Morte do prefeito força debate sobre segurança









Morte do prefeito força debate sobre segurança
Corpo de Celso Daniel, seqüestrado na sexta-feira à noite, em São Paulo, foi encontrado na manhã de ontem, crivado de balas

O assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), fez o Brasil parar em pleno domingo para discutir a violência.

Protestos contra a falta de segurança pipocaram em São Paulo e em outros Estados, líderes políticos de diferentes partidos lamentaram a morte do prefeito e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), foi obrigado a anunciar medidas de emergência.

Em Santo André, cidade que Daniel administrava pela terceira vez, foi realizado um ato pela paz enquanto a população e os líderes políticos e religiosos aguardavam pela chegada do corpo. Até ontem à noite a polícia não sabia se Daniel foi vítima de um crime comum ou de um crime político. O prefeito tinha recebido ameaças de morte de um grupo autodenominado Forças de Ação Revolucionária Brasileira, desconhecido da polícia, e que assumiu a responsabilidade pelo assassinato do prefeito de Campinas, Antônio da Costa Santos, em 10 de setembro.

Seqüestrado às 23h30min de sexta-feira, quando saía de um restaurante nos Jardins, em São Paulo, com um amigo, o prefeito de Santo André foi morto entre as 21h de sábado e as 3h da madrugada de domingo. O corpo, com pelo menos sete tiros e o rosto desfigurado, foi encontrado numa estrada de terra em Juquitiba, na região metropolitana de São Paulo, às 7h40min. O local fica a 200 metros da Rodovia Régis Bittencourt, a BR-116.

O presidente Fernando Henrique Cardoso se reunirá hoje com Geraldo Alckmin, para discutir medidas de combate à violência. FH, que soube da morte do prefeito por um telefonema do presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem que a violência passou do limite em São Paulo e no resto do país, e que é preciso promover uma guerra contra o crime organizado.
– O bárbaro crime que vitimou o prefeito não requer apenas solidariedade e pêsames, os mais sentidosa, à família e à cidade de Santo André, mas uma resposta coordenada e eficaz que leve os responsáveis à cadeia – disse FH, depois de prometer ajuda às polícias estaduais no combate ao crime.

Amanhã, o presidente concederá uma audiência inédita a Lula e ao presidente do PT, José Dirceu, para discutir a violência.

– O grau de violência e arrogância dos assaltos e seqüestros requer uma ação enérgica de todos – pediu o presidente.

Na tarde de ontem, Alckmin anunciou que o governo estadual pagará R$ 50 mil para quem fornecer informações que levem à prisão da quadrilha que assassinou o prefeito Celso Daniel.
Alckmin anunciou também a contratação emergencial de 6 mil jovens para substituir policiais em atividades burocráticas. A medida visa a reforçar o policiamento nas ruas. Alckmin manifestou profunda consternação e indignação diante “de tamanha barbárie e tamanha crueldade”.

O presidente do Congresso, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), defendeu uma “mobilização nacional” para acabar com a violência no país. Disse que o grau de insegurança chegou a níveis insuportáveis, atingindo, indistintamente, homens públicos e pessoas comuns.

No mesmo tom, o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), disse que a agenda da segurança se tornou prioridade no cenário político nacional.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou nota lamentando o assassinato do prefeito e conclamando a sociedade a mobilizar suas forças para exigir dos poderes públicos um plano enérgico e duradouro de combate à criminalidade. A nota diz: “A barbárie que assume proporções fantásticas, particularmente no Estado de São Paulo, denota a fragilidade das políticas públicas na área de segurança e a desatenção das autoridades para a criminalidade crescente em todas as unidades da federação”.


Um seqüestro a cada 30 horas em SP
O medo tomou conta de São Paulo, onde a onda de violência aumenta a cada dia.
Estabeleceu-se uma indústria de seqüestros: segundo o governo estadual, de 1998 a 2000, os casos desse tipo de crime aumentaram 700%.

Esse total significa um seqüestro a cada 30 horas e representa mais de 300% de aumento em relação a 2000, quando houve 63 seqüestros. Em 1999 foram 18.

Pelo menos 11 pessoas estão sendo mantidas em cativeiro no Estado, cinco delas na Capital. Na mesma noite do seqüestro do prefeito Celso Daniel, ocorreram pelo menos mais dois. O filho de um promotor de Justiça foi seqüestrado na Capital e um médico em Campinas. Dois dias antes, dois filhos de um médico haviam sido seqüestrados em São Paulo. Os jovens foram libertados ontem, após pagamento de resgate pela família.

