Jovem Cidadão: Meu Primeiro Trabalho já conta com adesão de 720 empresas
Programa do governo paulista já ofereceu oportunidade de trabalho para mais de dois mil alunos da rede pública estadual
Programa do governo paulista já ofereceu oportunidade de trabalho para mais de dois mil alunos da rede pública estadual O Jovem Cidadão: Meu Primeiro Trabalho, implantado pelo Governo do Estado em abril, está apresentando bons resultados. Isso foi o que apontou uma pesquisa feita por telefone com 650 empresas da Região Metropolitana de São Paulo inscritas no programa. “Fizemos uma espécie de pós-venda para diagnosticar a receptividade das empresas que aderiram ao programa”, explicou a coordenadora do Jovem Cidadão, Maria Helena Berlinck Martins. Esse trabalho revelou que empresas que já contrataram alunos da rede pública estadual para estágio de seis meses estão abrindo novas vagas, algumas oferecem benefícios extras e outras estão efetivando esses jovens. O programa Jovem Cidadão: Meu Primeiro Trabalho conta com 720 empresas inscritas e quatro mil vagas cadastradas. Atualmente, 2,3 mil jovens estão efetivamente trabalhando e outros 12 mil participam de processos de seleção. Para cada vaga são encaminhados três estudantes para que a empresa possa escolher um deles. A oportunidade do primeiro trabalho está sendo oferecida a jovens com idade entre 16 e 21 anos e que estejam cursando o ensino médio na rede pública estadual. “O Programa do Governo de São Paulo é excelente. Como o envolvimento com a comunidade faz parte da política do Carrefour, o Jovem Cidadão veio bem a calhar”, afirmou o diretor executivo de Recursos Humanos do Carrefour, Álvaro de Angelis Cordeiro. “Nós não vamos dar nada para esses jovens, mas vamos ensinar. Nosso objetivo é oferecer a eles a possibilidade de iniciar uma carreira profissional”. O Carrefour contratou mil estudantes para estágio de seis meses em suas lojas. E está oferecendo formação profissionalizante voltada às atividades desenvolvidas na empresa, como gerenciamento ou técnico em áreas como a de perecíveis, no Instituto de Formação Carrefour. “A idéia é formar esses estagiários para, no futuro, poder efetivá-los”, explica Cordeiro. As empresas realmente têm demonstrado interesse em efetivar os estagiários, já que estão investindo no aprendizado desses jovens e descobrindo que muitos deles atendem suas expectativas. A empresa New Age Eventos e Promoções, que contratou cinco jovens de uma escola estadual da Zona Leste para o trabalharem como auxiliar de escritório é um exemplo. Em menos de um mês uma de suas estagiárias já foi efetivada. “Se a pessoa tem potencial, não vejo porque adiar sua contratação definitiva. A idéia não é pagar pouco, mas sim ter um bom profissional”, apontou o sócio e diretor da empresa, Ahmed Abdul Ghani. Letícia Cristina Hidalgo, de 17 anos, começou a trabalhar na New Age há um mês e ficou surpresa com sua efetivação. “Eu tinha seis meses de estágio. A empresa podia ter esperado terminar esse prazo para me efetivar, mas eles preferiram não esperar e agora vou ganhar um salário de R$ 260 nos primeiros três meses e depois passarei a receber R$ 300”, comemora. De acordo com o programa, Letícia recebia R$ 130 mensais, dos quais o Governo do Estado subsidia 50% e o restante era pago pela empresa contratante. Na avaliação do diretor da empresa, a contratação definitiva de Letícia aconteceu porque ela se sobressaiu. Além da dedicação e da vontade de aprender, se adaptou depressa ao ritmo da empresa. “Como minha empresa está crescendo, nada impede que efetive as cinco e contrate outras mais”, afirmou Ghani. A New Age já se inscreveu novamente no Jovem Cidadão para repor a vaga de estagiária que ficou aberta com a contratação definitiva de Letícia. Ghani também avisou que deve efetivar outra jovem em breve e que isso deve gerar nova vaga de estágio. “Achei o programa tão bom que até indiquei a um amigo, dono de uma perfumaria. Ele também ficou muito interessado. Esse programa é bom para todas as partes”, sentenciou. Berlinck esclarece que as empresas têm demonstrado interesse na adesão contínua ao programa. “Quem já contratou está gostando e contratando mais gente”, apontou. A contratação definitiva, porém, está longe de ser a única vantagem dos jovens. A Darun Indústria e Comércio Ltda, por exemplo, precisava de um estagiário que soubesse computação gráfica para trabalhar na área de comunicação da empresa. “A idéia era contratar alguém que já tivesse esse curso”, afirmou a gerente do departamento de Marketing, Anai Mafra. “Decidimos fazer testes com alguns jovens inscritos no programa e eles se saíram muito bem. Isso nos levou a optar pelo pagamento do curso para o estudante”. Segundo Mafra, o fato de o Governo do Estado arcar com 50% do custo desse estagiário está possibilitando que a empresa pague o curso. “Mas o que nos levou mesmo a aderir ao programa foi exatamente o alto nível dos alunos, que não deixaram nada a desejar”, disse. A Corning Brasil Indústria e Comércio Ltda, que fabrica vidros especiais e tubos para televisão, está preocupada com a qualidade de vida dos jovens. A empresa contratou 30 estudantes para trabalhar na área final da produção para a última inspeção do produto antes de ser embalado. Além da refeição, do uniforme e dos equipamentos de segurança, a empresa está organizando reuniões com a assistente social voltadas para questões de interesse dos estudantes. “As reuniões servem para tirar dúvidas e oferecer orientação. Abordamos temas como saúde, lazer, educação e profissão. Muitas vezes são os jovens que sugerem os temas”, contou a assistente social, Vandonice Vilkas. Como a idéia da empresa também é a efetivação, a Corning solicitou que os candidatos tivessem idade a partir de 18 anos, já que a empresa não permite a contratação com idade inferior a essa. “Gostamos muito desse programa. Acho que todas as empresas deveriam aderir”, disse Vilkas. Já a empresa de transporte de carga e de turismo Suzantur oferece transporte coletivo gratuito aos seus estagiários, inclusive nos fins de semana. “Temos um convênio com quatro empresas de ônibus do município de Suzano. Nós transportamos funcionários dessas empresas sem custo e o mesmo benefício é oferecido aos nossos funcionários”, explicou o diretor, Ricardo Pires Soares. Mas o estagiário Eduardo Freire da Silva, de 17 anos, prefere não usar o benefício nos fins de semana por considerar antiético usar o transporte para diversão. Ele está trabalhando há duas semanas como auxiliar de secretário. Mais responsabilidade na escola Para os estagiários, o primeiro contato com o mercado de trabalho está mudando sua relação com a escola. “Agora tenho outra visão”, diz Letícia. “Ir para a escola para fazer bagunça, nem pensar. Passei a ter mais responsabilidade”. Para ela, o primeiro emprego é um passo muito importante na vida: “Me deram um voto de confiança e eu não posso fal07/18/2000
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