Mantega: Brasil está mais preparado que os países ricos para enfrentar a crise financeira



O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quinta-feira (30), em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que os "países emergentes dinâmicos" - e particularmente o Brasil - estão mais preparados para enfrentar a crise financeira internacional que os países "mais ricos". No entanto, ele ressaltou que "ninguém escapará dos efeitos da crise, que é sistêmica".

Ao argumentar por que "o impacto sobre o Brasil será diferente do impacto sobre Estados Unidos e Europa", o ministro disse que, em geral, os países mais ricos apresentam menor crescimento econômico, menor capacidade de expansão do consumo interno (inclusive porque suas populações crescem a um ritmo menor que o de outros países) e, "curiosamente, não têm fundamentos [macroeconômicos] tão sólidos" - ele mencionou como exemplo os déficits fiscal e comercial dos Estados Unidos. Além disso, destacou que as instituições financeiras daqueles países estão mais fragilizadas, pois, segundo Mantega, foram os bancos deles os que mais se arriscaram em aplicações como as derivadas do mercado imobiliário norte-americano.

Já os "países emergentes dinâmicos", de acordo com o ministro, vêm registrando crescimento maior (e mais rápido), têm maior potencial de expansão do mercado interno (e, assim, podem reagir melhor em caso de redução do mercado externo) e possuem fundamentos macroeconômicos mais sólidos, que se refletem nos superávits fiscais e no aumento de suas reservas internacionais. Quanto ao sistema financeiro, disse que os bancos desses países estão menos "alavancados" em suas aplicações e, dessa forma, possuem menos "ativos podres ou tóxicos".

- Mas isso é uma generalização, porque há países emergentes que tiveram contato com os ativos podres - ressalvou Mantega.

Especificamente sobre o Brasil, o ministro afirmou que o país "continua crescendo e possui vantagens comparativas, como os altos índices de produtividade da agricultura". Ele destacou que, no primeiro semestre deste ano, registrou-se um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 6%.

- Isso nos dá uma margem para a desaceleração, porque uma coisa é desacelerar quando se tem um crescimento pequeno, por exemplo, de 2% ao ano; outra é desacelerar quando se tem uma expansão maior, porque, nesse caso, pode-se desacelerar e, ainda assim, registra-se um bom crescimento - afirmou.

Mantega também argumentou que, além de possuir um bom potencial de expansão do mercado interno, a abertura comercial do Brasil "é mais restrita no que se refere às exportações" - estas representariam 13% do Produto Interno Bruto (PIB).

- O comércio exterior, portanto, não nos afeta tanto, ao contrário do que ocorre, por exemplo, na China, onde as exportações representam 37% do PIB - frisou ele, acrescentando que, por outro lado, as exportações brasileiras diversificaram-se nos últimos anos, com o país dependendo menos das nações mais ricas e vendendo mais para as emergentes.

Quanto ao sistema financeiro nacional, o ministro apontou, entre outros fatores, o de que o país possui uma regulamentação mais rígida do que Estados Unidos e Europa, o que garantiria mais solidez aos bancos. Ele citou o caso dos depósitos compulsórios, "que, por serem elevados, são considerados uma anomalia em situações normais, mas que em condições excepcionais como esta se tornam uma virtude". Mantega lembrou ainda que as reservas internacionais, de aproximadamente US$ 200 bilhões, diminuem a vulnerabilidade do país.



30/10/2008

Agência Senado


Artigos Relacionados


Brasil está mais preparado para enfrentar a nova crise financeira global, diz Mantega

Brasil está preparado para enfrentar período pós-crise, diz Mantega

BRASIL ESTÁ MAIS PREPARADO PARA ENFRENTAR CRISE DO PETRÓLEO

Brasil está mais preparado para enfrentar a crise, dizem especialistas

Brasil está preparado para enfrentar crise econômica

Wilson Santiago diz que o Brasil está preparado para enfrentar crise de petróleo