Entre os casos sem solução, o mais antigo é o de um administrador de empresas de Salto, na região de Campinas, que completou ontem 110 dias nas mãos dos bandidos. Também continua sem solução o seqüestro do publicitário Washington Olivetto, levado por um bando na noite de 11 de dezembro, logo depois de deixar a agência de publicidade W/Brasil, da qual é acionista.

Acuadas, famílias inteiras do interior paulista fogem da violência das cidades antes tidas como sinônimo de qualidade de vida. O próprio governo estadual confirma: além do vertiginoso crescimento dos seqüestros, entre 1998 e 2000 cresceram 18% os latrocínios (roubo seguido de morte); 13% os roubos; 21% os furtos de veículos e 8% os homicídios dolosos (intencionais). Em cidades como Campinas, Sorocaba e Bauru, os dados de ocorrência surpreendem. Em Campinas, por exemplo, a cada 63 minutos um veículo é furtado.

Dois seqüestros tiveram grande repercussão no Estado no ano passado. O primeiro, em agosto, foi o da filha do empresário Sílvio Santos, Patrícia, que ficou sete dias no cativeiro. O seqüestrador, que mantee Sílvio Santos sob a mira de uma arma por um dia, em sua própria casa, morreu no final de dezembro. O segundo, o de Olivetto, ainda não resolvido. Há pouco mais de uma semana, outro caso provocou impacto na opinião pública: Rosana Rangel Melotti, uma dona de casa de 52 anos, foi assassinada em frente a sua casa por seus seqüestradores, em Campinas.


Líderes do PT reforçam segurança
A cúpula do PT passará a andar protegida por seguranças. A decisão foi tomada ontem, em uma reunião no partido, após o anúncio de que o corpo do prefeito de Santo André, Celso Daniel, foi encontrado baleado em Juquitiba.

A informação foi divulgada pelo deputado federal José Genoino, candidato pelo PT ao governo de São Paulo. O parlamentar não revelou quantos petistas serão protegidos e nem como será feita a proteção – se com seguranças escalados no próprio partido ou contratados de empresas. O reforço na segurança pessoal também será adotado pelo presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.

– Não podemos mais achar que Deus toma conta – disse Lula.
No dia 28, Lula se encontraria com Daniel, coordenador do programa de governo, no Instituto Cidadania, em São Paulo, para discutir segurança pública:
– Vejam só que ironia: eu fiquei de entregar ao Celso o projeto de segurança pública para o país e até comentei isso com Fernando Henrique. Disse ao presidente que nossas propostas podem ser usadas por qualquer governo, não cobramos direito autoral.
O prefeito Tarso Genro já pensa em reforçar a sua segurança para ter mais tranqüilidade:
– Vamos fazer isso de modo discreto. Temos que nos proteger contra ações desse tipo.

Ele disse que continuará se deslocando pela cidade em todas as direções, vilas e bairros.
A segurança das autoridades do governo do Estado foi reforçada em conseqüência do seqüestro e do assassinato do colega de partido do governador Olívio Dutra. A informação foi dada na ma nhã de sábado pelo coronel Martin Luiz Gomes, diretor do Departamento de Relações Institucionais da Secretaria da Justiça e da Segurança (SJS).

O reforço na segurança é invisível a olho nu. Ele se concentra na área da investigação. O Grupo de Inteligência, instalado na sede da SJS, foi acionado para verificar a possibilidade de o episódio ter desdobramentos no território gaúcho. Até que a investigação seja concluída, diz o coronel, o serviço de segurança das autoridades fica com atenção redobrada.

– Temos de coletar informações sobre a situação – comentou o coronel.

A atenção das autoridades gaúchas com os acontecimentos na área de segurança pública em São Paulo não é recente. Começou em 10 de setembro, quando o prefeito de Campinas, Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, foi assassinado. Além disso, há o fato de 37 prefeitos e senadores petistas terem sido ameaçados por um grupo que se autodenominava Frente de Ação Revolucionária Brasileira (Farb).


Carta ameaça eliminar “chefes de instituições”
Em carta enviada ao secretário do PT de São Paulo, Mauro Marcial Menucchi, uma suposta Frente de Ação Revolucionária Brasileira (Farb) ameaça “eliminar todas as pessoas, instituições, chefes destas instituições, policiais corruptos e líderes sindicais, que contribuem, indiretamente, para a miséria desta nação”.

No dia 30 de novembro, Menucchi foi ao 1º Distrito Policial (DP) de Jundiaí, para registrar uma ocorrência em que denuncia o recebimento da correspondência com ameaças. O texto, de duas páginas, termina com a seguinte conclamação:
– Grandes donos de indústrias, comerciantes, burocratas, prefeitos corruptos sem escrúpulos, mentirosos da imprensa, policiais safados, unam-se a nós ou sofrerão as conseqüências. Se ficarmos nas escuras (sic) durante algum tempo, se preparem, algo grandioso irá acontecer; já está avisado. (...) A partir de agora, começa uma nova era; preparem-se! Crimes sem precedentes acontecerão.

