Homenagem a Brizola é importante para vida pública do Brasil, diz Simon



A pedido do presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), senador Ramez Tebet (PMDB-MS), o senador Pedro Simon (PMDB-RS) homenageou, em nome dos senadores da comissão, o ex-governador e deputado federal, Leonel Brizola, falecido na noite da segunda-feira (21). Para Simon, Brizola prestou inestimáveis serviços ao país.

- Acho que hoje é um dia importante para o Brasil, porque à margem das divergências estamos homenageando um grande homem público, que manteve a coerência da dignidade e o amor a sua pátria - afirmou Simon, que, falando pelos gaúchos, agradeceu a homenagem da CAE, seguido de aplausos.

O senador fez um resumo da biografia de Brizola, por considerar que não é possível compreendê-lo sem saber que, depois de perder o pai nas disputas políticas do Rio Grande do Sul, foi trabalhar como engraxate e ascensorista em Porto Alegre e, mais tarde, estudar na escola agrícola de Viamão (RS). Fundador do PTB no Rio Grande do Sul, Brizola, disse Simon, elegeu-se deputado da Assembléia Constituinte gaúcha, onde conheceu o ex-presidente João Goulart (Jango) e sua futura esposa, dona Neusa Brizola, irmã de Jango.

- De deputado, foi prefeito; de prefeito, governador. Como governador, se destacou. Era impressionante como um governador estadual naquela época podia fazer o que ele fez. Construiu 5,5 mil escolas, seguindo a sua paixão, a educação. Enfrentou a telefonia estrangeira, encampou a companhia de energia elétrica e transformou-se em ícone internacional por sua posição nacionalista - narrou Simon.

A liderança de Brizola na Campanha da Legalidade, que garantiu a posse de Jango em 1961, após a renúncia do presidente Jânio Quadros, foi destacada por Simon. Na ocasião, lembrou o senador, o então governador do Rio Grande do Sul levou a Rádio Guaíba para dentro do Palácio de Piratininga (sede do governo gaúcho) e outras rádios do país retransmitiram suas palavras. Assim, continuou Simon, os militares recuaram e com a intermediação do Congresso, Jango pôde tomar posse.

- Brizola, pelo microfone da rádio, derrotou os militares e toda sua força - registrou o senador.

Durante o exílio de 15 anos iniciado após o golpe de 1964, Brizola continuou lutando e, segundo Simon, dizia que, -se tivesse que se aliar com o diabo contra os militares, o faria-. Com a anistia, Brizola voltou para o Brasil, e teve grande participação na luta pela democracia, ainda que Simon apontasse divergências pessoais com o político morto.

O senador registrou ainda que, como governador do Rio de Janeiro por duas vezes e como candidato a presidente em 1989 e 1994, Brizola sempre defendeu os mesmos ideais, com honestidade absoluta.

- Quando veio a ditadura, entraram em sua casa, fizeram o que podiam e não podiam, para encontrar alguma coisa, mas não encontraram uma vírgula contra a dignidade e a seriedade de Brizola. Foi um homem que não se acomodava, apaixonado por suas idéias. É difícil encontrar a garra e a vontade que tinha Brizola. Convivi com grandes políticos, mas somente Brizola vivia apenas para política, de manhã, de tarde e de noite. Não fazia nada que não fosse a sua paixão, 24 horas por dia, pela política - relatou Simon.



22/06/2004

Agência Senado


Artigos Relacionados


Simon: Josaphat Marinho deixa um vazio na vida pública

Simon diz que Tebet foi uma das figuras mais dignas que conheceu na vida pública

Simon diz que Tebet foi uma das figuras mais dignas que conheceu na vida pública

Adelmir Santana registra homenagem aos 30 anos de vida pública de José Agripino

Para Suplicy, vida de Brizola trouxe ensinamentos significativos

Arthur Virgílio diz que Brizola "saiu da vida para entrar na história"