LÚCIO ALCÂNTARA VÊ MARCHA COMO APELO À SENSIBILIDADE DO GOVERNO



A "Marcha dos 100 Mil" deve ser também a marcha dos excluídos, dos miseráveis, dos que não têm esperança e deve despertar a sensibilidade do governo para problemas como a pobreza e a falta de saúde e de educação. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (dia 25) pelo senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) ao manifestar sua esperança de que a marcha tenha uma dimensão maior, uma motivação menos imediatista e ocorra de maneira pacífica e sem nenhum incidente que possa encobrir sua importância.- Se tivermos ouvidos para ouvir, se tivermos olhos para ver e se tivermos coração para sentir, essa marcha já terá cumprido seu grande destino de sacudir a consciência da sociedade - disse o senador.Para Lúcio Alcântara, a nação está sendo chamada a se erguer independentemente de partidos políticos e o governo tem a oportunidade de ver nisso um chamado para fortalecer o reencontro dos ideais social-democratas. "Espero que surja outro Brasil depois dessa marcha", afirmou Alcântara.Em aparte, o senador Eduardo Siqueira Campos (PFL-TO) elogiou a análise serena de Alcântara e disse que a marcha pode fazer com que o presidente da República e os parlamentares estejam mais ligados às necessidades do povo brasileiro. Siqueira Campos disse ainda que o único equívoco de alguns poucos integrantes da marcha é pedir a renúncia de Fernando Henrique. "É anti-democrático e um desserviço ao país", afirmou. Para ele, se o governo tivesse ouvido mais o Congresso Nacional, talvez a marcha não fosse necessária.O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse esperar que o presidente da República tenha a disposição de ouvir o que os participantes da marcha têm a dizer. "O governo parece estar desacordado há muito tempo da urgência do que está acontecendo no Brasil. Há uma sensação de estar sempre postergando a tomada de decisões", avaliou. Suplicy citou trecho do discurso proferido por Martin Luther King, em agosto de 1963, em que conclama os 250 mil participantes da marcha sobre Washington a fazerem uma manifestação nos limites da legalidade e do respeito.O senador Lauro Campos (PT-DF) disse que quanto mais um soberano se distancia do seu povo, mais ele tem medo desse mesmo povo. "Aí vem o medo e o presidente afirma que caminhada é golpe. Um governo tão concentrador como o de Fernando Henrique Cardoso, também deve concentrar o ônus de ser considerado responsável pelas mazelas", afirmou.

25/08/1999

Agência Senado


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