A carta, postada no dia 16 de novembro, tem como suposto remetente Accácio Silva Nori, residente à Avenida Doutor Amador Barros, 470, em Batatais (SP).

No texto, a suposta Farb diz que a origem do grupo é a Grande São Paulo, mas que está, “em bom número”, na área de Ribeirão Preto, e “em número ainda maior” na região de Campinas. A carta menciona que teria havido uma primeira missiva, na qual a suposta Farb teria deixado “bem claro” que não está aqui “para assassinar pessoas do PT”.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Marco Vinicio Petreluzzi, disse ontem que as investigações sobre a Farb iniciaram há quatro meses e que a po1ícia já tem alguns indícios sobre a organização. No entanto, o secretário não detalhou os resultados das investigações. Para os serviços de inteligência da Polícia Federal e das Forças Armadas, a suposta Farb é um fantasma.


Imperícia pode ter facilitado a ação
Os tiros e as batidas contra a Mitsubishi Pajero em que estava o prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), podem não ter sido as causas de o veículo ter parado.

O diretor da Blindsul, Jamal Abdo, de Porto Alegre, acredita que a imperícia do amigo do prefeito, o empresário Sérgio Gomes da Silva, que dirigia a caminhonete, pode ter facilitado a ação dos seqüestradores.

Abdo analisou imagens do veículo e reconstituições da ação e chegou a ligar para colegas em São Paulo para saber mais informações. Pelo que pôde observar, a blindagem do veículo suportou de forma satisfatória o impacto dos tiros.

Mesmo com o pneu furado, a caminhonete ainda poderia trafegar, explica. Os pneus eram revestidos internamente por uma cinta metálica, provavelmente de aço. Com o impacto de um projétil, o pneu perde um pouco de altura, mas mantém a estabilidade.

As batidas na traseira, nas laterais e na frente aparentemente não ocasionaram maiores danos, pois o air-bag (sistema de segurança que absorve impactos) não chegou a ser acionado. Abdo explica que o air-bag – de carros blindados ou não – tem sensores para impacto na frente e nas laterais. Uma batida atrás não teria influência alguma. Por todos os fatores, Abdo acredita em imperícia do condutor.

– Como a Pajero é um veículo que agüenta bem os impactos, penso que o motorista ficou nervoso, deixou o veículo apagar e ainda estava com as portas abertas – analisa Abdo.


Petistas acreditam em crime político
Integrantes do PT sustentam que a morte de dois prefeitos do partido em menos de seis meses não teria sido coincidência

A morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel, chocou o PT e levantou a suspeita dos membros do partido de que crime tenha sido de natureza política.

O governador Olívio Dutra afirmou, no início da tarde de ontem, que a perda do colega, do modo que aconteceu, é “uma ação política contra as idéias petistas”.

O presidente do PT gaúcho, David Stival, foi mais contundente. Ele afirmou que a morte de Daniel, assim como o assassinato do prefeito de Campinas, Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, em setembro, foi de cunho político.

– As duas foram ações de movimentos de direita, incomodados com as boas administrações de nossos prefeitos – disse.

O delegado Romeu Tuma Júnior, responsável pela área de Juquitiba, onde foi encontrado o corpo do prefeito, disse que o crime tem características particulares que permitem supor que se trata de crime político.

O prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro declarou que, independentemente de o crime ter sido cometido por marginais comuns, o assassinato do prefeito de Santo André tem estatuto político:
– Ele abala a estabilidade da sociedade brasileira, o funcionamento das instituições e violenta todo um setor da sociedade, representado por nós. Portanto é um crime que tem estatuto político.

Tarso, que se encontrou na quinta-feira com Daniel, com quem almoçou, disse que o prefeito de Santo André não tinha preocupação com a segurança.

O líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA), afirmou que o partido vai organizar um grande ato na quinta-feira, em São Paulo, para denunciar a violência e as ameaças contra parlamentares, prefeitos e dirigentes petistas. A morte do prefeito de Santo André, segundo Pinheiro, é a prova de que o governo federal não tinha a dimensão da seriedade das ameaças feitas contra políticos do partido. O PT pretende divulgar os nomes dos políticos que estão sendo ameaçados e relatar vários atentados já ocorridos.

Em reação ao assassinato de Daniel, o PT de Campinas pediu ontem à polícia prioridade na apuração de crime político em relação ao assassinato do prefeito de Campinas. Segundo nota divulgada pelo diretório municipal do partido, as mortes de dois prefeitos do partido em menos de seis meses não podem ser consideradas como coincidência.

