Ideli diz que identidade cultural deve ser mantida em espetáculos teatrais



Ao iniciar o debate sobre a criação de uma agência nacional de teatro e de uma lei com uma política nacional para o setor, que seja de Estado e não de governo, a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), considerou fundamental manter a identidade cultural e o caráter de brasilidade dos espetáculos, além da qualidade das produções.

Na Subcomissão de Teatro, Cinema, Música e Comunicação Social, ligada à Comissão de Educação (CE), Ideli lembrou que, nos Estados Unidos, a indústria que mais fatura, depois da armamentista, é a de entretenimento.

- Os Estados Unidos, que não são bobos, sabem que somente se pode dominar as populações pela arma ou pela cultura, por isso ambas recebem, do governo, tratamento prioritário - observou.

Ideli disse que o teatro sempre recebeu, do Senado, reconhecimento pelo espaço especial que ocupa no setor das artes. Acrescentou que a cultura também recebeu atenção destacada. Por isso, a Casa não aceitou o acordo para dividir recursos da Lei Rouanet com o esporte nem tampouco com as igrejas evangélicas, lembrou.

A senadora defendeu a idéia de incentivar, nas escolas, as práticas teatrais da mesma maneira que se faz, nos dias de hoje, com o esporte. Uma política pública destinada a incentivar o teatro, massificando sua prática nas escolas, levaria os alunos a duplicá-la com os amiguinhos para depois virarem, senão artistas, pelo menos apreciadores de teatro, garantiu.

A autora do requerimento para a realização da audiência pública, senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN), reconheceu as dificuldades da classe teatral, apesar da existência, no Brasil, de 180 entidades ligadas ao setor. Ela lembrou que o teatro representou o início do processo cultural da Humanidade, citando os egípcios, chineses, gregos e romanos.

Para o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), é preciso separar o governo do Estado, para garantir que não serão os burocratas governamentais que decidirão sobre que peça teatral deverá ser incentivada. Em sua avaliação, quem deve opinar sobre o assunto são as pessoas do ramo teatral, por meio dos integrantes de uma futura agência nacional do teatro.

Heráclito condenou a adoção da meia-entrada no teatro desde a estréia das peças. Para ele, o sistema somente deveria vigorar depois de decorrida a metade da temporada, quando os compromissos financeiros da produção já tivessem sido atendidos. Ao chegar à etapa de popularização da peça, viria a oportunidade de atender à população mais carente, que gosta de teatro, mas enfrenta dificuldades financeiras, destacou.

O senador Marco Maciel (DEM-PE) ressaltou o teatro como uma arte que exige muito mais do artista do que o cinema e que representa uma força propulsora de outras atividades culturais.

-Todos gostam de teatro, desde o erudito até o mais simples cidadão. Cito como exemplo o espetáculo de Nova Jerusalém, em Pernambuco, com repercussão nacional e internacional, atraindo quinze a vinte mil espectadores durante cada exibição na Semana Santa - afirmou.

Maciel recordou que a Agência Nacional do Cinema (Ancine) foi criada no Senado e argumentou que, para o teatro, o mesmo caminho poderia ser seguido, que é o natural para o desenvolvimento dessa arte cênica.

A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), vice-presidente da subcomissão, apresentou a proposta de elaborar um anteprojeto sobre a agência e sobre uma política nacional de teatro para enviar a todos os interessados, para comentários e sugestões.

- Assim, faríamos nossa próxima audiência com representantes do governo, já em cima de propostas concretas - completou.

A presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Estado do Rio Grande do Sul, Marley Bisol, considerou uma boa idéia fazer com que sejam criadas simultaneamente a agência e a lei. Ela manifestou também a opinião de que o teatro representa uma importante ferramenta para a inclusão social.

Paulo Pélico, produtor teatral e especialista em legislação cultural, considerou que houve progresso no convencimento dos senadores sobre a necessidade de um lei de isenção fiscal específica para o teatro.

Para a atriz Beatriz Segall, houve um reconhecimento da importância do teatro como atividade cultural essencial. Ela manifestou sua satisfação ao sentir uma positiva disposição do Senado em ajudar no objetivo de criar a agência.

O ator, produtor e diretor teatral Odilon Wagner ressaltou a relevância do teatro como parte de uma grande indústria de inclusão social por meio da cultura e da arte, agregando grupos estáveis que possam trocar experiências. Teatro é cultura, é turismo, é emoção, é vida, concluiu.



11/07/2007

Agência Senado


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