Novas plantas de guaraná podem elevar produção no Amazonas



A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lança nesta quarta-feira (13) duas novas cultivares de guaranazeiro que apresentam alta produtividade e resistência a doenças. As BRS Saterê e BRS Marabitana são recomendadas para plantio como forma de aumentar a barreira à antracnose, principal doença do guaranazeiro no Amazonas. O evento começa às 9h na Fazenda Rancho Grande, em Itacoatiara (AM).

De acordo com os pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental, Firmino Filho e André Atroch, que trabalham no melhoramento genético do guaranazeiro, uma característica dessas novas cultivares é a alta produtividade, em torno de 1 a 1,5 kg de sementes secas por planta. Isso representa uma produtividade de 400 a 600 kg por hectare, ou cinco vezes mais do que a produtividade atual obtida no Amazonas. A tecnologia permite o aumento da produção sem abertura de novas áreas, o que contribui para a redução do desmatamento.

Confira a programação completa

Firmino acrescenta que, pelas características da planta, é possível ter maior adensamento no plantio, elevando para 625 plantas por hectare. “Se essa tecnologia for adotada, seria um ganho bastante representativo, entre 500% e 600% em relação aos plantios tradicionais do Amazonas”, afirma o pesquisador Firmino Filho, acrescentando que isso levaria o estado do Amazonas a retomar a posição de primeiro lugar em termos de produção de guaraná no Brasil. Atualmente o maior produtor é o estado da Bahia, onde não há problemas com doenças e pragas no guaranazeiro.

Resistência

Outra característica das novas cultivares é a resistência à doença antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum guaranicola, um dos principais problemas para a baixa produção de guaranazeiros no Amazonas. De acordo com o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, fitopatologista José Clério Rezende, essas duas novas cultivares apresentam resistência genética média, ou seja podem ser atacadas em até 25% de sua copa, mas continuam produzindo, e essa resistência é estável, pois tem se mantido ao longo dos anos. Por isso, conseguem ser mais produtivas e dispensam o uso de fungicidas para o combate ao fungo.

As plantas foram avaliadas no campo, no município de Maués, por ser uma região com grande ocorrência do fungo da antracnose. Além da resistência estável a antracnose, ambas cultivares, BRS Saterê e BRS Marabitana, apresentaram nas avaliações resistência completa à hipertrofia da gema vegetativa e galha do tronco, e suscetibilidade a hipertrofia da gema floral, que são outras doenças que afetam a planta. As plantas foram avaliadas durante oito anos em ensaios preliminares e mais dez anos em ensaios em rede estadual.

Outras cultivares

Em 2011, a Embrapa Amazônia Ocidental lançou quatro cultivares de guaranazeiro (os nomes são BRS Cereçaporanga, BRS Mundurucânia, BRS Luzéia e BRS Andirá), e agora em 2013 serão outras duas.

Novas cultivares se diferenciam das anteriores por características agronômicas específicas. A diferença entre as cultivares BRS Saterê e BRS Marabitana está também em características físicas da planta, como formato e cor dos frutos, folhas e ramos. O teor de cafeína na BRS Marabitana é de 3,8% e na BRS Saterê de 4%.

“A estratégia de lançar novas cultivares é uma forma de controlar a antracnose, aumentando a diversidade genética dos plantios e assim se criar uma barreira genética às doenças, especialmente para essa que é uma doença importante que afeta os cultivos no Amazonas”, explica o pesquisador André Atroch, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Amazônia Ocidental,

Atroch afirma que a demanda por guaraná está em ascensão, pois a indústria o tem utilizado para vários usos, como cosméticos, bebidas energéticas, refrigerantes, extrato concentrado e indústria farmacêutica. O pesquisador informa que a produção tem aumentado, tanto no estado do Amazonas quanto na Bahia, com incremento maior no Amazonas, onde vem surgindo outros polos de produção além de Maués, com novas plantações nos municípios de Itacoatiara, Presidente Figueiredo, Coari e Apuí. “O cenário hoje é bastante positivo para quem quer plantar o guaraná, e o preço, em torno de 20 reais o quilo da semente, está bastante atrativo”.

Mudas

As mudas das novas cultivares serão produzidas e comercializadas pela Fazenda Rancho Grande, viveirista credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e licenciado pela Embrapa. Mais informações podem ser obtidas através dos seguintes contatos: [email protected] ou [email protected].

O lançamento das novas cultivares é promovido pela Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM) e pela Embrapa Produtos e Mercado/Escritório da Amazônia. Conta com o apoio da Fazenda Rancho Grande, da Prefeitura de Itacoatiara e do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam - Escritório Local de Itacoatiara). A atividade também faz parte da programação da Embrapa alusiva à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2013.

Serviço

Lançamento das cultivares de guaranazeiro BRS Saterê e BRS Marabitana.

Data: 13 de novembro de 2013 (quarta-feira) - Horário: 9h

Local: Fazenda Rancho Grande (AM 010, Km 256, Itacoatiara, AM – em frente ao Mosteiro Água Viva)

Fonte:

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária



12/11/2013 17:20


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