Niemeyer recebe últimas homenagens em Brasília
O arquiteto Oscar Niemeyer recebeu, nesta quinta-feira (6), suas últimas homenagens no Palácio do Planalto, em Brasília, cidade onde estão suas obras mais marcantes. O velório começou por volta de 15h, após cortejo em carro aberto desde a Base Aérea, passando pelo Eixo Rodoviário Sul e pelo Eixo Monumental, até a Praça dos Três Poderes.
No Planalto, os presidentes do Senado Federal, José Sarney; da Câmara dos Deputados, Marco Maia, do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa e a própria presidente da República, Dilma Rousseff, além de ministros, parlamentares, governadores, demais autoridades e a viúva, Vera Lúcia Cabreira, renderam homenagens ao artista. Depois da cerimônia restrita, por volta das 17h, o Salão Nobre do Palácio do Planalto foi aberto ao público. O velório será encerrado às 20h, quando o corpo de Niemeyer seguirá de volta para o Rio de Janeiro, onde será enterrado.
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que esteve no Planalto, afirmou que Niemeyer sempre orgulhou os brasileiros. Ele destacou a coerência de Niemeyer e frisou que ele foi um homem que realizou os seus sonhos e fez com que os brasileiros sonhassem.
- Hoje é um dia triste, mas é um dia para celebrar a vida de Niemeyer, um legado de coerência e de realização de sonhos – disse.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que também participou do velório, disse que a iniciativa da presidente Dilma Rousseff de oferecer o Palácio do Planalto à viúva de Niemeyer para a realização do velório foi "acertada e feliz" - considerando justo que a despedida do arquiteto tenha se dado em meio as suas obras.
- Oscar Niemeyer foi um arquiteto que projetou coisas maravilhosas do ponto de vista da arquitetura, com curvas sensuais como ele costumava dizer, mas ele era um homem que nunca deixou de lutar pela superação das injustiças. Ele foi muito além de um projetista, ele foi um construtor, um arquiteto da nação brasileira – declarou Suplicy.
O neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho, sobrinho do arquiteto, disse que o maior legado de seu tio foi o exemplo de vida que deixou: um modelo de correção, de ética e de sonho, com valores muito raros hoje em dia. Paulo Niemeyer também destacou a simplicidade do tio, que “era um brasileiro comum”.
- Ele não podia ir sem voltar a Brasília e se despedir. Brasília é uma cidade que ele marcou e o marcou muito. Ele não é mais só um membro da nossa família; ele pertence a uma coisa mais ampla que é a nação. Ele seguiu agora um novo projeto que é só dele, e estará sempre vivo nesse legado, nessa obra que ele deixou – afirmou.
Estudantes de arquitetura e fãs do artista foram prestar suas últimas homenagens, como Luana de Carvalho, 21 anos:
- Ele dizia que precisamos primeiro sonhar para depois projetar. Eu acredito muito nessa frase dele e levo isso como um estímulo para o que eu quero fazer - disse.
O Senado levantou a sessão plenária em homenagem ao artista, após discursos de despedida de vários parlamentares. A Câmara dos Deputados também rendeu homenagens, inclusive com a realização de um minuto de silêncio.
Oscar Niemeyer morreu na noite de quarta-feira (5) em decorrência de infecção pulmonar, no Hospital Samaritano, no Rio. Ele estava internado havia pouco mais de um mês. O arquiteto tinha 104 anos.
Vida e obra
Nascido no dia 15 de dezembro de 1907, no Rio de Janeiro, Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares estudou arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes e estagiou no escritório de Lúcio Costa, o arquiteto e urbanista autor do projeto de Brasília. Uma de suas primeiras obras, elaborada em 1936, em parceria com o arquiteto francês Le Corbusier, sua influência assumida, foi o prédio conhecido como “O Berço”, na antiga capital brasileira. Quatro anos depois, ele conheceria o então governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, que o incumbiria de projetar o Conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte.
Essa amizade com JK lhe rendeu o convite para auxiliar na construção da nova capital federal, no interior do país. A partir do Plano Piloto em formato de avião, de Lúcio Costa, Niemeyer concebeu os principais palácios e edifícios de Brasília: Congresso Nacional, Palácios do Planalto, da Alvorada, e da Justiça, Catedral de Brasília, Itamaraty, Teatro Nacional e os ministérios, Casa do Cantador, entre outros.
Mesmo já mais velho, a produção do arquiteto nunca parou. Na década de 1980, projetou o Sambódromo, no Rio de Janeiro, o Memorial da América Latina, em São Paulo; nos anos 1990, o Museu de Arte Contemporânea, de Niterói e o Auditório do Ibirapuera; nos anos 2000, o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba; e em 2011, o Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Avilles, na Espanha.
Niemeyer foi um dos arquitetos mais premiados no mundo todo, tendo sido agraciado, por exemplo, com o Prêmio Pritsker de Arquitetura, dos Estados Unidos; o Prêmio Príncipe das Astúrias das Artes, da Espanha; o Praemium Imperiale, da Japan Art Association; o Título de Doutor Honoris Causa da Universidade Técnica de Lisboa; e a declaração de Patrono da Arquitetura Brasileira, segundo a Lei 11.117/2005, entre outros.
06/12/2012
Agência Senado
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