Oficinas de humanização do Hospital Itapevi alegram pacientes
Bordado, corte de cabelo, distribuição de revistas reduzem tensão de doentes e acompanhantes
Tensão, preocupação e ansiedade são comuns a doentes, familiares e funcionários de hospitais. Para reduzir esses problemas, tornar o ambiente hospitalar mais tranqüilo e alegre e melhorar a auto-estima do paciente e seu acompanhante, o Hospital Geral de Itapevi, na Grande São Paulo, criou diversas atividades lúdicas. O trabalho é conduzido por 145 voluntários da comunidade que atuam em quatro projetos de humanização.
No Projeto Tecendo a Vida, o parente tem à disposição aulas de crochê, tricô e vagonite (tipo de bordado). Numa outra iniciativa, o paciente tem corte de cabelo grátis. Na Biblioteca Volante, escolhe sua revista favorita para se distrair. No quarto projeto, se quiser, o doente recebe conforto espiritual de religiosos.
A maioria das iniciativas existe há quase oito anos nos setores de internação da clínica médica, pediatria, ginecologia, psiquiatria e ortopedia. “A aula de bordado é também opção para ampliar a fonte de renda”, destaca a supervisora de humanização do hospital, Francisca Amaral, que mostra artesanatos feitos no local, como sapatinho de bebê, caminho-de-mesa, porta-bandeja e outros. A bordadeira leva o item para casa ou deixa no hospital. Este ano, Francisca organizará um bazar com as doações.
A voluntária Apparecida Pedroso, a Dinha, de 69 anos, é uma das que ensinam bordado no Itapevi. “Como as pessoas estão tristes, converso e brinco enquanto explico os pontos de crochê”.
Mães no crochê – Rosana dos Santos França, que tem a filha Rebeca internada há dias, com bronquite, faz uma toalha de crochê. “Acho legal essa iniciativa, porque fico menos estressada e me distraio,” avalia. Cátia Pereira de Souza, outra mãe com a filha doente, afirma: “É a primeira vez que vejo aulas de artesanato num hospital. O crochê me acalma”, assegura, enquanto faz um caminho-de-mesa.
Rosana Batalha Navajas Barbosa, supervisora da clínica pediátrica, informa que a atividade lúdica tranqüiliza o acompanhante, refletindo no paciente. Ela relata o caso de uma mãe que resistiu à internação do filho com doença crônica reumatológica, mas as atividades de humanização a tornaram receptiva e menos agressiva. “A relação dela com os médicos fluiu melhor, porque essas ações promovem o bem-estar físico e mental”, observa a médica.
A matéria-prima para o artesanato é doada por funcionários e pela comunidade. Para obter mais recurso, o papel descartado é vendido a empresas de reciclagem. Uma vez por semana, voluntárias percorrem o hospital para recolher o material.
Em 2005, Terezinha Aparecida Tortoro, 76 anos, recebeu uma prótese no quadril e, quando se recuperou, queria agradecer o êxito da operação participando de ação voluntária. Hoje, junta papel do hospital para reciclagem. “Faço com amor e carinho e fico feliz com nosso trabalho”, comemora Terezinha, que convidou Dulcéa Germano Silva, de 71, para ajudar na missão. A colega colabora há dois meses. “É bom ocupar a cabeça, pois passei por depressão recentemente”, conta Dulcéa.
A supervisora Francisca ressalta que a reciclagem de papel rende de R$ 120 a R$ 700 por mês, que são utilizados na compra de material de bordado e na promoção de eventos de confraternização dos funcionários, como festas juninas. O recurso garantiu, até agora, a compra de televisores para o hospital.
A supervisora diz, porém, que o dinheiro da reciclagem não dá para ampliar projetos de humanização. “Outros voluntários querem ajudar, mas não há material suficiente. Precisamos de mais doações”.
Cabelo e revista – A cabeleireira Sara Lima da Silva vai ao Hospital Geral de Itapevi a cada 15 dias. “Gosto de brincar enquanto corto o cabelo e faço trança nas pessoas.” Rosa Maria Martins, 55 anos, internada por tuberculose óssea, elogia o trabalho de Sara. “Meu cabelo ficou ótimo”!
As voluntárias da Biblioteca Volante distribuem quase 300 revistas para os internados. Eles lêem Caras, Quem, Veja, Superinteressante e Quatro Rodas. Todas doadas por livrarias da cidade. O hospital permite que o paciente leve a publicação para casa. As que ficam no local vão para a reciclagem. As revistas não passam para outro paciente, para evitar a possibilidade de transmissão de infecção hospitalar.
Apoio religioso também é fundamental. Quase 90 pessoas ligadas a 17 igrejas cristãs levam palavras de conforto a quem padece na cama e, ao entrar no quarto, perguntam ao doente se quer oração. “Não há a intenção de pregar filosofias nem recrutar novos membros para a Igreja”, frisa Francisca. Os voluntários, treinados em teologia, recebem instrução do hospital e do serviço de controle de infecção hospitalar.
SERVIÇO
Interessados em doações ao hospital devem utilizar o e-mail: humanizaçã[email protected] ou comparecer à Rua Ari Barroso, s/nº Jardim Nova Itapevi – Itapevi
Viviane Gomes
Da Agência Imprensa Oficial
03/27/2008
Artigos Relacionados
Conteúdo das pílulas de humanização do Hospital e Maternidade Interlagos
Hospital Estadual recebe 'Oscar' por humanização no atendimento a crianças
Covas entrega Hospital de Itapevi
Saúde: Humanização do tratamento é o tema de evento no Hospital Estadual Bauru
Saúde: Humanização do tratamento é o tema de evento no Hospital Estadual Bauru
(Flash) - Covas entrega hospital em Itapevi