Os Gaúchos e o Rio Grande/Entrevista Sérgio Zambiasi



Porto Alegre, 13 de janeiro de 2001 PROGRAMA: Os Gaúchos e o Rio Grande EMISSORA: Rádio Gaúcha HORA: 09h30min às 10h30min Entrevista com o Deputado Sérgio Zambiasi (PTB), futuro presidente da Assembléia Legislativa do                    Estado do Rio Grande do Sul 1º BLOCO LASIER MARTINS – Bom dia, senhoras e senhoras. A Rádio Gaúcha está abrindo o programa Os Gaúchos e o Rio Grande, programa que tem o patrocínio do “Consórcio de Imóveis Randon – o caminho o mais curto para o seu imóvel próprio”. No programa de hoje teremos a honra de conversar com o presidente da Assembléia Legislativa, que assumirá dentro de poucos dias, Sérgio Zambiasi, o deputado mais votado nas últimas quatro eleições para a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. O deputado tem 51 anos, consagrado radialista do Rio Grande do Sul – o mais ouvido em pesquisa da última década – e que agora vai mudar um pouco o seu estilo e a sua rotina de vida. Sérgio Zambiasi, é um prazer tê-lo nesse programa. Bom dia.   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Bom dia, Lasier, e bom dia, amigos ouvintes da Rádio Gaúcha. Sem dúvida, para mim, é também um grande prazer estar participando neste horário e me apresentando com os teus ouvintes, com os ouvintes desta faixa de audiência que, com certeza, tem um largo poder de influência e de análise das entrevistas do Estado, enfim, do momento que nós vivemos. E, por isso, eu me considero realmente um privilegiado em estar aqui contigo nesta manhã de sábado.   LASIER MARTINS – Pois não. Zambiasi, a sua vida já é bastante conhecida do povo do Rio Grande do Sul através da sua atividade pública e da sua atividade como radialista. Mas parece que a sua vida vai mudar bastante a partir desta nobre e intensa atividade, agora, como presidente da Assembléia Legislativa. Afinal, são inúmeras solenidades, são atos públicos constantes que exigem a presença do presidente do Legislativo Estadual. Então eu queria começar lhe perguntando, dentro desta conversa que eu pretendo que seja bastante cordial, descontraída quando possível e séria quando necessária, o que vai mudar na sua vida a partir da posse como presidente da Assembléia?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Bem, Lasier, efetivamente entro numa nova fase da minha vida indiscutível. Eu tenho o cuidado de me preparar para este momento, porque nós estamos recebendo uma possibilidade de sermos o presidente de um Poder, o presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, que é hoje, seguramente, uma das mais respeitadas casas legislativas do Brasil que tem histórico a ser preservado de ser, obviamente, melhorado a cada legislatura e a cada nova administração. Eu estou programando algumas mudanças em minha vida e a primeira delas é a profissional. Eu vivi muitas dúvidas e angústias, e não posso inclusive deixar de revelar meu nervosismo nessa série de mudanças que vivemos porque elas são novas para mim. São novas a partir até desta mudança que se promove profissionalmente. Hoje eu passo as minhas manhãs no rádio, todas as manhãs e durante toda a manhã. São seis horas e meia e, às vezes, até 7 horas diante do microfone acompanhando o cotidiano das pessoas, especialmente o cotidiano mais periférico da calçada, da rua, da vizinha, enfim, da vida mais íntima da pessoa. A partir da presidência da Assembléia, eu preciso exercer o poder como deve ser exercido porque serei o presidente do Legislativo. E, para tanto, vou dedicar o maior número delas possível para tanto. Esta mudança, portanto, para a presidência da Assembléia, me obriga a reduzir o horário na rádio e já estou iniciando este processo de mudança.   LASIER MARTINS – Até ontem, qual era o seu horário diário na Rádio Farroupilha?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Até os próximos dias será das 6h, 6h20, 6h30 porque, felizmente, nós não temos aquele horário rígido. A Rádio Farroupilha, em seu estilo de programação, é muito flexível nos seus horários. Então das 6h30min, poderíamos colocar um bom tempo de referência, até às 13h, sei lá, de segunda a sexta-feira e tem um programa gravado aos domingos há 18 anos.   LASIER MARTINS – Dezoito anos, às 6h30min às 13h. A partir do momento em que assumir a presidência da Assembléia, em alguns dias da semana vai cumprir este horário?