Hospital brasileiro cria protocolo que pode reduzir em 18% as mortes em caso de infarto



Um conjunto de procedimentos desenvolvidos pelo Hospital do Coração de São Paulo (HCor) pode reduzir em 18% o número de mortes por infarto. Baseadas no esquema de segurança das companhias aéreas, as ações garantem que as equipes médicas sigam os protocolos essenciais no tratamento de pacientes com ataque cardíaco. 

Doenças cardiovasculares são responsáveis por 29,4% de todas as mortes registradas no País em um ano.

 

O trabalho começou com uma pesquisa em 34 hospitais públicos selecionados de modo a permitir uma mostra representativa da realidade do sistema. O diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa HCor, Otávio Berwanger, explica que o estudo constatou que muitos procedimentos fundamentais eram deixados de lado no atendimento aos pacientes infartados. “Antes de agir, nós notamos que apenas metade dos pacientes recebiam todos os tratamentos de acordo com o protocolo”, disse, sobre o atendimento prestado nas primeiras 24 horas.

Segundo Otávio, a falta de aplicação de todos os protocolos ocorre em todo o mundo e não está ligada a desconhecimento ou negligência dos profissionais. Para Berwanger, em uma emergência de hospital, o comportamento dos médicos e enfermeiras acaba seguindo um padrão semelhante ao dos passageiros de um avião. “Só falando, alguns não deixam a cadeira na posição vertical ou deixam o celular ligado. Precisa ter alguma intervenção ativa que vá lá e faça mudar o comportamento”, ressaltou.

Para confirmar a hipótese, foi escolhida, aleatoriamente, a metade dos hospitais da amostra para receber uma intervenção semelhante à dos procedimentos de checagem de segurança adotados nos voos comerciais. “Nós pedimos para uma enfermeira atuar como uma gerente de caso, que é que nem a aeromoça que checa se você desligou o celular e colocou a cadeira na posição vertical”.

Além disso, foram estabelecidas marcações no prontuário e colocada uma pulseira no paciente para indicar a possibilidade de ataque cardíaco e a gravidade dos casos, garantindo atendimento prioritário. O diretor do HCor ressalta que o atendimento correto nas primeiras 24 horas é fundamental para evitar complicações.

“Fizemos isso durante oito meses nos hospitais. Ocorreu um aumento de 18% na adesão aos padrões nas primeiras 24 horas. E 19%, em toda a hospitalização”, relata.

De acordo com Berwanger, a cada 10% de aumento na adesão às diretrizes, há uma redução de 10% na mortalidade dos pacientes.

Como o projeto foi apoiado pelo Ministério da Saúde, o diretor do HCor acredita que há um grande apelo para que os procedimentos sejam implementados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Fonte:
Agência Brasil



23/04/2012 12:26


Artigos Relacionados


Adequação do atendimento pode reduzir mortes por infarto

Hospital em SP testa “superpílula” capaz de reduzir em 60% risco de derrame ou infarto

Alimentação adequada pode reduzir mortes de crianças, segundo Ministério da Saúde

Sistema de alerta de desastres naturais pode reduzir em 50% as mortes em cinco anos, diz secretário

Desoneração pode reduzir preço do tablet brasileiro em mais de 30%

Plano de ação busca reduzir mortes prematuras