Aos 50 anos, Celso Daniel era uma figura em ascensão dentro do PT. Foi escolhido a dedo por Luiz Inácio Lula da Silva para coordenar seu programa de governo. Sua experiência administrativa o colocava na condição de conselheiro do candidato à presidência em matérias relacionadas a economia e planejamento de governo. Dentro do partido, dava-se como provável que o prefeito seria ministro em um eventual governo do petista.

Daniel era a síntese do PT que moderou seu discurso e afastou-se de velhas bandeiras marxistas. Era amigo de empresários e grandes comerciantes, colocava-se contrariamente ao aumento generalizado no gasto público e favorecia o rigor fiscal. Encaixava-se à perfeição na imagem do “novo PT” que o partido se esforça para construir.

Discreto e calado, fazia o tipo do político que demonstrava desconforto em cima de um palanque. Professor da Fundação Getúlio Vargas e da Pontifícia Universidade Católica, conti nuava a dar aulas mesmo na prefeitura.

Devido ao assassinato de Daniel, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), decretou luto oficial de três dias no Estado e ponto facultativo nas repartições públicas de Santo André. A prefeita da capital paulista, Marta Suplicy (PT), também decretou luto oficial de três dias na cidade.
O enterro do prefeito deverá ocorrer hoje à tarde. Ele será enterrado no túmulo do pai, Bruno Daniel, que foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Santo André. O corpo está sendo velado na Câmara de Vereadores.


PT realiza prévia para governador em março
Tarso Genro confirmou sua inscrição na disputa, mas Olívio Dutra foi evasivo ao responder se participaria

De nada adiantaram os números apontados pela pesquisa do Ibope encomendada pelo PT para avaliar o quadro eleitoral no Estado. O partido deverá decidir a chapa majoritária por meio de uma prévia, em 17 de março.
O prefeito da Capital, Tarso Genro, confirmou sua inscrição na disputa, mas o governador Olívio Dutra foi evasivo ao ser questionado sobre o assunto.

– Estou disposto a construir a unidade do partido. Essa é a minha resposta – respondeu Olívio, no final da tarde de sábado, durante o encontro do diretório regional, no Hotel Umbu, na Capital.
Os repórteres insistiram se o governador inscreveria seu nome para a prévia.
– Essa é a minha resposta – repetiu Olívio, duas vezes.

Tarso demonstrou convicção ao anunciar sua participação na prévia, às 11h de sábado, cerca de seis horas antes de ser definida a data do pleito. Há duas semanas, o prefeito condicionara sua candidatura a uma performance melhor do que a de Olívio na pesquisa. Ontem, Tarso afirmou que os resultados obtidos demonstram a conveniência de sua indicação.

No sábado, os números do Ibope eram transmitidos aos cochichos pelos corredores do Umbu, com os interlocutores descrevendo um quadro ligeiramente vantajoso a Olívio. Oficialmente, o PT está impedido de divulgar o levantamento, que não foi registrado na Justiça Eleitoral. A pesquisa apontou uma situação desfavorável para o partido no Estado.

– As versões dadas pelos defensores da candidatura do Palácio Piratini são absurdas. O que a pesquisa demonstra é que estão mantidas todas as razões para a minha candidatura. O que devemos discutir agora, se a pesquisa estiver certa, é se é o candidato a partir do governo, ou o que está de fora dele, o que será capaz de reverter a situação difícil em que o partido se encontra – disse Tarso.
– Não estamos nem aí para esse tipo de pesquisa – afirmou o governador.
As inscrições para a prévia deverão ocorrer no dia 15 de fevereiro. O vereador Estilac Xavier e o vice-prefeito de Santa Maria, Paulo Pimenta, ligados ao grupo PT Amplo e Democrático e principais articuladores da candidatura de Tarso, acreditam ainda que o partido poderá evitar a prévia.
– O PT deve buscar o consenso – afirmou Estilac.
– E o consenso deve se dar um torno do nome dele (Tarso) – completou Pimenta, distribuindo um adesivo com o nome do prefeito, sem nenhuma referência a cargo ou data.


Resultados chocam dirigentes petistas
Os resultados da pesquisa do Ibope encomendada pelo PT hocaram os líderes do partido, que ouviram em silêncio a leitura do material, na reunião do diretório regional, no sábado.
Os números apontados pelo Ibope revelaram uma situação preocupante para a legenda no Estado, indicando a possibilidade de derrota de Luiz Inácio Lula da Silva. O desempenho do governador Olívio Dutra e do prefeito da Capital, Tarso Genro, pré-candidatos ao Piratini também deixaram a desejar.