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Não.   LASIER MARTINS – Não mais?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Eu acredito que a função na Assembléia, mesmo na segunda e na sexta- não havendo sessão na Casa, o presidente tem responsabilidades e, por esta razão, eu devo alterar chegando um pouco mais cedo na rádio – 6h ou 6h15 – ficando até entre 8h ou 9h – não tenho exatamente o horário exato a ser definido -, inclusive trabalhando conjugadamente com aquele que me sucede, possivelmente o Gugu. Ele estará na rádio a partir das 7h me acompanhando ao microfone porque vai praticamente exercendo a titularidade do horário do Comando Maior. Eu, acessoriamente junto a ele, vou permanecendo até a hora que der - me parece que o limite máximo será até às 9h -.   LASIER MARTINS – Então Sérgio Zambiasi sai do Comando Maior da Rádio Farroupilha para o outro comando na Assembléia Legislativa?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Que é ainda maior.   LASIER MARTINS – Então o seu horário passa a ser das 6h30min às 8h na Rádio Farroupilha.   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Vou dizer das seis e pouco, porque pretendo antecipar um pouco a chegada na rádio.   LASIER MARTINS – E como o Sérgio Zambiasi é muito minucioso nos horários, a tal ponto que se tornou, assim... É até meio folclórico o Zambiasi dizer assim: ‘faltam cinco para dez para pouco da manhã’.   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – É verdade, acaba sendo um pouco popularizado em questão de horário, porque eu acho que o rádio é informação, é utilidade público e, inclusive, informação de horário mesmo.   LASIER MARTINS – Então Sérgio Zambiasi restringirá a esse curto horário na parte da manhã na Rádio Farroupilha, e o dia inteiro vai se dedicar à Assembléia Legislativa.   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Sem dúvida nenhuma.   LASIER MARTINS – Vai comparecer às cerimônias...   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Estarei presente às cerimônias, todas as possíveis. E naquelas onde eu não puder estar presente, lá estarão membros da Mesa com que pretendo dividir todas as responsabilidades, até porque nós temos uma Mesa plural. A Assembléia Legislativa não é comandada por um partido, ela é um conjunto de partidos, há uma pluralidade e isto é desafiador, é bonito e este aspecto desafiador... porque é diferente de uma empresa onde o presidente e sua diretoria trabalham orientando-se por uma mesma filosofia, é diferente do Governo do Estado onde o governo, seus secretários e suas assessorias se orientam por uma mesma ideologia. A Assembléia é diferente, ela é pluralista, ela na Mesa está representada pelas bancadas majoritárias pelo menos.   LASIER MARTINS – Mas nesse particular, o deputado Sérgio Zambiasi tem experiência, porque ele foi chamado durante muito tempo como líder do PTB como fiel da balança. Ele agora será o fiel da balança da direção da Assembléia.   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Sem dúvida, eu aqui serei o presidente da Assembléia e, portanto, com a responsabilidade de representar a todas as bancadas seja nas bancadas governistas ou seja nas bancadas oposicionistas. Eu não serei presidente das bancadas do governo nem presidente das bancadas de oposição.   LASIER MARTINS – Mas vai continuar presidente o PTB gaúcho?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Sim, enquanto durar o meu mandato.   LASIER MARTINS – E vai até quando?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Ele deve encerrar-se em março de 2002.   LASIER MARTINS – Quem será o líder do PTB na Assembléia? DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Em princípio, o consenso da própria bancada está indicando o Deputado Iradir Pietroski.   LASIER MARTINS – E da bancada?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – O líder da bancada será o Pietroski, e do partido deverá ser o Deputado – deixa eu me lembrar porque nós temos dez companheiros e cada um exercendo a sua responsabilidade e a sua função.   LASIER MARTINS – Será o Eliseu ou não.   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Não, o Eliseu tem a responsabilidade na Comissão de Saúde. Ele é médico e, nesta posição, tem a responsabilidade de conduzir a Comissão.   LASIER MARTINS – A sua assessoria daqui a pouco nos informa. Mas o presidente da Assembléia tem que, atualmente, estar distribuindo os cargos da Mesa e os cargos de partido.   