Maio de 1968, ainda presente
Maio de 1968 entrou para a história como gatilho de um movimento global de contestação, deflagrado pela inquietude de jovens de vários cantos do plane
No combate à ditadura, tiveram significado especial os movimentos estudantis. Rafael de Falco Netto participou dessa efervescência. Foi presidente do Diretório do Centro Estudantil (DCE) da USP em 1968 e da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP), em 1969.
“Para o Centro Maria Antonia, o dia 2 de outubro de 1968 é uma data importante. O prédio foi invadido e parcialmente destruído. Ficamos aquartelados dentro do local, vigiados dia e noite. Mas, por fim, fomos despejados. Logo em seguida, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP foi transferida para o câmpus da Cidade Universitária e os prédios destinados a outro uso pelo governo do Estado”, explica Falco Netto para a platéia que lotou a sala 114 do Prédio de Ciências Sociais, na USP, na 4ª Semana de Ciências Sociais. Durante quatro dias (12 a 16 de maio), os estudantes puderam visitar a instalação sobre Maio de 1968, de Fúlvia Molina, no saguão da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP); participaram de debates sobre os rumos de Maio de 1968 e ouviram depoimentos dos principais personagens desse período marcante da história do século 20: Bernardino Ribeiro de Figueiredo (presidente do Centro Acadêmico de Filosofia-1968); Fúlvia Molina (estudante de Biologia em 1968); João Quartim de Moraes (membro-integrante da Vanguarda Popular Revolucionária, em 1968); João Ribeiro (presidente do Centro Acadêmico de Filosofia, 1966); Leonel Itaissu (presidente do DCE-USP, 1968-1969) e Rafael de Falco Netto.
Ventos parisienses – O Maria Antonia também não ficou imune aos ventos de Maio de 1968. Considerado um mês emblemático que influencia até hoje a cultura, o comportamento e a política mundiais, Maio de 1968 entrou para a história como gatilho de um movimento global de contestação, deflagrado pela inquietude de jovens de vários cantos do planeta – principalmente das capitais da Europa. “A FFLCH-USP tinha intercâmbio com as universidades francesas e muitos colegas e professores traziam informações sobre os movimentos que estavam ocorrendo na Europa. Mas a nossa geração estava preocupada com os rumos do Brasil e com o sistema universitário que o novo governo queria adotar”, lembra Tânia Rivitti, coordenadora de cursos do Maria Antonia, estudante de História na USP, em 1968. “No primeiro semestre daquele ano não tivemos aulas, só discutíamos os impactos que a reforma universitária traria para nós e para os professores. As assembléias sucediam-se quase ininterruptamente.”
Um mês para não esquecer - “Passados 40 anos dos acontecimentos de Maio de 1968, descobrimos que existem duas tendências na imprensa para descrever os fatos daquela época. Alguns demonizam o movimento dizendo que depois de quatro décadas os atos de contestação dos jovens daquela geração não deixaram bons resultados. Outra linha, particularmente a da imprensa mais jovem, tende a endeusá-lo”, explica Rafael de Falco Netto, presidente do DCE da USP em 1968. Ele resume o ano da seguinte forma: “Houve uma aceleração histórica”.
Os acontecimentos de Paris fizeram parte de um movimento maior de contestação que ocorreu em vários países do ocidente, como Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Suíça, Dinamarca, Espanha, Reino Unido, Polônia, México, Argentina e Chile. Jovens e trabalhadores protestavam contra a situação do pós-guerra, as guerras e as ocupações imperialistas”, esclarece Falco.
Nos Estados Unidos, por exemplo, os jovens opuseram-se à Guerra do Vietnã e fizeram manifestações do movimento hippie. Nas críticas, de modo geral, existe uma mistura de radicalismo político e irreverência, que acusou tanto o capitalismo como o socialismo. No Brasil houve manifestações estudantis contra o regime militar de 1964 e a reforma universitária proposta pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), em 1967, que adotou o modelo norte-americano de educação, conhecido como o acordo MEC-USAID.
Em maio de 1968 aconteceu uma greve geral na França. Rapidamente adquiriu significado e proporções revolucionárias. Mas em seguida foi desencorajada pelo Partido Comunista Francês e, finalmente, suprimida pelo governo, que acusou os comunistas de tramarem contra a República.
Daí, começou com uma série de greves estudantis que irromperam em algumas universidades e escolas de ensino secundário em Paris, após confrontação com a administração e a polícia. A tentativa do governo do general De Gaulle de esmagar essas greves com mais ações policiais no Quartier Latin levou a uma escalada do conflito que culminou numa greve geral de estudantes e em greves com ocupações de fábricas em toda a França, às quais aderiram 10 milhões de trabalhadores, aproximadamente dois terços dos trabalhadores franceses.
Em 6 de maio ocorreu o confronto entre 13 mil jovens e a polícia. Confrontos que se repetiram nos dias seguintes. A princípio, o governo francês ficou paralisado. Mas a situação acabou controlada no final de maio, com violenta repressão. No total, mais de 1,5 mil feridos. Abalado, o governo
05/27/2008
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