Os números da disputa presidencial no Estado



Os números da disputa presidencial no Estado O presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, lidera pesquisa eleitoral para o Palácio do Planalto A mais recente pesquisa do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (Cepa) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) sobre a intenção de voto para a Presidência da República indica que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem a preferência dos eleitores gaúchos. Na pesquisa estimulada, em que é apresentada ao eleitor um cartão com os nomes de possíveis candidatos, Lula obteve um índice de aprovação de 30,8%. O senador Pedro Simon (PMDB) aparece em segundo lugar com 14,9%, seguido por Ciro Gomes (PPS), indicado por 12,1% dos entrevistados. A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), está em quarto lugar, com 10,8%. O Cepa-UFRGS entrevistou 1.750 pessoas em 17 cidades gaúchas entre os dias 25 e 27 de setembro. A margem de erro da pesquisa é de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos. O cenário apresentado aos entrevistados continha uma cartela com o nome de 10 possíveis candidatos de seis partidos – quatro do PSDB, dois do PMDB, um do PPS, um do PT, um do PPB e um do PFL. Essa é a segunda pesquisa realizada em 2001 pelo Cepa no Estado para a disputa pelo Palácio do Planalto. O estudo anterior, feito nos dias 21 e 22 de junho, indicou os mesmos nomes para as três candidaturas preferenciais. Lula foi citado por 21,3% dos entrevistados, seguido de Simon, com 12,3%. Ciro, com 11,5%, era o terceiro. Roseana não constava na cartela de possíveis candidatos, que considerava nomes que agora foram excluídos, como o do ex-senador Antônio Carlos Magalhães (PFL), o do governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), o do presidente nacional do PDT, Leonel Brizola (cogitado para o pleito estadual) e o do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf (PPB). Ciro reforça campanha no Estado O candidato à Presidência participa do ato de filiação do ex-governador Antônio Britto O candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, chega ao Estado hoje para um roteiro de campanha eleitoral de quatro dias. Pouco antes de Ciro, o presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire (PE), também desembarcará no Aeroporto Salgado Filho. Ambos abonarão as fichas do ex-governador Antônio Britto, dos deputados federal Nelson Proença, estaduais Cézar Busatto, Mário Bernd, Paulo Odone, Berfran Rosado e Iara Wortmann, e da vereadora da Capital Clênia Maranhão. Marcado para amanhã às 11h, no CTG 35, em Porto Alegre, o ato foi batizado de “solenização das filiações”, já que a entrada dos novos integrantes do PPS foi anunciada na semana passada. O ato também terá o objetivo de mostrar aos gaúchos a inserção do PPS no quadro de disputas do Estado, que nas últimas duas eleições foram polarizadas entre o PT e o PMDB. Além de concorrer às vagas na Câmara dos Deputados e Assembléia Legislativa, o PPS deverá disputar os cargos majoritários na eleição de 2002. O deputado Bernardo de Souza (PPS) considera fundamental mostrar aos gaúchos o crescimento de uma sigla que até dezembro do ano passado não tinha representação na Assembléia. Bernardo é o líder da bancada de seis deputados estaduais, agora a quinta em número de parlamentares entre as nove existentes na Assembléia. Apesar das novas filiações estarem marcadas para amanhã, uma dúvida persiste entre os integrantes do PPS, que ainda têm expectativa de poder contar com a presença do senador José Fogaça (PMDB) em seus quadros. Em Porto Alegre desde a semana passada, Fogaça ainda não decidiu se permanece no PMDB e desiste de concorrer à reeleição ou se ingressa em outra sigla. O senador passou o final de semana consultando as bases do PMDB. Na semana passada, Fogaça e o grupo que deixou o PMDB se mostraram decepcionados com a decisão da cúpula nacional do partido de avalizar a indicação do ex-ministro do Desenvolvimento Regional Ramez Tebet (PMDB-MS) para presidir o Senado. Fogaça era candidato anunciado ao cargo, mas foi derrotado por pressão dos caciques do partido. O ex-vice-governador Vicente Bogo (PSDB), que já manteve contatos com o PMDB e o PDT, chegou a se