"O ministro Minc fez um desserviço à causa da ecologia"



Durante seu discurso, a senadora Kátia Abreu foi aparteada por 17 senadores, 15 dos quais com elogios à resposta que deu ao ministro do Meio Ambiente. Dois defenderam Carlos Minc. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse que "o ministro Minc fez um desserviço à causa da ecologia", observando que há necessidade de se compatibilizar desenvolvimento com a preservação do meio ambiente.

José Agripino (DEM-RN) disse que o governo tem de explicar porque seu ministro agiu com destempero e grosseria e lamentou que se tente no país satanizar o agronegócio. Antonio Carlos Junior (DEM-BA) opinou que "a visão raivosa de meio ambiente não existe mais" e o mundo agora se preocupa com "uma coisa muito maior, que é o aquecimento do planeta". Afirmou ainda que o ministro e seus seguidores "são radicais que não se importam com a produção".

Já o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) sustentou que as declarações de Carlos Minc "não são de ministro de Estado" e que ele, agindo assim, perde a condição de continuar no posto. Eliseu Resende (DEM-MG) ponderou que, apesar dos protestos dos defensores da floresta, o Brasil não pode abandonar as rodovias que podem ligar os brasileiros ao Oceano Pacífico e os vizinhos latinos ao Atlântico.

A senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) defendeu a preservação do meio ambiente com sustentabilidade, mas "sem deixar que o homem fique faminto, sem emprego". Neuto de Conto (PMDB-SC) contestou o "Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica" - divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e pela Fundação SOS Mata Atlântica - que concluiu haver apenas 23,29% da cobertura florestal nativa de Santa Catarina. Ele disse preferir acreditar no estudo "Mapeamento da Cobertura Vegetal de Santa Catarina", financiado pelo banco alemão KFW, que eleva esse percentual para 41%.

Por sua vez, o senador Marconi Perillo (PSDB-GO) elogiou Kátia Abreu por ela vir repetindo que balizará sua atuação tanto no Senado como à frente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) no que a ciência definir. Perillo comentou que todos devem compreender que existem muitos produtores preocupados com o futuro dos seus filhos e do meio ambiente e, por outro lado, também há ambientalistas que usam apenas a retórica sem um comprometimento maior com o seu discurso.

O senador Gilberto Goellner (DEM-MT) observou que o ministro Carlos Minc classifica a questão ambiental como um embate, ao invés de buscar o diálogo e o entendimento. Por outro lado, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) destacou que, incentivado por parlamentares petistas, o ministro Minc teria reconhecido haver cometido excessos e concordado em se desculpar por ter chamado os ruralistas de "vigaristas". O senador também esclareceu que os três manifestantes do Greenpeace que realizaram protesto contra a senadora, dentro do prédio do Senado, foram liberados pela Polícia Legislativa após o registro da ocorrência.

Outro que falou sobre as desculpas do ministro Minc foi o senador João Pedro (PT-AM). O ministro teria afirmado que não generalizou quando classificou ruralistas de "vigaristas". O parlamentar amazonense lembrou que o próprio Minc disse na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado que não via incompatibilidade entre a produção de grãos e a questão ambiental.

Porém, quando retomou a palavra a senadora Kátia Abreu disse não aceitar as desculpas do ministro Carlos Minc:

- Quem chama os produtores do país de vigaristas não têm medida nem tamanho. Não acredito nestas desculpas, pois hoje mesmo (dia 2) ele nos ofendeu novamente na imprensa. O ministro apenas tirou sua máscara e demonstrou preconceito e o que pensa verdadeiramente sobre os produtores rurais - afirmou Kátia Abreu.

Jayme Campos (DEM-MT) classificou o discurso como "defesa legítima da classe valorosa dos produtores". Ele concordou que o ministro Minc foi preconceituoso ao atacar os grandes produtores rurais do país. Para Jayme Campos, Minc está "totalmente desequilibrado" e sugeriu que o governo federal dê mais atenção à regularização fundiária e ao crédito agrícola, por exemplo.

Antônio Carlos Valadares (PSB-SE)também concordou que o ministro do Meio Ambiente usou "palavreado descortês", atitude que não caberia a um ministro de Estado. Para Valadares, o Brasil deve buscar o desenvolvimento econômico junto com a sustentabilidade ambiental.

Romeu Tuma (PTB-SP) solidarizou-se com a colega e com os produtores rurais brasileiros e disse que as palavras do ministro caracterizam uma ofensa ou agressão moral. Já Flávio Arns (PT-PR) afirmou que a agricultura tem papel fundamental no desenvolvimento brasileiro, tanto a agricultura familiar quanto o agronegócio. Entretanto, acrescentou, a preservação do meio ambiente não pode ser esquecida, "por ser uma necessidade mundial".

Flexa Ribeiro (PSDB-PA) opinou que as autoridades brasileiras precisam ter uma visão voltada para o futuro do país, e acrescentou que a preservação ambiental e o desenvolvimento devem andar juntos. Ele cobrou do governo federal mais atenção para a regularização fundiária na Amazônia. Último aparteante, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) apoiou o discurso de Kátia Abreu e afirmou que o ministro Minc "não poderia ter dito aquilo". Para ele, a contribuição do agronegócio para o Brasil é inestimável.



02/06/2009

Agência Senado


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