Memória: Arquivo Público do Estado inicia recuperação de acervo dos Diários Associados
Acervo foi doado pelo jornal Folha de São Paulo
Quantas páginas seriam necessárias para estampar 805 mil fotos? Ou quantas décadas para se publicar um volume tão grande de imagens num jornal diário? Esse é o total do acervo fotográfico que o Arquivo Público do Estado está restaurando. Os registros foram doados em 2002 pela empresa jornalística Folha da Manhã - que edita os jornais Folha de S. Paulo e Agora São Paulo - e pertenciam ao extinto grupo de comunicação de Assis Chateaubriand (1893-1968), Diários Associados - uma das maiores corporações jornalísticas do Brasil.
São imagens utilizadas ou descartadas por editores de revistas e jornais do grupo e que registram desde grandes momentos da história até o cotidiano dos cidadãos paulistas, como, por exemplo, inaugurações de teatros, corridas de cavalos do Jockey Club de São Paulo, entrevista com antigas estrelas do rádio. Atualmente, parte da coleção - 80 mil - passa por um trabalho diário e especializado de recuperação, restauro, identificação e catalogação. O projeto é fruto de uma parceira entre o Arquivo Público do Estado e o Fundação Vitae, que investiu na iniciativa R$ 227 mil.
O financiamento inclui armários adequados, equipamentos para medição de temperatura e umidade e suprimentos de informática para a documentação do material, como explica a consultora cultural e ex-gerente da Vitae, Gina Machado. Ela ressalta a importância da ação para a história do fotojornalismo brasileiro. Esta será a primeira parte do futuro acervo iconográfico do Diários Associados e foi batizada com o nome Artes, reunindo as imagens sobre o tema.
Armazenado e higienizado em perfeitas condições, o restante das imagens aguarda a catalogação para que, através do orçamento do Estado e de novas parcerias, formem as outras sessões da coletânea. “A iniciativa privada poderia estreitar este tipo de parceria, colaborando com o poder público ao preservar e difundir nosso patrimônio histórico e cultural”, observa a consultora.
Com 285 anos de história, o Arquivo Público de São Paulo é a instituição estatal mais antiga de São Paulo. Criado em 1721, a entidade guarda documentos administrativos atuais e de séculos passados, conservados em condições ideais e submetidos a minuciosos processos de recolhimento, tratamento, restauração e catalogação.
Seu acervo, que ocupa dois prédios da sede, acondiciona desde inventários até atestados de óbitos concedidos em hospitais públicos e relatórios criminais de diversos momentos da história do Brasil, como a Revolução de 32 e a Ditadura Militar de 64. “O Arquivo é uma figura híbrida que não preserva só a memória coletiva, mas também a de cada um de nós”, observa o diretor da instituição, Fausto Couto Sobrinho.
Mas os visitantes não encontram somente documentos públicos ou burocráticos no local. O espaço mantém uma grande mapoteca, laboratórios técnicos de restauro e microfilmagem, bibliotecas com livros raros e uma extensa hemeroteca composta por periódicos raros, como a edição inaugural do jornal Correio Brasilienze - editado no ano de 1.808 em Paris e considerado o primeiro jornal brasileiro. Também há acervos fotográficos que comportam cerca de um milhão de imagens e milhares de rolos de microfilmes. Estes importantes e históricos materiais somam mais de 2,5 km de materiais empilhados - medida usada para quantificar documentos- e faz da instituição um dos maiores arquivos do país. “Não há um livro de História editado nos últimos 100 anos, que não tenha utilizado de alguma maneira, materiais conservados pelo Arquivo”, ressalta Sobrinho.
Arquivo Público do Estado
Rua Voluntários da Pátria, 596 - Santana. São Paulo/SP
(11) 6221-4785. Terça a Domingo, das 09h às 17hErica Franco e Karen Almeida
07/15/2006
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