MARINA: CRISE TRARÁ CONSCIÊNCIA DA NECESSIDADE DE PRESERVAR



Os colapsos no abastecimento de água, a inutilização de mananciais, a morte de rios e a contaminação de animais e seres humanos têm sido os fatores utilizados para justificar a necessidade de conscientização sobre a necessidade de preservação dos recursos hídricos, na opinião da senadora Marina Silva (PT-AC). Conforme ela, a discussão sistemática das questões ambientais nos meios de comunicação locais e de massa ainda é superficial, ocorrendo com mais ênfase por ocasião de catástrofes como o recente derrame de óleo na Baía de Guanabara.A senadora presidiu a mesa redonda Água, Comunicação Social e Cidadania no segundo e último dia do seminário "Águas 2000 - Qualidade e Desenvolvimento", realizado pela Comissão de Serviços de Infra-estrutura do Senado, no auditório Petrônio Portela. A presidente da comissão, senadora Emília Fernandes (PDT-RS), dividiu com o senador Paulo Souto (PFL-BA) a presidência do painel Água - Agricultura, Indústria, Energia e Transportes. Os dois, além do senador Carlos Patrocínio (PFL-TO), representando a Mesa do Senado, ressaltaram a importância de amplo debate e participação da sociedade na gestão dos recursos hídricos.Marina Silva chamou a atenção para o fato de que em muitos projetos do Incra na Amazônia está sendo necessária a construção de açudes, uma vez que a derrubada das matas em torno das nascentes e outras áreas diminuiu sensivelmente o nível dos cursos d"água. Comentando a palestra do presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) do Rio de Janeiro, José Chacon de Assis, a senadora disse concordar em que a ênfase no modelo de alto consumo do capitalismo neoliberal levará a enorme destruição ambiental.Seja por força das conseqüências danosas do mau uso dos recursos naturais, seja em virtude da maior mobilização da sociedade, o fato é que está havendo elevação do nível de consciência da população em torno das questões ambientais e particularmente da água. É o que entende Fernando Rodrigues, assessor do Departamento de Produção e Fomento Vegetal do Ministério da Agricultura. Ele pediu especial atenção ao setor, por se tratar de um grande usuário de água e uma vítima das más ações que empreende. Rodrigues observou ainda que é preciso coordenar a necessidade crescente de aumento da produção com a necessidade de preservar e melhorar a qualidade da água.O secretário de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, Raimundo Garrido, expôs preocupações semelhantes, relatando os resultados do II Fórum Mundial das Águas, realizado há poucos dias em Haia, na Holanda. Ali foi lançado um novo conceito destinado a guiar as ações de coordenação entre produção e meio ambiente, acrescentando ao lema "mais grãos por cada gota", a frase "mais gotas por cada gota". A idéia é evitar que a produção agrícola ou industrial suje ainda mais as águas e que a recuperação das áreas poluídas seja feita de forma mais firme e acelerada.O senador Paulo Souto disse ser fundamental o aumento dos investimentos em saneamento básico. Conforme o parlamentar, a queda nesses investimentos deu-se em razão da falta de recursos no caixa dos governos estaduais e às restrições impostas pelo governo federal em seu programa de redução do déficit fiscal. Souto sugeriu que os organismos internacionais que normalmente financiam projetos de saneamento apliquem não apenas nos grandes centros, mas também nas pequenas cidades, consideradas por ele grandes agentes poluidores ao lançar esgotos nos rios.

29/03/2000

Agência Senado


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