José Nery comemora prisão de Arruda
O líder do PSOL, senador José Nery (PA), comemorou nesta quinta-feira (11) a decisão do ministro Fernando Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de acatar pedido do Ministério Público Federal (MPF) e decretar a prisão preventiva do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e de outros envolvidos na tentativa de suborno do jornalista Edson dos Santos, o Sombra. O STJ referendou, por 12 votos a 2, a decisão do ministro.
- Não sei se Arruda e seus cúmplices ficarão na prisão uns dias, uma semana, um mês. Como foi com Daniel Dantas, preso por decisão soberana do juiz Fausto de Sanctis, durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal e, em menos de 48h, libertado duas vezes pelo STF. Que não ocorra isso com Arruda e seus cúmplices - sugeriu.
José Nery registrou a indignação que encontrou em trabalhadores rurais e pescadores no interior do Pará, que indagaram a respeito do escândalo de corrupção ocorrido no governo do Distrito Federal e perguntaram se prevaleceria a impunidade. O senador recordou que Arruda já havia participado do escândalo de violação do painel eletrônico do Senado, por ocasião da votação da cassação do então senador Luiz Estevão (PMDB-DF), em 2001. Em 2006, disse, Arruda pediu desculpas à população do DF e pediu votos. Segundo Nery, eleito governador, não teria honrado o voto de confiança que a sociedade brasiliense deu a ele.
Em aparte, a senadora Marina Silva (PV-AC) ressaltou que faltou à Câmara Distrital, devido ao envolvimento de parte dos deputados, a "equidistância necessária" para julgar o caso com isenção. A senadora mostrou preocupação com o exemplo dado à sociedade brasileira pelos detentores do poder no âmbito dos três Poderes da República, nas esferas federal, estadual e municipal, com sucessivos escândalos de corrupção.
- Não podemos em hipótese alguma ser coniventes com esse tipo de postura daqueles que ocupam posição importante no âmbito do Executivo, Legislativo e do Judiciário. A mobilização do Ministério Público, da OAB, da sociedade, que se reuniram para fazer prevalecer a Justiça está sendo importante de alguma forma - ponderou.
Dorothy Stang
José Nery também lembrou o assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, pelo que chamou de "consórcio de fazendeiros da Transamazônica" há cinco anos, completados nesta sexta (12). O parlamentar informou que um dos mandantes do crime, Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, teve seu julgamento anulado, e passará por novo tribunal do júri no dia 31 de março. Já o outro mandante, Reginaldo Pereira Galvão, informou, aguarda julgamento em liberdade. O parlamentar defende que Pereira Galvão seja julgado juntamente com Bida.
José Nery apresentou também dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) segundo os quais foram assassinados 687 trabalhadores rurais no estado do Pará, entre 1982 e 2008. Desse total, disse, apenas 259 resultaram em inquérito policial ou processo criminal. Segundo José Nery, dos 144 processos ajuizados apenas 12,5% chegaram a julgamento, com a condenação de nove mandantes e 18 pistoleiros e intermediários, sendo que nenhum cumpriu pena: estão foragidos ou aguardam recurso em liberdade.
O senador pelo Pará defende a tese de que os defensores dos direitos humanos e da justiça social no país costumam ser criminalizados pelo poder público.
- A morte de Dorothy Stang não foi um fato isolado. Faz parte da estratégia de força do aparato de Estado. Aqueles que rejeitam as suas benesses são criminalizados. Sua extinção física é a alternativa de grileiros e fazendeiros. O Estado, que se nega a implantar a verdadeira reforma agrária e sucumbe aos interesses de grandes fazendeiros, é cúmplice da violência - opinou.
11/02/2010
Agência Senado
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