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Não são propriamente cargos, porque a Assembléia...   LASIER MARTINS – As atribuições...   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – As atribuições e as funções que cada um exerce.   LASIER MARTINS – E o que é que vai mudar com relação ao estilo de presidir a Assembléia Legislativa? Muda alguma coisa  em relação aos últimos presidentes como Otomar Vivian recentemente, Paulo Odone antes, ainda antes o Sartori, José Otávio Germano e, mais recentemente, tantos homens conhecidos? O que é que muda em sua atividade?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Apenas para lembrar que... voltando um pouco com relação ao líder partidário na Assembléia, deverá ser Edemar Vargas, Manoel Maria como vice-líder de bancada e o Deputado Lara como presidente da Comissão do Mercosul, enfim.   LASIER MARTINS – Me permita um intervalo e, então, no segundo bloco vamos começar revendo como será o seu estilo de presidir a Assembléia Legislativa. Os gaúchos e o Rio Grande já volta.   2o BLOCO   LASIER MARTINS – Vamos prosseguir com o programa os Gaúchos e o Rio Grande, hoje conversando com o presidente da Assembléia Legislativa que tomará posse nos próximos dias, Deputado Sérgio Zambiasi. Como será o seu estilo de comandar a Assembléia Legislativa.   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – É claro que cada deputado que passou pela responsabilidade da presidência tem o seu jeito, o seu estilo e a sua forma de ser. O Otomar é o nosso atual presidente e deverá me passar o cargo no dia 31 deste mês. E ele teve um estilo que marcou a Casa pela relação afável com cada integrante das bancadas, com a Casa em si e uma presença sóbria que é a sua característica. E nós queremos dar seqüência a esse estilo. Eu lhe digo que têm dois aspectos que me caracterizam: a simplicidade e a austeridade. Nós teremos uma Casa simples como o povo é. Se é a Casa é do povo, tem que ser uma Casa onde o povo sinta-se à vontade e, portanto, não pode ter pomposidade. É uma Casa que tem que ser ágil nas soluções e das expectativas, não que tenhamos soluções, mas nós podemos ter encaminhamentos, sugestões e fundamentalmente respeito àqueles cidadãos que vêm buscar, pelo menos, uma orientação na Assembléia Legislativa. Também a austeridade necessária que é hoje exigida em todas as funções e em todas as áreas públicas. Nós vamos dar seqüência, nós estamos implementando um projeto que não é meu, que não é novo e que não é de agora  que vem caracterizando a Assembléia desde que entrei na Casa em 1886, quando fui eleito, e em 1887, quando assumi como deputado. Nós iniciamos um processo novo e inédito no Brasil quando nós, a primeira Assembléia do Rio Grande do Sul, cortamos a aposentadoria dos deputados. Lá nós iniciamos aquele processo de austeridade administrativa: primeira Assembléia Brasileira onde deputado não se aposenta – a Assembléia do Rio Grande do Sul -. E, a partir dali, também fomos a primeira Assembléia Brasileira que cortou aqueles penduricalhos que beneficiavam deputados, tipo auxílio isso e auxílio aqui, onde – ainda hoje – têm Câmaras que dão o auxílio-paletó. A Assembléia do Rio Grande do Sul não tem nada disso, a Câmara do Rio Grande vem nesse processo de cortes em respeito a este novo processo que o Brasil em relação à política de uma forma geral. Então quero lhe dizer que a Assembléia do Rio Grande está vindo neste processo pioneiro, em termos de Brasil, de contenções e de austeridade - repito muitas vezes a palavra austeridade -. Nós queremos realmente continuar neste processo e quando falo em austero, eu não falo casmurrice nem cara fechada. É um austero aberto para a comunidade para que ela utilize-se da Assembléia e nós temos espaços a serem utilizados, as comissões vão ser muito valorizadas, nas diversas comissões compostas pelos deputados onde realmente existe o trabalho legislativo. Isto porque a Assembléia não é apenas o plenário, onde lá se faz o discurso e se votam projetos. A Assembléia é o trabalho da Comissão que estuda o projeto, que elabora o projeto, que se discute o projeto e que então, depois de finalizado, leva-se à plenário. A Assembléia é um todo de trabalhadores que estão aqui e que são desconhecidos em sua maioria, mas que têm um valor enorme pela sua capacidade e experiência. E nós queremos valorizar esse aspecto dos trabalhadores da Assembléia. A Assembléia tem o espaços como, por exemplo, o seu auditório que está aberto a discussões de assuntos de interesse da comunidade ou de promoções onde a periferia, às vezes, não encontra espaços adequados e não dignos para poder apresentar-se. Tem que alugar espaços a custos inacessíveis para essa comunidade. Nós teremos seguramente a possibilidade de colocar os auditórios da Assembléia à disposição desses segmentos da sociedade.   