LAMPREIA DIZ NA COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES QUE MERCOSUL DEVE SER FORTALECIDO



A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado e o Ministério das Relações Exteriores têm um ponto em comum: o Mercosul deve ser fortalecido. Isso ficou claro após três horas de debates entre os membros da comissão e o ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia. Para o ministro, apesar de todas as dificuldades enfrentadas atualmente pelo Mercado Comum do Cone Sul, "é uma idéia suicida jogar pela janela" uma instituição que deu certo e tem tudo para crescer e prosperar.Embora reconheça que o Mercosul enfrenta alguns problemas, principalmente com relação a políticas cambiais adotadas pelos países membros, Luiz Felipe Lampreia entende que o mercado não pode ser administrado ao sabor das conjunturas econômicas domésticas e nem ficar atrelado a mecanismos de curto prazo. Ele anunciou que na próxima semana o Itamaraty participará de uma reunião com o presidente da República e a equipe econômica destinada a buscar novas fórmulas para que o Mercosul venha a ser fortalecido, com destaque para o setor macroeconômico.Luiz Felipe Lampreia, que compareceu à Comissão de Relações Exteriores do Senado após a aprovação de requerimento do senador Pedro Simon (PMDB-RS), informou que as salvaguardas da Argentina envolvendo a importação de calçados brasileiros "já é um assunto encerrado", uma vez que os dois países chegaram a um consenso. Ele informou que no caso dos têxteis, que encontram igual resistência, o Itamaraty irá pedir auxílio à Organização Mundial do Comércio (OMC) para que as barreiras impostas pela Argentina sejam derrubadas.Para o senador Pedro Simon, a Argentina - que junto com o Brasil representa as duas maiores forças do Mercosul - é a maior beneficiária do bloco econômico, criado há oito anos. Ele estranha as recentes posições adotadas pelo governo argentino, de criar barreiras contra produtos brasileiros, lembrando que ao longo dos últimos anos a Argentina usou o Mercosul para colocar no mercado nacional trigo e petróleo, obtendo excelentes divisas.No entender do senador José Fogaça (PMDB-RS), os recentes atritos comerciais registrados entre Brasil e Argentina "foram maximizados". A seu ver, o Mercosul passa por crises setoriais, como a ocorrida com os calçados brasileiros. O senador observou que o comércio de calçados entre os dois países não representa sequer 2,5% do total das transações comerciais. "Analisaram o episódio dos calçados com lente de aumento", disse Fogaça.O ministro Lampreia concordou com o senador e disse que a conjuntura política da Argentina tem influenciado o Mercosul, que poderá voltar à normalidade após as eleições presidenciais marcadas para outubro. Mesmo assim, segundo Lampreia, setores industriais da Argentina - como alimentos, petroquímica e automotivo - têm lucrado muito com o Mercosul.O senador Mozarildo Cavalcanti (PFL-RR) pediu ao ministro o incremento comercial com países andinos, com o objetivo de beneficiar estados do Norte. José Jorge (PFL-PE) é de opinião que o Mercosul ganhará força depois que for implementada uma política econômica comum entre os países que compõem o mercado. Lampreia concordou e disse que a próxima etapa do Mercosul atenderá o setor de serviços.Já o senador José Alencar (PMDB-MG) criticou a posição argentina de colocar barreiras comerciais contra produtos brasileiros e elogiou a posição assumida pelo Itamaraty no episódio, enquanto Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) disse ser necessário manter e fortalecer o Mercosul.

25/08/1999

Agência Senado


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