No Palácio dos Bandeirantes, arte moderna e aulas de ecologia



Exposição dos modernistas e aula sobre o meio ambiente estão abertas à visitação do público e de escolares

Nos jardins do Palácio dos Bandeirantes, quase 30 crianças de 5 e 6 anos da Escola Ursinho Branco, do Real Parque, zona sul da cidade, conheceram as árvores pau-brasil (símbolo do País), pau-ferro, ipê-amarelo, ipê-roxo e café. Na área interna, apreciaram a exposição “Modernismo: Lutas e Sonhos 1930 – 1945”. O Palácio dos Bandeirantes mantém há mais de dez anos exposições abertas ao público, atividade conhecida como Visitando o Palácio. Desde o começo do ano, a ação integra o programa educativo Caminhos, do Centro de Monitoria do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado e desenvolve mostras temporárias. De janeiro a setembro, recebeu mais de 11 mil pessoas. Nos últimos três anos foram quase 24 mil visitantes.

Isaura Bonavita, diretora do Centro de Monitoria, distribuiu à criançada cartões-postais com imagens das obras artísticas. Cada aluno tinha de procurar o quadro correspondente da foto. Modernismo: Lutas e Sonhos 1930 – 1945 apresenta 27 objetos do cotidiano da Revolução Constitucionalista de 1932, dos imigrantes e outros 40 monstrando paisagens, retratos e naturezas-morta de renomados artistas da época.

Entre eles, Operários (1933), de Tarsila do Amaral; Paisagem (1935), de Mário Zanini; Ruela (s.d.) e Procissão de Barcos (décadas de 40 e 50), as duas de Alfredo Volpi. Estão expostos Retrato de Paulo Rossi Osir (1935) e Busto e Rosto de Mulher (s.d.), ambos de Cândido Portinari; Paisagem do Morumbi (1944), de Rebolo Gonsales e esculturas Guerreiro (década de 40) e Homem Caminhando (década de 40), de Ernesto de Fiori, e Cabeça de Mário de Andrade (s.d.), de Bruno Giorgi.

João-de-barro

A lousa interativa foi uma atividade bastante concorrida. Para começar a brincadeira, Isaura perguntava aos pequenos: “Quem se lembra da árvore diferente, com tronco branco e cinza, que vimos lá fora?” Com as dicas da instrutora, responderam: árvore pau-ferro. A seguir, a monitora Raquel Elena Ruiz revelou no projetor quadros de paisagem do acervo – como obras de Rebolo – para compará-los à paisagem natural do jardim.

As instrutoras convidaram vários alunos a usar uma caneta especial para desenhar e colorir na lousa interativa. Ansiosa para pintar na tela, a pequena Gabriela Pereira Rodrigues Chade, de 5 anos, citou o que mais lhe agradou: “Gostei das flores, das esculturas do jardim e das bandeiras de São Paulo e do Brasil”.

Já Lucca Lourenço Mollan, de 6, deu atenção especial às esculturas das Três Mulheres (do italiano Giandomenico, sd): “Elas protegem o Palácio. Adorei a casinha do joão-de-barro na árvore e os quadros porque não têm em casa”.

Já Catarina Marshal, de 5, achou legal procurar as obras dos cartões-postais: “Nunca vi antes os quadros. Adorei dar a volta lá fora porque tem muito mato, flores e passarinhos”. 

Com o auxílio dos professores, os alunos prepararam guia turístico do Morumbi e do Real Parque. Para isso, os educadores organizam passeios em três locais de destaque da região: Parque Burle Max, Estádio do Morumbi e Palácio dos Bandeirantes. “Eles registraram essa visita maravilhosa na máquina fotográfica”, avisou a coordenadora pedagógica Ana Rita Altieri Chuster. O resultado será a produção de cartões-postais.

A professora Simone Trovão explicou que o objetivo do guia é valorizar o bairro que os alunos moram; por isso, o Palácio foi escolhido: “A visita ao jardim e à exposição são interessantes porque conheceram as cores e formas artísticas, além de aprender a diferenciar os tipos de arte”.

Visita de críticos internacionais

Não só os pequenos aguçaram a percepção artística. Críticos de arte, curadores e diretores de museus dos EUA, México, França e Holanda também visitaram a mostra. Representantes da Associação Internacional de Críticos de Arte (Aica) de 23 países do Leste Europeu, América Latina, Europa e EUA aproveitaram a participação num congresso internacional no Brasil para conhecer o acervo do Palácio dos Bandeirantes. O prédio também recebeu 28 profissionais brasileiros, entre eles o vice-presidente da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), Percival Tirapeli.

Logo que chegaram, foram recepcionados pela curadora do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo, Ana Cristina Carvalho. Sobre a visita, disse que é importante divulgar o patrimônio público do Estado de São Paulo. O presidente da Aica – Inglaterra, Henry Meyric, contou que ficou encantado com arquitetura do prédio, do italiano Marcello Piacentini. Afirmou que a obra de óleo sobre tela Brasil: Criação, Expansão e Desenvolvimento (1999), do paulistano Antônio Henrique Amaral, foi uma das que mais lhe chamaram atenção por contar a história do Brasil.

No andar superior, conheceram o acervo de obras barrocas (mineiras e portuguesas), que inclui peças de madeira do século 18 – oratórios (Portugal) e crucifixo (Bahia), custódia (Itália) do século 19 e invocações de Nossa Senhora. “Sinto inveja desse governo, porque em meu país a administração pública não promove arte dessa forma. É uma coleção bem selecionada, tanto a moderna como a sacra”, avaliou a vice-presidente da Aica – Porto Rico, Haydee Venegas. Disse que não conhecia a arte sacra brasileira e ficou surpresa com a qualidade. “Quanto ao Modernismo, achei fantástico ver Operários, de Tarsila do Amaral. Até então, só conhecia esse quadro nos livros”.

O Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo restaura e conserva mais de 1,5 mil obras: móveis antigos, pinturas e esculturas de artistas modernos, pratarias, tapeçarias e objetos religiosos. O setor também é responsável pela monitoria das exposições. “Parte dessas peças está exposta no Palácio dos Bandeirantes e a maioria no Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão”, explicou Ana Cristina. Oitenta por cento dos trabalhos foram adquiridos na década de 70 pelo então secretário da Fazenda, Luiz Arrobas Martins, os demais são resultado de doação. 

SERVIÇO

Palácio dos Bandeirantes

Avenida Morumbi, 4.500

Visitas de segunda a sexta-feira, das 10 às 17 horas

Sábados, domingos e feriados, das 11 às 16 horas

Agendamento de visitas para grupos e escolares:

De segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas

Tel. (11) 2193-8282 – site www.acervo.sp.gov.br

Entrada franca

Viviane Gomes

Da Agência Imprensa Oficial

(I.P.)

 



10/21/2007


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