LAURO CAMPOS DIZ QUE REAJUSTE DO SALÁRIO MÍNIMO DEVE VIR DE SUPERÁVIT



O senador Lauro Campos (PT-DF) defendeu a utilização de recursos decorrentes do superávit primário das contas do governo (receitas menos despesas exceto pagamento de juros) para fazer frente ao aumento do salário mínimo. Reagindo à posição do governo de que não há de onde tirar recursos para um salário mínimo de R$ 180, o senador disse que o governo gasta anualmente R$ 36 bilhões - 3% do Produto Interno Bruto - com o pagamento da dívida pública, por indicação do Fundo Monetário Internacional. "O uso dos recursos em superávit permitiria que o salário mínimo chegasse a R$ 350", afirmou o senador.

Ainda assim, destacou o senador, o salário mínimo brasileiro estaria muito abaixo do australiano (US$ 2.800) e do Francês (US$ 1.400). Estaria abaixo até, disse o senador, dos gastos mensais que os japoneses têm com seus cães, algo tem torno de US$ 3.600, de acordo com dados de 1995. Na opinião dele, para conseguir os recursos para pagar o mínimo é só diminui o lucro, deixando a riqueza com quem a produz efetivamente, o trabalhador.

Para o senador, o governo brasileiro pretende o impossível: o equilíbrio do orçamento e ao mesmo tempo pagar a dívida externa. "Os Estados Unidos não fazem isso. Em 1996 sua dívida pública chegou a US$ 3 trilhões, e cobram do Brasil. Se fosse possível, os EUA teriam feito", afirmou. Na opinião do senador, a cada momento os especialistas arranjam desculpas para não reajustar os salários, argumentando que haveria uma explosão inflacionária caso isso acontecesse. "São neomentiras, ouço essas desculpas esfarrapada há décadas", disse.

Lauro Campos destacou que a única mercadoria que não entra no índice de preços é a força de trabalho, a única que não tem aumento. De acordo com o Dieese, o salário mínimo hoje deveria ser de R$ 1.003,67 mensais para manter o poder de compra que tinha quando foi criado, na década de 40.

31/10/2000

Agência Senado


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