reunir com dirigentes estaduais do PPS há cerca de 40 dias. Faltando poucos dias para se encerrar o prazo de filiações partidárias para quem pretende disputar as eleições de 2002 – 6 de outubro –, Bogo disse que decidirá seu futuro até o meio-dia de amanhã. Segundo ele, as conversações se iniciaram com o objetivo de criar uma composição de partidos de centro-esquerda para as eleições do próximo ano e não de trocar de sigla. O período para refiliações acabou provocando, segundo ele, uma mudança no debate que envolvia seu nome: – Minha intenção era alterar a visão maniqueísta que divide o Estado entre um partido que debate com os movimentos sociais e não trata com empresários e outro que faz o inverso. Bogo terá novos encontros hoje com companheiros de partido, amigos e líderes de outras siglas. Jader prepara discurso de renúncia e estuda conseqüências jurídicas Pronunciamento de despedida deve ocorrer amanhã ou quarta-feira Um pronunciamento na tribuna, previsto para amanhã ou quarta-feira, deve marcar a renúncia do senador Jader Barbalho (PMDB-PA). O parlamentar passou o fim de semana no Pará preparando o discurso de despedida e analisando as implicações e desdobramentos jurídicos. Com a decisão de renunciar, o ex-presidente do Senado resolve sua situação política, mas não encerra as questões judiciais que enfrentará sem imunidade parlamentar. A expectativa é de que Jader renuncie ao mandato antes mesmo de a Mesa do Senado votar o relatório do Conselho de Ética, que recomenda a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar. Independentemente da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre mandado de segurança apresentado por Jader para impedir a instauração do processo no Senado, o presidente da Casa, Ramez Tebet (PMDB-MS), disse ontem que indicará hoje o nome do senador encarregado de relatar o pedido do conselho. A decisão do STF também é esperada para hoje. O presidente do Senado informou que está entre dois nomes para relatar o caso. Os senadores Mozarildo Cavalcanti (PFL-RR) e Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). Se prevalecer a escolha de Mozarildo, ficaria para o PFL o carimbo de ter dado o veredicto sobre o destino político de Jader. Na avaliação de senadores, os pefelistas poderiam capitalizar politicamente o fato. Já a nomeação de Valadares garantiria a neutralidade no processo. Valadares adiantou que, caso indicado, dará seu parecer em 48 horas, o que obrigaria o senador Jader Barbalho a acelerar a renúncia. O senador atenderia ainda à determinação de Ramez Tebet, que anunciou, na última sexta-feira, intenção de reduzir de 15 para oito dias o prazo destinado ao relator. A renúncia de Jader pode suscitar um fato inédito. Seus dois suplentes – o pai, Laércio Barbalho, e o ex-secretário particular Fernando de Castro Ribeiro – resistem em assumir o cargo. Com a desistência dos suplentes, seria preciso realizar uma nova eleição para senador no Pará, desde que faltasse mais de 15 meses para o fim do mandato (janeiro de 2002). Enquanto o caso tem seu desfecho no Senado, o STF continua esta semana a analisar as pendências judiciais do ex-presidente do Senado. A Polícia Federal encaminhará ao Supremo inquérito que apura as fraudes na extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). O ministro do STF Carlos Velloso, depois de julgar o pedido de quebra de sigilo do senador, constatou indícios de envolvimento de Jader nas irregularidades. Este será o terceiro inquérito contra Jader que chega ao STF. Os outros dois – que apuram a venda irregular de Títulos da Dívida Agrária (TDAs) e os desvios do Banco do Estado do Pará (Banpará) – estão em fase inicial. Código de Ética retorna ao plenário A previsão é de que a matéria seja votada amanhã A Câmara dos Deputados promete para esta semana mais um embate entre governistas e oposicionistas: a votação, em segundo turno, do projeto que institui o Código de Ética e Decoro Parlamentar. A principal polêmica é a questão do sigilo fiscal dos deputados, agravada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, por isso, deve suscitar novos debates no plenário. Por outro lado, a expectativa é de que seja rejeitada a exigência de provas para a apresentação de denúncia contra o parlamentar no