LASIER MARTINS – Zambiasi, as duas últimas administrações da Assembléia foram adversárias do PT como partido. Primeiro foi Paulo Odone (PMDB) e, depois, Otomar Vivian (PPB), dois partidos declaradamente antagônicos à cartilha e à doutrina petista. O PTB é um partido mais ligth nesta relação com o PT. Como será a sua relação, como presidente do PTB gaúcho, com o governador do Estado?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Ela será, como sempre foi respeitada. Nós entendemos que devemos respeitar os nossos limites e eles serão respeitados, porque o PT é um partido que está no governo. Mas o PT não pode governar apenas para o PT, tem que governador para o Rio Grande do Sul. E o Rio Grande do Sul olha o governador não apenas como um governador do PT, olha o governador como governador do Rio Grande do Sul e são estes parâmetros que nós estabelecemos. Eu acredito sinceramente que é possível elaborar esta linha de responsabilidade e até de apoio mútuo e recíproco para que se cresça conjuntamente e que haja um bom governo, um governo forte com uma Assembléia forte, porque no momento em que permitirmos um governo forte e uma Assembléia fraca, nós teremos um processo que não é exatamente o democrático. Nós estamos nos encaminhando para um processo que o Brasil já experimentou e não aprovou, que é o processo quase que ditatorial. A Assembléia tem que estar sempre respeitada e ela deve e será respeitada pelo Executivo, porque a Assembléia sabe respeitar o Executivo.   LASIER MARTINS – Qual sua posição com relação a verba cabível no orçamento do Estado para a Assembléia Legislativa? Eu pergunto isso porque o Executivo discordou do aumento da verba para Judiciário. E na carona daquele pedido do Judiciário, a Assembléia também havia pedido uma majoração da sua verba, e houve discordância. Neste ano que está começando, qual será seu pensamento e sua iniciativa com relação a melhorar os recursos da Assembléia? Vai se resignar com o que já está destinado ou vai continuar pugnando por mais dinheiro para a Assembléia Legislativa?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Lasier, que bom se a Assembléia pudesse chegar ao final do ano dizendo “não utilizamos toda a verba e pudemos até destinar as sobras deste orçamento para ações sociais essencialmente”. Eu não posso falar do aspecto execução de verbas porque eu ainda não estou na presidência.   LASIER MARTINS – Poderia nos informar qual é o orçamento para este ano?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – O orçamento deste ano é de R$ 200 milhões aproximadamente.   LASIER MARTINS – Isso equivale a quantos porcento da arrecadação?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Alguma coisa em torno de 3%. Nós estamos dentro de um limite constitucional e a Assembléia tem sido obediente nesse aspecto.   LASIER MARTINS – Então, em princípio, o presidente da Assembléia, Sérgio Zambiasi, não vai exigir ou pedir mais recursos ou vai pedir um pouco mais?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Quando eu lhe falo em austeridade, Lasier, eu quero dizer que nós vamos buscar uma forma de administrar dentro de princípios que possam realmente torná-la dinâmica, ágil e que não custe caro para o cidadão. Agora, nós não podemos frear o trabalho legislativo. Tudo será muito claro, Lasier. A Assembléia não vai esconder em nenhum momento a execução de suas despesas. A Assembléia vai informar constantemente a execução de seu orçamento, discutir mensalmente este processo com a Mesa e vai divulgar estas despesas. Isto porque as despesas da Assembléia são conseqüência não de ações recentes, elas são de ações que vêm de muitos anos e cuja torneira foi fechada. Nós, a Assembléia, fechamos essa torrente de benefícios que acabavam tornando a Casa pesada para o cofre estadual.   