Hidrelétrica de Belo Monte gera, antes de tudo, polêmica



A hidrelétrica de Belo Monte tem gerado muita polêmica em nível nacional e internacional, tanto entre os moradores da região - incluindo povos indígenas - como entre Organizações Não Governamentais (Ongs), ambientalistas, representantes de movimentos sociais, autoridades e celebridades.

Uma batalha judicial suspendeu por duas vezes a realização do leilão que decidiu pelo Consórcio Norte Energia como o responsável pela construção da usina. O leilão só pôde ser realizado no dia 20 de abril, e também gerou muita discussão, já que algumas das empresas concorrentes desistiram em cima da hora. Por fim, a obra deve contar com pesada injeção de recursos públicos via BNDES.

Até o diretor do filme Avatar, James Cameron, que visitou o Brasil em abril, criticou a construção da usina, participou de protestos e prometeu mobilizar apoio político no exterior contra sua construção. Seu argumento: a usina vai desalojar a população ribeirinha e pode acelerar o aquecimento global.

De forma geral, os críticos de Belo Monte alegam que o impacto ambiental e social da instalação de Belo Monte foi subestimado pelo governo, apontando ainda ineficiência da futura hidrelétrica. Em outras palavras, os custos financeiros e socioambientais seriam maiores do que os benefícios que poderiam ser gerados pela usina.

Entre os pré-candidatos à presidência da República, a senadora licenciada Marina Silva (PV) é a maior crítica do projeto. Mas o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) também já manifestou desagrado com a construção da usina. A ex-ministra das Minas e Energia e da Casa Civil, Dilma Rousseff, que é pré-candidata do PT, reafirma apoio ao projeto. O governo alega que Belo Monte deve gerar cerca de 18 mil empregos diretos e 23 mil indiretos, além de proporcionar a expansão da oferta de energia em todo o país. Segundo a Aneel, Belo Monte vai integrar o Sistema Interligado Nacional (SIN), e aproveitará a cheia do rio Xingu para gerar muita energia, acumulando água nos reservatórios das usinas de outras regiões.

O reservatório de Belo Monte terá 516 Km² em áreas de cinco municípios do Pará: Altamira, Brasil Novo, Vitória do Xingu, Anapu e Senador José Porfírio. A usina aproveitará a queda d'água de 90 metros entre Altamira e o contorno do rio Xingu.

O complexo hidrelétrico é formado por três sítios interligados: Pimentel, Bela Vista e Belo Monte. O sítio Belo Monte abrigará a casa de força principal, com capacidade de gerar 11 mil MW de energia. Para a construção da usina, uma grande área será alagada, especificamente em terras dos municípios de Vitória do Xingu (248 Km²), Brasil Novo (0,5 Km²) e Altamira (267 Km²). Por esse motivo, seis mil famílias deverão deixar o local, segundo o governo, que promete nova instalação para esses moradores.

A usina de Belo Monte vai operar com o chamado "fio d'água", ou seja, sem reservatório de acumulação. Essa tecnologia, segundo a Aneel, utilizará dois tipos de turbinas, uma própria para desníveis entre 40 e 400 metros, e a outra de eixo horizontal, acoplada a um gerador e imersa no fluxo hidráulico.

Os estudos sobre o aproveitamento hidrelétrico da Bacia do rio Xingu foram iniciados ainda na década de 70 pelas Eletronorte (Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A.). Em 1999, A Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras S.A) pediu autorização à Aneel para realizar novos estudos sobre a viabilidade da usina Belo Monte em parceria com a Eletronorte, sua subsidiária. Tais estudos foram concluídos somente em 2009, devido a embargos judiciais, e incluíram avaliações sobre impactos ambientais, segundo a Aneel.



19/05/2010

Agência Senado


Artigos Relacionados


José Nery acusa governo de impor "vale tudo" para construir hidrelétrica de Belo Monte

Ademir cobra construção de hidrelétrica de Belo Monte

Mozarildo defende a construção da hidrelétrica de Belo Monte

Começam as obras no primeiro canteiro da Hidrelétrica de Belo Monte

Subcomissão da Hidrelétrica de Belo Monte vota plano de trabalho

AGU assegura continuidade das obras de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte