Helio Costa comemora repatriação de brasileiros presos nos Estados Unidos



Teve sucesso a missão especial parlamentar composta pelos senadores Hélio Costa (PMDB-MG), Marcelo Crivella (PL-RJ) e pelo deputado federal João Magno (PT-MG), que foram aos Estados Unidos para negociar a libertação e repatriação de quase mil brasileiros presos naquele país como imigrantes ilegais. O primeiro vôo que trará de volta os brasileiros está programado para decolar às 21 horas do dia 27 de janeiro, de Tucson, Arizona. A chegada, no Aeroporto de Confins, Belo Horizonte (MG), está prevista para as o dia 28, às 7h.

Segundo o senador Hélio Costa, 260 prisioneiros já estão sendo listados para compor o primeiro vôo. A prioridade é para aqueles que já foram ouvidos pelo juiz responsável pelo processo de deportação e os que já cumpriram todas as formalidades legais. Até meados de março, todos os cerca de mil brasileiros detidos nos Estados Unidos por imigração ilegal terão sido repatriados.

Na manhã do último dia 8, conforme relato de Hélio Costa à Agência Senado, 300 jovens brasileiros, a maioria mineiros, que estavam no Centro de Detenção de Florence, no estado do Arizona, explodiram em palmas e gritos de "Brasil" ao presenciarem a chegada dos parlamentares. Em Florence e Harlingen, no estado americano do Texas, os parlamentares visitaram mais dois centros de detenção onde estão outros 300 brasileiros. O senador Marcelo Crivella classificou a situação vivida pelos brasileiros de dramática.

Pouco antes de iniciar a visita, Hélio Costa fez contato com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e com o ministro da Justiça, Márcio Tomás Bastos, para acertar as condições do governo brasileiro para o retorno dos prisioneiros, que foram prontamente aceitas pelo governo americano. Pelo acordo, os vôos com os brasileiros, que vão direto ao aeroporto de Cofins, em Belo Horizonte (MG), não serão regulares. As aeronaves serão fretadas de empresas aéreas comerciais. Os brasileiros não poderão ser submetidos a constrangimentos.

O senador Hélio Costa falou também com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, sobre as condições estabelecidas por Brasília e aceitas pelo governo americano. Aécio também concordou com o repatriamento dizendo que os mineiros serão recebidos de braços abertos.

Desinformação

Hélio Costa conversou durante várias horas com os brasileiros que estão presos nos Estados Unidos. Apurou que eles estão em boas condições físicas, porém são mal informados sobre a sua situação legal. Isto permite a ação de advogados de fronteira, inescrupulosos, que se aproveitam da dificuldade dos brasileiros de entender a língua e da falta de apoio das autoridades consulares para extorquir os seus últimos centavos.

Quase todos os presos, que pagaram US$ 10 mil para os "coyotes" os atravessarem pela fronteira do México com os Estados Unidos, têm a falsa impressão de que, agora pagando uma fiança de US$ 20 mil, negociada por um advogado esperto, poderão ficar no país. Na verdade, apenas alguns têm recebido autorização judicial para, ao efetuar um depósito de US$ 2 mil, 10% do valor da fiança, possam aguardar o resultado do seu caso em liberdade. Eles não sabem que a chance de permanecerem nos Estados Unidos é nula.

A missão parlamentar ficou tão surpresa com a desinformação dos prisioneiros que pediu ao representante do Departamento de Segurança Interna, John O"Malley, integrante da delegação, para fazer um amplo esclarecimento sobre os direitos dos presos. O senador Hélio Costa foi fazendo a tradução simultânea.

Números

Até 11 de setembro de 2001, quando ocorreram os atentados terroristas em Nova York e Washington, a polícia de fronteira na região de Harlingen, prendia cerca de 200 imigrantes ilegais por dia, na maioria mexicanos. Agora, com a intensificação da vigilância, o número caiu para 12 ou 15 no máximo. De quatro a cinco brasileiros são presos nesta região todos os meses. Em toda a extensão da fronteira, cinco mil quilômetros, são presos cerca de 30 brasileiros por semana.

Ainda segundo Hélio Costa, John O"Malley disse que o governo americano tem catalogados dez mil brasileiros com ordem de deixar o país e que estão foragidos. Com a sistematização dos dados sobre imigrantes, pelo novo Departamento de Segurança Interna, um simples acidente de carro que exija a presença da polícia pode identificar o fugitivo que será preso na hora. Atualmente vinte mil imigrantes ilegais, de vários países, são presos, por dia, nos Estados Unidos, em diversas situações.

Cada preso custa aos cofres públicos americanos 80 dólares por dia de carceragem e atendimento médico. Eles estão espalhados por oito cidades, Houston, El Paso, Port Isabel, Harlingen, Florence, San Diego, San Pedro, El Centro e Miami em quatro estados americanos. Assim, só os mil brasileiros detidos representam uma despesa mensal de US$ 240 mil, cerca de US$ 3 milhões por ano para o governo americano.

Apoio espiritual

Hélio Costa e Marcelo Crivella e o deputado João Magno estão fazendo contatos com entidades religiosas e assistenciais em busca de ajuda aos brasileiros que estão retornando. Quase todos perderam tudo na difícil travessia do México para os Estados Unidos e não dispõem de um único centavo para chegar às suas cidades no interior de Minas Gerais.

Com a participação de igrejas evangélicas, indicadas pelo senador Marcelo Crivela e entidades espíritas e católicas sugeridas, respectivamente, pelo deputado João Magno e pelo senador Hélio Costa, será organizado um trabalho social de recepção dos brasileiros que estão presos nos Estados Unidos, para fornecer-lhes apoio espiritual. Ao falar para os detidos, em Florence, o senador mineiro disse que eles podiam estar certos de que "se os Estados Unidos não o receberam, o Brasil quer cada um deles de volta, o mais depressa possível".



13/01/2004

Agência Senado


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