Em um eventual segundo turno, Lula perderia a eleição para a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL). No Rio Grande do Sul, o petista venceu as três disputas pelo Palácio do Planalto ocorridas desde 1989. As dificuldades do partido foram atribuídas à atuação no PT no Executivo estadual. A pesquisa indicou que Tarso ou Olívio perderiam em primeiro turno mesmo enfrentando simultaneamente o ex-governador Antônio Britto (PPS) e o presidente da Assembléia Legislativa, Sérgio Zambiasi (PTB), que dividiriam seu próprio eleitorado.

– Os resultados não foram além do que conhecíamos, mas temos segurança. A pesquisa foi controlada por nós – disse o presidente estadual do PT, David Stival.

Pesquisas anteriores, produzidas pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (Cepa) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e publicadas por Zero Hora, mostraram cenários em que Britto aparece à frente no primeiro turno, com o governador liderando nos índices de rejeição. O crescimento de Roseana em redutos dominados pelo PT foram registrados pelo Datafolha no final de 2001.


PPS empurra decisão para maio
Candidatura a governador será definida depois de negociações com outros partidos

O suspense em torno de uma eventual candidatura do ex-governador Antônio Britto (PPS) deverá se prolongar até maio.

O partido realizou no sábado o primeiro encontro do diretório regional sob a presidência do deputado federal Nelson Proença. A prioridade da legenda nos primeiros meses de 2002 será estruturar o PPS no Estado e reforçar a candidatura de Ciro Gomes ao Palácio do Planalto.

A decisão, divulgada ontem pela assessoria de imprensa do PPS, foi antecipada na tarde de sábado por Britto. O ex-governador também relatou que estaria ocorrendo um avanço nas negociações nacionais com o PDT. O objetivo é a reconstituição de uma aliança entre os dois partidos, rompidos desde outubro do ano passado. O ingresso de Britto (ex-PMDB) no PPS foi um dos pivôs da crise com o PDT. Segundo o ex-governador, a retomada do diálogo “é entendida como muito positiva” dentro do partido:
– Mas todo mundo defende idéia de que se busque contato com os demais partidos, não só para ganhar a eleição, mas também para se poder administrar a terrível herança do atual governo.

Segundo Britto, a estratégia do PPS será a de se apresentar como uma legenda “que tem nomes, mas sem imposições”. Ainda na tarde de sábado, o ex-governador comentou os primeiros números da pesquisa do Ibope, encomendada pelo PT. Na pesquisa, ele e o presidente da Assembléia Legislativa, Sérgio Zambiasi (PTB), aparecem à frente dos pré-candidatos do PT em todas as simulações de primeiro e de segundo turno para o governo do Estado.
– A primeira manifestação deve ser de gratidão. Essas pesquisas são caras. Se não fosse o PT, não teríamos conhecimento dessa situação. Ainda bem que o PT tem dinheiro para isso – ironizou o ex-governador.

Os participantes da reunião, no Hotel Continental, em Porto Alegre, estranharam que a pesquisa não tenha sido decisiva para o PT definir o nome do candidato majoritário.

A próxima reunião da executiva estadual do PPS ficou marcada para o dia 4 de fevereiro, em Porto Alegre.


Artigos

Paralelo desconcertante
Paulo Brossard

Tanto aprecio a Argentina e tanto me desgostam seu infortúnios, que tinha o propósito de não mais ocupar-me com o que lá se passa, mas o que ocorre além do Rio da Prata suscita tantas reflexões que não hesito em retomar o assunto, aqui já versado mais de uma vez. No entanto logo verá o leitor que menos me atrai o triste espetáculo argentino do que o descuido tradicional da nossa gente. Não darei atenção à fragilidade do governo de Buenos Aires, à incerteza de sua política, às renovadas manifestações de rua a traduzir a impaciência das almas, ou à importância das nossas transações, enfim, de mil e uma coisas da maior significação; o que me impressiona é que tudo o que aconteceu, está acontecendo ou vai acontecer não foi, não é e não será por acaso. Durante mais de meio século, o populis mo, que é a degeneração da democracia, foi demolindo os valores nacionais, um a um, até chegar à dissolução atual. Ocorre-me lembrar que, em 1945, a Alemanha era o caos, a economia arrasada, a população adulta dizimada, a ocupação estrangeira, a nação dividida, enquanto a Argentina era a riqueza, a fartura, a tranqüilidade, na guerra de que não participara não perdera um homem, seus armazéns, silos e frigoríficos abarrotados num mundo faminto. Decorridos 50 e poucos anos, onde está a riqueza e onde a miséria? Como e por que isso sucedeu? Uma coisa é certa, não foi por acaso, nem de um dia para o outro que se operou a mutação, mas tudo se verificou dia a dia, uma se reerguendo, outra se afundando.

