Ipea indica que há espaço para redução de juros sem elevar inflação



Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado nesta quinta-feira (17) indica que o Banco Central pode, sim, baixar os juros sem elevar a inflação em situações como a que o País enfrenta no momento. A avaliação está no Comunicado 148 – Efeitos Assimétricos da Política Monetária sobre Inflação e Crescimento no Brasil: Diferenças conforme a Fase do Ciclo Econômico e a Direção e Magnitude de Choques nos Juros.

“Existe uma distorção na economia brasileira, que são as taxas de juros, uma das maiores do mundo. Mas, em algum momento, temos que baixar as taxas para níveis compatíveis com os de outros países. A fase atual deve ser aproveitada para baixar os juros, sem acelerar a inflação”, destacou o coordenador de Economia Monetária e Câmbio do Ipea, Thiago Martinez.

De janeiro até abril, a taxa básica de juros foi reduzida de 10,5% ao ano para 9% ao ano e deve cair mais na avaliação dos analistas do mercado financeiro, podendo chegar a 8,5% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC) marcada para os dias 29 e 30 deste mês. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês de abril com alta de 0,64%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas o resultado no acumulado no ano ficou em 1,87%, abaixo da taxa de 3,23%, relativa a igual período do ano passado.

Isso reforça a tese de Martinez sobre as reduções na taxa básica de juros realizadas pelo BC. Para ele, foram mudanças que surpreenderam, inclusive, muitos analistas porque não houve aceleração da inflação, o que é coerente com o estudo apresentado pelo instituto.

No entanto, o boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, indica que o mercado financeiro, mesmo estimando uma nova redução na taxa básica de juros nos próximos dias, acredita na elevação da inflação medida pelo IPCA, que pode chegar aos 5,22% estimados na semana passada e, não, mais em 5,12% previstos anteriormente.

O estudo do Ipea deixa claro, porém, que as conclusões obtidas para o período de 2003 a 2010 “não são diretamente transponíveis a períodos posteriores” e faz outras avaliações sobre o comportamento da produção industrial e da inflação e dos impactos da taxa de juros utilizados na política monetária, de acordo com o ritmo de crescimento econômico .

“Se a economia, por exemplo, cresce bastante, ao baixar os juros, o Banco Central faz a economia crescer ainda mais, mas gera também inflação. Mas se o BC quiser fazer a economia não crescer de forma tão acelerada, sem gerar inflação, terá que elevar muito os juros. É uma das coisas que mostramos no estudo”, destacou Martinez.

 

Fonte:
Agência Brasil



17/05/2012 20:29


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