Indústria de alta tecnologia tem desempenho produtivo melhor, mas está sob risco, alerta Iedi
Análise sobre a produção da indústria brasileira feita pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) revela que o crescimento industrial variou conforme o grau de complexidade tecnológica. A pesquisa é foi feita através de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os segmentos, em que o uso de tecnologia é mais intenso, como fabricação de aviões, equipamentos médico-hospitalares, relógios, computadores, televisores e aparelhos de DVD, tiveram aumento de produção de 6,6% no último semestre na comparação com o mesmo período do ano passado. O desempenho é bem superior ao verificado na indústria de baixa complexidade, que registrou queda de 1,6%.
O câmbio e a estabilidade de preços dos componentes no mercado internacional explicam a diferença na evolução dos indicadores industriais. Os setores de menor intensidade tecnológica sofreram com a concorrência direta de produtos importados, já os setores com maior complexidade se aproveitaram do real apreciado para importar componentes de baixo valor. “Na medida em que eles importam peças a preços mais baixos, têm custos menores e, assim, conseguem manter produtos a preços baixos e ter uma produção ainda crescente”, avalia o economista chefe do Iedi, Rogério Souza.
Segundo ele, o melhor desempenho, no entanto, guarda o forte risco de desindustrialização nacional. Cada vez mais, os fabricantes utilizam peças importadas de fornecedores estrangeiros. Com isso, as cadeias produtivas no Brasil diminuem de tamanho. “Não é sustentável manter os nossos níveis de produção por esse fator. Não existe prática no mundo que para estimular um setor mantenha o câmbio valorizado por muito tempo. As consequências são mais graves”, alertou o economista.
De acordo com o Iedi, os setores de alta e média intensidade tecnológica são os que estão mais deficitários na balança comercial dos bens da indústria manufatureira. O Iedi estima que este ano a indústria (não incluída a agroindústria e a extrativista mineral) acumule um déficit comercial de cerca de US$ 55 bilhões.
O governo tem atuado para reverter a importação de produtos de maior valor agregado. |Algumas ações já estão sendo feitas, como por exemplo, o anuncio sobre uso das compras do Ministério da Saúde para estimular a fabricação no Brasil de fármacos, estendeu aos tablets os benefícios da Lei do Bem e também incluiu no Programa Brasil Maior incentivos para inovação tecnológica.
Segundo o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, a ideia é que o programa seja “muito agressivo”.
“Nós queremos dar melhores condições internacionais para atrair essa indústria que já está de olho no Brasil”, disse após solenidade em Brasília, na última terça-feira (16), sobre o programa Ciência sem Fronteira.
De acordo com Mercadante, o País é o 7º mercado mundial de tecnologia de informática e comunicação (mercado de US$ 165 bilhões). O governo quer utilizar a inclusão digital de 69 milhões de alunos da escola pública como atrativo para a instalação da indústria.
Fonte:
Agência Brasil
18/08/2011 17:02
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