Se sou levado a insistir num problema que não é nosso, é porque, a despeito de todas as diferenças entre Argentina e Brasil, similitude nada desprezível existe entre o que aconteceu lá e o que vem acontecendo aqui, sob os nossos olhos descuidosos e descuidados.

O autoritarismo terminou, mas suas conseqüências não se apagaram; os estragos do arbítrio permanecem; a causa desapareceu, os efeitos perduram. E o que vem acontecendo entre nós, de maneira regular, senão contínua, no sentido antinacional, em contraposição aos valores tradicionais, parece que por ninguém é visto e muito menos dimensionado.

Esses fragmentos evidenciam, a meu juízo, um processo
degenerativo da sociedade

A Constituição repete que a propriedade é um direito por ela assegurado e, não obstante, nunca se praticou a violação desse direito com tamanho desembaraço, como se fosse a coisa mais natural do mundo, e nada acontece; por motivos vários, a indiferença, que é uma forma de covardia, faz que não vê e não ouve, e seguramente não fala e não age. Nem mais os instrumentos legais são acionados; permanecem inertes e começam a incorporar-se à dissolução incipiente; é mais cômodo e custa menos.

O Estado tem dívidas para com milhares de pessoas, dívidas líquidas e certas, assim caracterizadas por decisões definitivas da Justiça, mas não as paga, a despeito do que prescreve a Constituição; os credores, em sua grande maioria, são pessoas humildes e necessitadas; em compensação promove, com fogos de artifício, o Fórum Social Mundial... E não acontece nada, além de descrédito às instituições, à lei e à justiça.

Delinqüentes libertam delinqüentes das prisões do Estado, a revelar que sua organização é superior à dele e melhor sua eficiência; o fato não passa das notícias, que se apagam com o dia. E a sociedade aceita o fato, muçulmanamente, como algo normal, senão inevitável, quando ele revela como ela está desarmada e despreparada para defender os bens materiais e imateriais da nação.

O chefe do Estado, andando pela estepes russas, não hesita em afirmar que o governo nada tem com os juros escandalosos que imperam no país, pois eles dependem do preço da gasolina (sic), embora por duas vezes ele tenha aumentado os juros, da noite para o dia, em 100%! Quer dizer, como não se trata de ignorância, trata-se de galhofa, de zombaria, de ultraje, que não fica bem na boca de qualquer autoridade e muito menos de um chefe de Estado, com a agravante de ser feita no estrangeiro e em viagem oficial.

Esses fragmentos, arrolados a esmo, evidenciam, a meu juízo, um processo degenerativo da sociedade, e muitos outros poderiam ser catalogados, a mostrar que o país vai perdendo visivelmente os padrões que modelaram sua formação e afirmação nacional. Até quando isso poderá continuar grassando na alma da nação sem que aconteça o que está desgraçando a nação vizinha?


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

A sucessão presidencial
O lançamento da candidatura do ministro da Saúde, José Serra, à sucessão de Fernando Henrique Cardoso é o fato novo na aliança partidária que dá sustentação ao governo. Esse deve ter sido o assunto durante o vôo de 13 horas que separa Brasília de Moscou e de Kiev na fria Europa do Leste. Ontem, ao deixar a bela capital da Ucrânia, Fernando Henrique Cardoso falou com os jornalistas no pátio do Museu Lavra, quando a temperatura estava em 15 graus negativos. O frio excessivo tirou a inspiração do presidente, que evitou responder a todas as perguntas relacionadas à candidatura Serra, mesmo que tenha ficado extasiado com a beleza das obras que acabara de ver pela primeira vez e que refletem o apogeu da cultura e do império eslavos.

O líder do governo na Câmara Federal, Arnaldo Madeira, não se surpreendeu com o gesto do governador do Ceará, Tasso Jereissati, de comparecer ao lançamento da candidatura do nome que vinha contestando publicamente. Defensor de José Serra e representante do PSDB na comitiva oficial de FH na viagem à Rússia e à Ucrânia, o parlamentar deve ter ficado entusiasmado com o apoio explícito dado pelo líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima, à candidatura do ministro da Saúde. Nesse partido, não há consenso. O prefeito de Joinville, Luís Henrique da Silveira, que integrou a comitiva oficial nas visitas à Rússia e à Ucrânia, quer que a decisão da base por candidatura própria seja respeitada. Seu candidato nas prévias do PMDB é o senador Pedro Simon. Na disputa pela presidência da Câmara e do Senado, PMDB e PSDB fizeram acordo com vistas à sucessão de Fernando Henrique Cardoso. A derrota do candidato do PFL, Inocêncio Oliveira, e a vitória de Aécio Neves abriram um flanco que pode aumentar por dois motivos: 1) a ascensão da candidatura da governadora Roseana Sarney e 2) a decisão de José Serra em adiantar o lançamento da candidatura na tentativa de melhorar sua performance nas próximas pesquisas eleitorais.