LASIER MARTINS – A assessoria jurídica inclusive, por isso, vai ter  transformações­­­­­­­­­­ ou são critérios por próprios que vão alterar um pouco a assessoria jurídica?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – A Procuradoria teve o formulador, que foi do grande jurista que Régis Ferret. Durante muitos anos ele elaborou, me parece, a primeira Assembléia no Brasil a ter a sua  Procuradoria e que é fundamental nas próprias ações legislativas. Após toda a presença aqui nesta Casa, Ferret sugeriu que uma das formas do enxugamento da Casa era, a partir do seu afastamento espontâneo, o aproveitamento dos valores internos. Ele se afasta espontaneamente e nos sugere que o próximo chefe seja do próprio corpo, com o que eu concordei imediatamente. E fiz mais, não apenas do próprio corpo mas eleito pelo voto.   LASIER MARTINS – Quem será?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – O Dr. Fernando, que foi escolhido unanimemente por seus companheiros, o que já implica, Lasier, numa economia da Casa. Veja só que são gestos de colaboração que a gente recebe, um grande gesto que eu recebo do Dr. Ferret, que foi o grande inspirador...   LASIER MARTINS – Como conhece o horário, o deputado Zambiasi sabe que temos que fazer o intervalo. Vem aí a Notícia na Hora Certa. Já voltamos.    3O BLOCO   LASIER MARTINS -  Os Gaúchos e o Rio Grande tem o prazer de receber o presidente da Assembléia Legislativa, Sérgio Zambiasi, que tomará posse no próximo dia 31. E já recolhemos algumas novidades interessantes, onde a primeira é de ordem pessoal mas com repercussão na Assembléia Legislativa, que é a disponibilidade completa para a presidência da Casa. Ele revelou no primeiro bloco deste programa que a Rádio Farroupilha, que há 18 anos ocupa todas as manhãs de Sérgio Zambiasi, a partir do dia 31 o terá apenas no horário das seis e pouco da manhã até às 8h. E depois Zambiasi larga o programa Comando Maior, que passa para o Gugu – que é um nome consagrado e competente – e o deputado passa a pertencer ao Legislativo por inteiro.   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI - ... nomes como o de Ranzolin, sei lá....   LASIER MARTINS – Microfone é o que não lhe falta...   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – E tem outros colegas nesta emissora. Afinal, eu de microfone gosto muito.   LASIER MARTINS – Sabemos disso. Mas tem, também, o microfone da Assembléia. Terá um publico menor, mas sempre microfone.   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Mas vou trabalhar de uma comunicação na Assembléia... Nós queremos definitivamente encontrar naquele...   LASIER MARTINS – Quem será o seu chefe na assessoria de imprensa na Assembléia Legislativa?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Marcelo Villas-Bôas. É um profissional competente, de vasta experiência, de bom relacionamento e de um esforço sobre-humano para que as coisas realmente caminhem.   LASIER MARTINS – É um jornalista experiente.   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Nós queremos na seqüência uma moldagem da TV Assembléia, que terá características de uma TV comunitária.   LASIER MARTINS – E como é que funciona a TV Assembléia?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Nós estamos ainda elaborando as etapas finais de moldagem para um trabalho realmente consistente. Nós queremos ver a comunidade presente, fazendo uma TV interativa onde o cidadão, ao fazer a opção pela TV a Cabo e encontrar o canal da Assembléia, ele vai encontrar uma informação realmente séria sobre a Assembléia Legislativa e assuntos pertinentes na comunidade.   LASIER MARTINS – O presidente Sérgio Zambiasi comunicou também que muda o chefe da Procuradoria da Assembléia Legislativa. O Dr. Régis Ferret, de uma longa história na Assembléia, deixa o cargo – ele, afinal, já estava aposentado –, entre outras modificações que pouco-a-pouco vai divulgar. Agora, não sei se ainda há algum assunto particular que o deputado Zambiasi queira falar sobre a presidência, porque senão vou pedir permissão para derivar a outros assuntos. Já perguntamos aqui sobre seu estilo de administração que será imprimindo, sobre as relações com o governo, sobre a composição de alguns órgãos da Assembléia Legislativa. Já sentimos também que a entrevista não será pautada pela austeridade financeira. Aonde der, fará economia.   