NEY SUASSUNA HOMENAGEIA JOÃO CALMON



Para o senador Ney Suassuna (PMDB-PB), a morte do ex-senador João Calmon privou a educação brasileira de seu maior defensor. Em breve comunicação realizada nesta terça-feira (12/01), Suassuna enalteceu as qualidades de Calmon, falecido no dia anterior.A luta do ex-parlamentar para que um percentual da receita das administrações pública fosse obrigatoriamente aplicado nos sistemas de ensino foi destacada por Suassuna.- Foi uma luta bem sucedida porque, na Constituinte de 1988, quando presidia a Comissão de Família, Educação, Cultura e Esportes, João Calmon viu, finalmente, ser fixado o índice de 18 % do Orçamento da União para despesas com a educação - afirmou.Para o senador, o falecimento de Calmon foi acompanhado de imediato reconhecimento de seu trabalho. Ressalvou, porém, que esse reconhecimento apenas começa, e vai crescer à medida em que se aprofundar, no Brasil, a consciência sobre a importância da educação.Suassuna destacou os principais aspectos da vida de Calmon, nascido no distrito de Baunilha, município de Colatina (ES), em 1916. Ingressou no jornalismo em 1937, como repórter do Diário da Noite. Um ano depois formou-se em Direito e foi enviado por Assis Chateaubriand para Fortaleza (CE), onde dirigiu o Correio do Ceará. Casou-se com Maria Terezinha Santiago, com quem teve cinco filhos. De 1968 a 1980, presidiu os Diários Associados.Foi eleito deputado federal em 1962 e 1966 e senador em 1970, 1978 e 1986, sempre por seu Estado natal. Em 1976 apresentou a emenda constitucional que garantia um mínimo de 12% do orçamento da União para a educação, que foi recusada. Em 1984, a chamada Lei Calmon foi aprovada em percentual inferior (13%), aumentado para 18% na Constituinte.- Esse seu trabalho gigantesco, quixotesco, granjeou-lhe até mesmo o respeito dos adversários políticos - afirmou Suassuna.O senador destacou que "o futuro das nações está indissoluvelmente ligado ao desempenho de seus sistemas educacionais". Lembrou também que, na era pós-industrial, "a riqueza das nações é determinada mais pela capacidade de gerar novas técnicas, processos e produtos, em laboratórios de tecnologia avançada, do que pelo número de fábricas".Para Suassuna, ainda há um grande trabalho a ser feito no Brasil, com a conscientização de "certos administradores públicos para a importância de se criar e manter bons sistemas de ensino nos Estados e municípios".- Mas estamos caminhando nesse sentido, e rapidamente. O governo do professor Fernando Henrique Cardoso fez muito e ainda fará mais. O certo é que, no futuro, a cada avanço obtido pelo Brasil na questão do ensino, sempre haverá alguém para lembrar que todo o esforço para construir um sistema educacional eficiente no Brasil começou com João Calmon - finalizou.

12/01/1999

Agência Senado


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