O governador do Paraná, Jayme Lerner, do PFL, disse que a candidatura própria está consolidada. Entretanto, Lerner, como FH, prefere que a aliança governista consiga até maio definir uma chapa única que confirme a aliança já no primeiro turno. Vai ser difícil. Especialmente se o nome da governadora do Maranhão continuar se consolidando como opção do eleitorado. Até maio Fernando Henrique Cardoso tem certeza de que terá condições de acomodar todas as correntes e a aliança será preservada.


JOSÉ BARRIONUEVO

PT procura um salvador
A supersigilosa pesquisa Ibope encomendada pelo PT será guardada a sete chaves pelos dirigentes. O motivo é óbvio: os resultados não são bons para o partido como um todo. Debruçados sobre os resultados, os petistas agora terão de decidir quem é o melhor nome para garantir uma vitória nas urnas. Fica em segundo plano a discussão entre Tarso Genro ou Olívio Dutra. Agora, passa a ser prioridade a definição de uma estratégia para garantir o espaço do partido na disputa. A prévia será no dia 17 de março.

A garantia de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva entre os gaúchos também cai por terra com a pesquisa. Desde 1989 Lula foi o puxador de votos do PT no Rio Grande do Sul, situação que agora começa a mudar.

Passarinha
Do governador Olívio Dutra sobre os resultados da pesquisa do Ibope:
– Não nos abate a passarinha.

Versinho para Tarso
Falando menos e informando mais do que a turma do prefeito Tarso Genro, petistas que apóiam a reeleição do governador Olívio Dutra tomaram a dianteira na divulgação da pesquisa do Ibope. Chegaram a compor versos para ilustrar a situação:
“E agora, Tarso Genro?
A pesquisa acabou,
Você não ganhou.”

Sinal ruim
Os repórteres que acompanharam a reunião do diretório estadual do PT, sábado, num dos salões do Hotem Umbu, perceberam um silêncio sepulcral dentro da sala no momento em que os números da pesquisa estavam sendo analisados. Enquanto isso, o vice-prefeito de Santa Maria, Paulo Pimenta, atendia telefonema do prefeito de Bagé, Luiz Fernando Mainardi, que bastante curioso indagava sobre os números. Pimenta tentava d esconversar:
– O sinal está ruim.
Seria o sinal da telefonia, ou o cenário é que estava ruim?

Mais apoios
A corrente do PT Esquerda Democrática apoiará a indicação do governador Olívio Dutra para disputar a reeleição. O grupo terá como representantes no confronto o chefe da Casa Civil, Flávio Koutzii, que brigará nas hostes petistas pela indicação para o Senado, o deputado estadual José Gomes, que tenta reeleição, o secretário substituto da Casa Civil, Gustavo de Melo, também para a Assembléia Legislativa, e o deputado federal Henrique Fontana, igualmente para a reeleição à Câmara dos Deputados.
“Sou candidato ao Senado e ao Senado”
FLÁVIO KOUTZII,
chefe da Casa Civil

Rigotto no Piratini
Pela primeira vez os três nomes mais cotados para disputar o Palácio Piratini pelo PMDB fizeram um roteiro juntos pelo Interior: Mendes Ribeiro Filho, Cézar Schirmer e Germano Rigotto. Os dois primeiros não têm pretensão de disputar o governo agora. Poderá ser Rigotto, aclamado por todos os lugares onde passa.

Balanço adiado
A prestação de contas do prefeito Tarso Genro, inicialmente prevista para hoje, às 18h, foi suspensa em razão da morte do prefeito de Santo André. Tarso está em São Paulo desde ontem.

Coincidência
Flávio Presser, presidente Instituto Século XXI, desvincula do ex-governador do Estado Antônio Britto os outdoors que tratam das promessas não-cumpridas do PT e pedem paz no Estado. Coincidência de discurso, nada mais.

Corpo-a-corpo na praia
José Fortunati (PDT) está se especializando em fazer campanha nas areias. No final de semana, fez mais um roteiro de cumprimentos, acenos e beijos nos eleitores que descansam no Litoral. Mediu a pressão para ver se estava tudo bem e depois seguiu para Rainha do Mar para abraçar o senador Pedro Simon (PMDB).

Senador de bom trânsito
Em campanha para a Presidência da República, o senador Pedro Simon (PMDB) abre as portas de sua casa de praia a todos os partidos. Além de José Fortunati e uma comitiva de parlamentares do PDT, passaram por lá neste final de semana o ex-candidato a prefeito de Porto Alegre Valter Nagelstein, do PPS, e o deputado estadual Alexandre Postal, do PMDB.