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Nós queremos integrar esse processo que o Brasil inteiro cobra de que cada centavo do dinheiro público deve ser bem investido. E a Assembléia, que tem proposto e já tem feito isso... Vou repetir isso e insistir muitas vezes – vou enjoar de repetir – que a Assembléia Legislativa é a primeira a fazer essas transformações. A Assembléia Legislativa não tem automóveis para os deputados, não tem gasolina para os deputados, não tem auxílio-paletó para deputados...   LASIER MARTINS – E as diárias, deputado, tem um aspecto muitas vezes, agora já nem tanto, mas em administrações passadas, o excesso de diárias gastas pelos deputados.    DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Houve um problema de excesso, sim, mas foi corrigido. É um processo de conscientização, mas a maioria dos deputados são do Interior do Rio Grande do Sul, sua vida política reside nas regiões do Estado, eles são cobrados no seu cotidiano para estarem presentes nas comunidades e lá eles estão ouvindo a cada cidadão. E não é barato ser deputado, há um custo muito alto e muitas vezes tem que abandonar a sua atividade no Interior porque, ele precisa estar aqui fazendo um trabalho social que deveria ser de outros órgãos. Mas hoje há uma cobrança para que ele responda inclusive nesse aspecto e nós, deputados, mantendo alterques, atendendo a esse aspecto solidário que nós apoiamos integralmente. Nós entendemos que o cidadão tem essa obrigação e o deputado como um homem público e como é visto pela população, ele é identificado pelo eleitor – ‘aquele é um deputado e tem que me ajudar’-. E como é que vai virar as costas e dizer ‘não, te vira. Vai procurar o prefeito, o governador ou secretário’. Ele tem que dar uma resposta, no mínimo, solidária a esse cidadão. E isto, Lasier, implica em custos e nós não podemos permitir ao deputado que ele, daqui a pouco, acabe prejudicado na sua vida pessoal inclusive. Nós temos, também, que proteger o deputado como cidadão e respeita-lo como tal. Acho isto muito importante porque o trabalho desses homens e dessas mulheres é realmente muito sério, é produtivo e se integra a este ano que nós já estamos vivendo, que é o ano do voluntariado. Se cada cidadão realmente assumisse esse aspecto solidário que o voluntariado promove, ele tem um custo, sim, no seu cotidiano mas a resposta final para a sociedade é uma coisa muito bonita. E isto eu vejo em cada parlamentar da Casa, independente da sua vertente ideológica.   LASIER MARTINS – Pois bem, vamos partir para outro assunto: por acordo partidário nesta legislatura – primeiro ano coube ao PMDB; segundo ano coube ao PPB; e os dois últimos anos ao PTB -, Sérgio Zambiasi ficará dois anos na presidência da Assembléia Legislativa ou passará o segundo ano para um colega?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Lasier, efetivamente os últimos dois anos desse acordo cabem ao PTB. Eu, em princípio, fui eleito para os dois anos e acredito que para poder promover uma administração que dê resultados, já observando os colegas que passaram e ficaram apenas um ano aqui e vi as dificuldades que tiveram em um ano, quer dizer, quando tu estás realmente conhecendo a Casa o teu tempo inspira e você tem que entregar para o próximo colega. Eu vou me esforçar muito para poder manter-me também no segundo ano.   LASIER MARTINS – E essa experiência administrativa será o início de preparação para uma administração estadual como o Executivo? Fazendo uma pergunta direta: Zambiasi será candidato ao Governo do Estado?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Zambiasi, Lasier, será presidente da Assembléia Legislativa. Eu não posso misturar esses assuntos porque nós estamos entrando numa experiência nova e de enorme responsabilidade. Então eu não posso dividir a presidência da Assembléia com a pré-campanha ao Governo do Estado. Eu preciso, acima de tudo, tentar – e vou me esforçar muito – ser um bom presidente da Assembléia. O futuro a Deus pertence. Agora, neste momento, todas as minhas atenções se voltam para apenas um objetivo: me preparar e me organizar para dar seqüência a um trabalho que o Otomar Vivian fez, que o Sartori fez, que o Paulo Odone fez, que o José Otávio fez que eu guardo aqui na minha memória. Portanto, responder às expectativas e corresponder à confiança que está sendo depositada em mim.   