Instituições paulistas se unem para ampliar pesquisas sobre câncer
Parceria prevê atenção especial aos tipos da doença que mais atingem a população
O Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (ICSP), inaugurado em maio deste ano, e o Hospital A. C. Camargo, com tradição de mais de 50 anos, assinaram convênio de cooperação técnico-científica na semana passada. A colaboração entre os dois centros da capital, especializados em câncer, será no âmbito da assistência ao paciente, do ensino e da pesquisa.
“A parceria possibilitará a aceleração do processo de descobertas por meio de pesquisas clínicas e básicas na área de oncologia”, assegura o professor Roger Chammas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e membro do conselho-diretor do ICSP. Ele diz que comemora parcerias como esta, que agiliza o processo de transferência de conhecimento inovador para a prática clínica, pois o processo tende a ser lento.
Chammas informa que já existiam pesquisas realizadas entre as duas instituições, mas a formalização do convênio representará uma extensão natural do trabalho. Até o momento, não foram definidas áreas prioritárias de estudo, mas ele adianta que com certeza haverá atenção especial aos tipos de câncer que mais atingem a população (útero, mama, pulmão, gástrico, intestino e próstata). O estudo envolverá elevado número de pacientes e incluirá a avaliação de novas terapias para tratamento e novos métodos de diagnóstico por imagem. O professor informa que outras áreas também serão beneficiadas.
Troca de experiências – A idéia, explica o diretor-geral do Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, Giovanni Cerri, é que a parceria promova a troca de experiência clínica entre os profissionais das duas instituições e viabilize a realização de estudos sobre vários tipos de câncer, inclusive aqueles que comprometem um número limitado de portadores. “Com o intercâmbio, será possível reunir casos dos dois hospitais, o que aumentará o universo de participantes estudados nas pesquisas”, prevê.
Nas últimas décadas, o estudo sistemático de formas menos freqüentes de câncer, como os hereditários, foi fundamental para ampliar o conhecimento sobre a enfermidade. Identificando os genes que estavam alterados nessas variantes da doença, os pesquisadores conseguiram entender melhor como se comportam os cânceres esporádicos – que são causados por diversos fatores e representam a maioria dos casos.
Identificando tumores – Para pesquisas de imagens moleculares, um acordo com a multinacional General Eletric (GE) capacitará o complexo do Hospital das Clínicas (HC) a produzir o radioisótopo 18FDG, que será distribuído no próprio HC e nos hospitais parceiros. O radioisótopo é uma molécula de meia-vida curta – apenas 120 minutos – que ajudará os cientistas a produzirem imagens funcionais dos tumores. “Esse recurso permite acompanhar a atividade metabólica do tumor e, com isso, talvez identificar mais precocemente metástases que não seriam descobertas por métodos de imagem convencionais”, explica o professor Chammas.
“A produção do 18FDG é só o primeiro exemplo do que poderá ser feito”, avisa o professor. A aplicação de métodos como a tomografia por emissão de pósitrons (PET/CT) possibilitará diagnosticar e prover melhor acompanhamento para os pacientes com diferentes tipos de tumor. Os estudos serão financiados pelas agências de fomento à pesquisa.
Triplo de vagas públicas
Quando estiver funcionando plenamente, no final de 2009, o Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (ICSP) oferecerá 508 leitos e será o maior hospital especializado em tratamento e pesquisa de câncer da América Latina. Além do atendimento médico, a instituição desenvolverá atividades de ensino e pesquisa, de acordo com o modelo de ensino médico introduzido pela Faculdade de Medicina da USP, responsável pelo gerenciamento da unidade. Com o instituto, a cidade de São Paulo terá três vezes mais vagas públicas exclusivas para tratamento de pacientes com câncer.
Da Agência Imprensa Oficial
(M.C.)
07/17/2008
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