ROSANE DE OLIVEIRA

Enigma para o país
A discussão que se trava no país sobre segurança, a partir do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, poderia ter começado bem antes, não fosse o atentado terrorista que destruiu as torres do World Trade Center, em Nova York. Na noite anterior, o prefeito de Campinas, Antônio da Costa Santos, fora assassinado com três tiros. A notícia, que abalou os petistas em todo o Brasil, perdeu impacto na opinião pública diante das imagens dos aviões se espatifando contras as torres gêmeas.

Se a morte dos prefeitos de duas das maiores cidades de São Paulo tem ligação entre si, a polícia ainda não sabe. O que se sabe é que os dois, assim como outros prefeitos e líderes petistas, receberam ameaças de morte. Diante da demora no esclarecimento do assassinato do prefeito de Campinas, o presidente do PT, José Dirceu, foi ao ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, pedir providências. Ao ministro, Dirceu entregou um dossiê com as ameaças.

O crime de Campinas teria sido apenas um assalto numa cidade marcada pela violência. Só que depois dele intensificaram-se as ameaças a líderes do PT e agora Celso Daniel foi executado depois de um seqüestro em que ninguém pediu resgate. O pânico se justifica.

A hipótese de que tenha sido confundido com um milionário porque usava terno e gravata e viajava no banco do carona de uma Pajero blindada não resiste à primeira pergunta. Por que os seqüestradores encheriam de balas um homem que não se enquadrava no perfil dos seqüestráveis? Se a conclusão for de que Daniel é só mais uma vítima da violência urbana, São Paulo terá chegado ao cúmulo da coincidência: dois prefeitos do mesmo partido, assassinados de forma misteriosa com quatro meses de diferença.


Editorial

UMA TENDÊNCIA DESEJÁVEL

Alguns sinais parecem confirmar a tendência que vem sendo detectada e desejada já há algum tempo pelo país: a de que a economia brasileira começa uma vez mais a aquecer os motores. Dentre eles, especialistas apontam o incremento da atividade industrial verificado a partir de novembro de 2001, notadamente no que respeita a bens de consumo duráveis, semiduráveis e não-duráveis. A própria Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores referenda essa propensão ao constatar que o setor retoma um patamar muito próximo do nível máximo de produção.

Depois de um ano difícil, decorrente da imprevisão governamental que nos conduziu ao racionamento de energia, da crise argentina, que por um momento ameaçou com a desestabilização do real, e da recessão que atinge alguns dos pesos pesados da economia mundial, tais perspectivas são alentadoras, em particular porque podem levar igualmente a uma queda nas taxas de juros. Mas se a conjuntura autoriza alguma esperança, é aconselhável não perder de vista alguns dados relevantes das realidades interna e externa.

Se a conjuntura autoriza alguma esperança, convém atentar para a
realidade interna e para a externa

Como estamos em um ano eleitoral, há sempre a possibilidade de descontrole dos gastos públicos. Nada mais indesejável depois de um exercício em que o Brasil não logrou cumprir a meta inflacionária de 4%, com tolerância de dois pontos percentuais. Segundo o Banco Central, a variação de 7,67% do Índice de Preços ao Consumidor Ampliado deveu-se em primeiro lugar ao repasse cambial. Mas o vilão seguinte foram as tarifas administradas, ou seja, aquelas fixadas pelo próprio governo e não pelo livre jogo do mercado. Pressões similares em 2002 comprometeriam a nova meta, projetada em 3,5%. Mais do que isso, impediriam uma queda significativa da Selic, fundamental para uma expansão do Produto Interno Bruto.

Um outro aspecto que não pode ser descurado é o do adequado gerenciamento da dívida, seja a doméstica, seja a com o Exterior. A Argentina é um trágico exemplo de como uma economia pode desmoronar, vergada ao peso de compromissos insustentáveis. Dessa preocupação é inseparável a busca da continuidade do bom desempenho da balança de trocas. Estímulos creditícios, redução da burocracia, incentivo às pequenas e médias empresas, um esforço persistente de promoção comercial, apoio à agricultura, qualificação tecnológica dos bens exportados para que agreguem maior valor, promoção comercial eficaz e uma cruzada permanente contra as barreiras alfandegárias são alguns dos requisitos-chave para a ampliação do superávit obtido em 2001.

Mas o tema de casa não estará completo sem avanços no campo das transformações estruturais, com ênfase para as reformas previdenciária e tributária, a primeira deploravelmente incompleta e a segunda sistematicamente jogada às calendas gregas. É evidente que isso exigirá esforços árduos do Executivo e do Legislativo, mas a causa em jogo os justifica: a retomada do crescimento em padrões à altura de nossas potencialidades humanas e materiais.


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01/21/2002


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