LASIER MARTINS – Vamos fazer um intervalo e, no bloco final, algumas perguntas sobre o Partido Trabalhista Brasileiro presidido por Zambiasi, a insatisfação de alguns vereadores, se está descartada hipótese de fusão. Enfim, questões finais dentro de instantes no programa Os Gaúchos e o Rio Grande com o presidente da Assembléia Legislativa, Sérgio Zambiasi, que assumirá no próximo dia 31.   4o BLOCO   LASIER MARTINS – Presidente do Legislativo, assumindo no dia 31 de janeiro, diz que não tem tempo para misturar a presidência da Assembléia com pensamento de concorrer ao Governo do Estado, que é a pergunta formulada por todos os gaúchos. Há uma enorme expectativa se Zambiasi vai concorrer ou não ao governo, mas Zambiasi tem fugido a essa pergunta. Nós não iremos insistir e, sim, respeitar esta posição do deputado.   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Mas eu não fugi a tua pergunta, eu respondi.   LASIER MARTINS – Então repita porque eu não ouvi bem.   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Eu vou repetir mais uma vez: eu não posso misturar uma pré-candidatura ao Governo do Estado com a presidência da Assembléia. E tenho a pretensão de fazer uma boa administração, mas se eu começar a colocar ambições que fogem a essa visão, talvez começasse a misturar muitos e viro o presidente-candidato e não o presidente que se faz respeitar por suas ações plurais, suas ações que ficam acima inclusive da própria sigla partidária que deve ser respeitada.   LASIER MARTINS – E por falar em sigla partidária, a hipótese de fusão do PTB com o PDT, que teve longo destaque na imprensa há alguns meses, parece que está sendo descartada atualmente.   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Na realidade, eu acho que o assunto começou pelo final e alertei inclusive as direções nacionais. Eu disse que num processo como esse  deve haver namoro, noivado e casamento. Anunciar o casamento antes do namoro e noivado acaba provocando reações que, geralmente, dão num  divórcio antes do casamento, e foi o que aconteceu? Mas nós não estamos afastando essa hipótese, acho que a gente deve continuar conversar, poderíamos trabalhar uma unidade trabalhista onde há convergências de pensamentos, unindo as bancadas, agindo inconformidade.   LASIER MARTINS -  Como é a relação do PTB gaúcho atualmente como o PTB nacional?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Nós sempre tivemos divergências muito claras e somos muitos respeitados em nossas ações. Continuamos divergindo em inúmeras áreas, nós não somos um PTB governista, o Rio Grande do Sul não é governista e não participa em qualquer função federal porque nós não concordamos com a política de FH, nós não nos associamos às visões do Governo Fernando Henrique. E, portanto, o PTB quis deixar claro essa marca e, por esta razão, nós provocamos inclusive alguns rompimentos nacionais. Nós ainda não conseguimos purificar o partido nem é nossa intenção. Mas aos poucos que nós vamos nos afirmando como instituição aqui no Rio Grande do Sul, respeitada em nível nacional.    LASIER MARTINS – Aqui na Câmara de Vereadores de Porto Alegre há expectativas sobre o desejo do vereador Luiz Brás em sair do PTB. Ele não definiu bem ainda, mas o que está acontecendo sob o prisma da presidência do partido?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Lasier, permanecer no partido ou sair do partido são questões de foro muito pessoal realmente, porque as  insatisfações devem ser debatidas internamente. Então eu duvido, Lasier, que haja alguém 100% satisfeito em qualquer sigla partidária. Se você, a cada insatisfação trocar de partido, irá trocar uma vez por semana. Então eu não acredito e, sinceramente, confio no bom senso do Brás. Ele tem uma bela história no partido, foi presidente da Câmara duas vezes através do PTB. Eu estive pessoalmente na Câmara de Vereadores para garantir  acordos que o fizeram presidente. E isso me parece que proporcionou uma grande satisfação como vereador. E me parece que essas ações são maiores que as próprias insatisfações. Então a insatisfação venha debater, vamos trabalhar, vamos discutir e a maioria decide porque o processo interno é democrático. Quando a maioria decide, a minoria deve se juntar a essa maioria para que nos tornemos sempre fortes. O PTB em Porto Alegre é a segunda força política. Você vai trocar a segunda força política pela terceira, pela quarta, pela quinta? Ora, o detentor de um