Homens representam 83% do total de mortos em acidentes e homicídios do País



Acidentes e violências – as chamadas causas externas – representaram 12% do total de mortes ocorridas no Brasil em 2008. Elas somaram 133.644 dos 1.066.842 óbitos registrados naquele ano. Foram a terceira maior causa de mortes no País, atrás das doenças do aparelho circulatório e as neoplasias. Os homens continuam maioria entre os mortos - 83,1% do total de vítimas - e entre os feridos que precisaram de internação hospitalar (70,3%).

Os dados constam do capítulo “Acidentes e violências no Brasil: um panorama atual das mortes, internações hospitalares e atendimentos em serviços de urgência”, da publicação anual da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde - Saúde Brasil 2009. O trabalho apresenta uma descrição da mortalidade, morbidade hospitalar e atendimentos de emergência no Sistema Único de Saúde (SUS).

“As causas externas representam uma crescente demanda pelos serviços de saúde públicos. Portanto, sua prevenção é um desafio permanente para profissionais e gestores do setor, bem como para toda a sociedade brasileira”, afirma o diretor do Departamento de Análise de Situação de Saúde, Otaliba de Morais Neto.

O risco de mortes por causas externas entre os homens foi 5,1 vezes maior do que entre as mulheres. Para eles, as principais causas de morte violenta foram as agressões (40,6%), especialmente as provocadas por armas de fogo (29,4%). Em seguida, estão os acidentes de trânsito (26,9%), especialmente com motocicletas (6,9%). A maioria dos mortos do sexo masculino estava na faixa dos 20 aos 39 anos (50,4%) e era de cor parda (48,1%).

Para as mulheres, a maior proporção de mortes por causas externas deveu-se aos acidentes de trânsito – 30% do total registrado nessa categoria. A maioria das vítimas era pedestre (9,8%). As agressões vêm em segundo lugar, com 17,3% – entre esses óbitos, 8,8% foram por armas de fogo. Do total de mulheres vítimas de causas externas, 33,8% das mulheres tinham 60 anos ou mais, sendo a maioria (53,3%) de cor branca.

O documento também distinguiu o risco de morte por acidentes de transporte terrestre, suicídios, homicídios e quedas nas diferentes faixas etárias. Na faixa de 0 a 14 anos, são os pedestres as vítimas sob maior risco. Dos 15 aos 29 anos, o maior risco de morte é para motociclistas e ocupantes de veículos. Entre 40 e 60 anos, verifica-se o aumento da probabilidade de morte para pedestres e a redução dos riscos para motociclistas e ocupantes de veículos. No grupo com 60 anos e mais, são os pedestres, novamente, os mais vulneráveis.

Ao considerar as taxas de mortalidade por suicídios e homicídios, verificou-se o baixo risco entre crianças e adolescentes com até 14 anos. Dos 15 aos 19 anos, o risco de morrer por homicídios aumenta expressivamente, atingindo seu pico na faixa dos 20 aos 39. No estudo, o risco de suicídio aumentou progressivamente com a idade, atingindo o maior valor acima dos 60 anos.

Os idosos também são os mais ameaçados pelas quedas. O risco de pessoas acima dos 60 anos morrerem desta forma foi 50,5 vezes maior do que no grupo de 0 a 9 anos; e 5,9 vezes maior que na faixa dos 40 aos 59 anos. Mortes por causas externas, de intenção indeterminada, também representaram maior risco para os idosos.

Maceió, Recife, Vitória, Salvador e Belém foram as capitais que apresentaram os coeficientes de homicídios mais altos. Em Maceió, foram registrados 101,6 óbitos por 100 mil habitantes, enquanto este indicador foi de 61,2 em Recife; 58,9 em Vitória; 57,1 em Salvador; e 50,3 em Belém.

Quanto aos acidentes de transporte terrestre, o trabalho de prevenção deve ser intensificado nas regiões Norte e Centro-Oeste, que concentraram a maioria dos casos. As capitais com risco mais alto de mortes em decorrência desses acidentes foram Porto Velho (37,5 óbitos por 100 mil habitantes), Boa Vista (36,8), Palmas (31,6), Campo Grande (29,9), e Cuiabá (25,5).

As únicas capitais onde as taxas de acidentes superaram as de homicídio foram Florianópolis, Teresina, Campo Grande, Boa Vista e Palmas. Nas mortes decorrentes de acidentes de transporte terrestre, em todo do País, a maior parcela (47,6%) ocorreu entre os usuários mais vulneráveis do sistema viário: pedestres (24,2%) e motociclistas (23,4%). Os ocupantes de veículos corresponderam a 24,4% do total.

Em 2009, o SUS registrou 883.6 internações por causas externas. Elas representaram cerca de 8% do total de internações (foi o quinto maior motivo de hospitalizações). Isso significa que, para cada morte, aproximadamente sete pessoas são internadas.


Fonte:
Ministério da Saúde



14/12/2010 20:38


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