos (PFL-MT) manifestou sua preocupação em relação aos acordos comerciais bilaterais ou multilaterais na área de produtos agrícolas, firmados pelo governo brasileiro. Ele observou que outros países têm se beneficiado da globalização com a redução das alíquotas brasileiras de importação, o abrandamento das salvaguardas e a derrubada de barreiras alfandegárias, sem nada oferecer em contrapartida.

- Reivindicando igualdade nesses acordos, os agricultores brasileiros preocupam-se, basicamente, com a proposta de criação da Associação de Livre Comércio das Américas (Alca) e cobram maior ousadia dos ministérios da Indústria e do Comércio e das Relações Exteriores nas negociações com nossos parceiros comerciais - afirmou o senador.

Júlio Campos lembrou que a criação da Alca foi o tema principal de reunião da Confederação Nacional da Agricultura, realizada no ano passado em Brasília. No encontro, segundo informou, unificaram-se opiniões e tomou-se posição a ser levada ao III Encontro das Américas, que reunirá em Belo Horizonte chanceleres e ministros de 34 países do continente americano.

- Os agricultores brasileiros vêem nas negociações preliminares do Itamaraty, visando ao estabelecimento da Alca, uma oportunidade de corrigir distorções que têm prejudicado sua atividade. Argumentam os dirigentes da CNA que esse é o momento oportuno para exigir, especialmente dos Estados Unidos e do Canadá, uma contrapartida às facilidades oferecidas por nosso país. Temem os dirigentes da CNA que o Brasil, deixando tais negociações para a véspera da criação da Alca, venha a retardar em pelo menos oito anos a revisão da política de subsídios e tarifas por aqueles países - explicou o senador.

Júlio Campos defendeu a adoção de uma política mais agressiva nas negociações, uma vez que as tarifas de importação dos produtos agrícolas estão muito baixas. "Em outros termos, a agricultura nacional não teria muito a perder. E justifica-se, finalmente, porque, entendem os agricultores, e nisso parece haver um consenso nacional, que a igualdade de condições para produzir e exportar deve prevalecer entre todos os países-membros da futura entidade", disse o senador.



13/05/1998

Agência Senado


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