mandato, primeiro, não é dono do seu mandato. Eu só considera dono do seu mandato, apesar da sigla partidária, quem supera o coeficiente. Se superar o coeficiente... vamos olhar aqui: Fortunati superou o coeficiente por 40 mil votos. Bom, este é vereador acima do seu próprio partido. Agora, para ser vereador em Porto Alegre e para superar esse coeficiente tem que fazer 28 mil votos. E, infelizmente, nós ainda não temos esse potencial eleitoral. Portanto, cada vereador, para poder ser eleito, ele contou com mais de 20 mil votos, que foi um esforço de companheiros que foram lá buscar 500 votos, 1 mil, 1,5 mil votos. Esses somados é que o fizeram vereador e isso deve ser muito discutido. E, por isso, eu só lamento as perdas porque é como se fosse um filho nosso indo embora. Eu acredito sinceramente na permanência dele (vereador Luiz Brás) pela história que tem conosco. Já perdemos um outro filho, que é o Paulo Brum, que até hoje eu não consigo entender as razões que o levaram a nos abandonar quando o partido o indicou para um cargo na Mesa, um cargo que na própria divisão da responsabilidade da Câmara, Lasier, pertence ao PTB. E os seus colegas, vereadores do partido, o indicaram, unanimemente porque confiaram nele. Poderiam ter feito uma outra escolha, de um outro companheiro. Então, de repente, nós vemos um vereador que foi eleito pela sigla, que cumpre um cargo da sigla na Mesa e diz: ‘olha, encontrei mais afinidade lá do outro lado’. Mas, como já disse, a troca é uma questão de foro muito íntimo, muito pessoal e vou respeitar. Agora, eu preciso lamentar, me entristecer com isso e torcer para que eles, o Paulo o Brum no caso da nova sigla, possa repetir suas expectativas. Nós, historicamente, não temos visto isso. Aqueles que abandonaram o PTB não conseguiram a felicidade que procuravam nas outras siglas. É só olhar para trás, é só olhar o caso do Luiz Negrinho que não mais conseguiu um cargo eletivo, cito a própria senadora Emília Fernandes que por insatisfações  no partido, parece que hoje não está mais confortável do que estava no PTB na sua nova sigla. Então é só analisar bem pensar sobre um pouco este espaço.   LASIER MARTINS – Deputado Sérgio Zambiasi, o nosso objetivo principal nesse programa de hoje foi trazer um pouco as suas idéias, os seus projetos e a sua pré-disposição para uma árdua missão que será presidir a Assembléia Legislativa provavelmente por dois anos – isso ficará a critério do partido – e num ano que certamente será muito trabalhoso e difícil porque será um ano pré-eleitoral. Nós já estamos imaginando o calor dos debates na Assembléia Legislativa. Também desejando que a sua autoridade seja obedecida, porque será um ano difícil de conter os ânimos na Assembléia Legislativa. Não lhe parece?   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Mas eu torço sinceramente para que nós não tenhamos um governo eleitoreiro nem uma Assembléia eleitoreira. Se nós conseguirmos separar os interesses eleitorais dos interesses do Estado como instituições, eu tenho convicção de que poderemos elevar o nome com uma certa tranqüilidade... claro que teremos debates acalorados sim e isso faz parte do conjunto e do cotidiano da Assembléia. Mas sabendo sempre respeitar os limites de cada Poder.   LASIER MARTINS – Muito bem. Muito obrigado e, certamente, teremos muitas outras entrevistas. Afinal, um poder constituído como a Assembléia Legislativa terá presença muito constante neste programa, através da representação maior da Casa que é seu presidente. Sérgio Zambiasi, não poderíamos dizer que é quase um ex-radialista. Não, ele terá poucas horas de rádio daqui para diante, mas sempre a sua origem e não se sabe em que medida, futuramente, estará mais ou menos no rádio. Sucesso na presidência da Assembléia.   DEPUTADO SÉRGIO ZAMBIASI – Muito obrigado, Lasier. Eu sou radialista e estou deputado. A minha atividade profissional eu saberei sempre respeitar porque é daí que vem a sobrevivência da minha família e a quem eu agradeço, agora, publicamente, aproveitando o seu espaço, pela compreensão pelos enormes sacrifícios que tenho submetido a minha família e pelos sacrifícios futuros que serão ainda maiores, mas para os quais estou liberado para que possa realmente exercer com dignidade esta missão que me é confiada. Muito obrigado e bom dia.

01/15/2001


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