Conselho de Ética. Para surpresa dos governistas, a CCJ aprovou na semana passada uma emenda do deputado Waldir Pires (PT-BA) que determina a divulgação das declarações de bens, renda e dívidas dos deputados em jornais de seus Estados de origem. Essa proposta, no entanto, contraria o texto aprovado no primeiro turno, que mantém o sigilo dessas declarações com a Mesa da Câmara, que poderá repassá-las ao Conselho de Ética durante as investigações de denúncias contra deputados. O corregedor e segundo vice-presidente da Câmara, Barbosa Neto (PMDB-GO), é contra a divulgação da vida financeira e patrimonial dos deputados na imprensa. Para ele, o acesso às informações fiscais devem ficar limitadas ao conselho no curso das investigações. Depois de meses de discussão, a Câmara tentará concluir a criação de seu código, que já existe no Senado. No segundo turno da discussão do projeto de resolução, a CCJ e a Mesa examinaram sete emendas. Se prevalecer a tese da CCJ, qualquer deputado poderá ser investigado pelo Conselho de Ética sem a necessidade de apresentação de provas antes da apresentação da denúncia. O presidente da Câmara, Aécio Neves (PSFB-MG), anunciou a intenção de fazer esta votação em plenário amanhã. Terroristas tentaram obter substâncias tóxicas Agentes da rede do terrorista Osama bin Laden tentaram, “aparentemente sem êxito”, obter na antiga Tchecoslováquia substâncias biotóxicas para cometer atentados. As principais seriam a bactéria do carvão e a toxina do botulismo. As informações estão na edição da revista americana Newsweek, que chega às bancas hoje. A publicação, que cita uma autoridade do FBI (polícia federal americana), não informa a data em que os terroristas tentaram adquirir as substâncias venenosas. Dezenas de lebres e cães envenenados foram encontrados mortos nos campos de treinamento de Bin Laden, perto de Jalalabad, no Afeganistão, acrescenta a revista. O diretor da agência de inteligência americana (CIA), George Tenet, advertiu em junho que “terroristas apátridas tentaram adquirir armas biológicas e químicas”. Um mês depois, durante o processo de Ahmed Ressam, considerado culpado de uma tentativa de atentado com explosivos no aeroporto de Los Angeles em 2000, ele admitiu que havia passado seis meses nos campos de treinamento de Bin Laden no Afeganistão. Destacou que havia aprendido a liberar cianureto nos sistemas de ventilação dos edifícios de escritórios e se interessado pela utilização de aviões de fumegação para “disseminar substâncias tóxicas”. A Newsweek informa que o Departamento de Energia (DOE) instalou detectores de substâncias químicas e tóxicas em uma estação do metrô de Washington. EUA correm risco de novos ataques Novos ataques contra os Estados Unidos podem ocorrer, e essa possibilidade deverá ser maior se o país retaliar os atentados do dia 11 de setembro. A afirmação foi feita pelo secretário de Justiça norte-americano, John Ashcroft, em entrevista à rede de televisão CNN. – Acreditamos que ainda há substancial risco de terrorismo nos Estados Unidos. E se respondermos ao que aconteceu conosco, esse risco poderá aumentar – acrescentou. – Existe uma clara ameaça aos americanos, mas nada que nos faça deixar de viver nossas vidas e, sim, que nos mantenha alertas. Em outra entrevista ao programa Face The Nation, da CBS, o secretário afirmou que os possíveis terroristas – ligados aos seqüestradores dos quatro aviões usados nos atentados – podem estar nos Estados Unidos e promover ataques. Em razão dos atentados, mais de 6 mil pessoas estão mortas ou desaparecidas, e os americanos temem novos ataques. Jornalista presa não faz espionagem A jornalista britânica Yvonne Ridley, de 43 anos, presa pelos talibãs no Afeganistão recentemente, não tem ligações com os serviços de inteligência britânicos. A afirmação foi feita por Martin Townsend, um dos editores do jornal Sunday Express, para o qual a repórter trabalha. Os talibãs desconfiam de que Yvonne possa ser, na verdade, uma espiã, e inclusive já enviaram uma equipe especial de investigação para Cabul para interrogá-la. A jornalista entrou no Afeganistão vestida como uma afegã para descrever a atual situação dos refugiados no país, explicou Townsend. A direção do jornal concordou que Yvonne deveria tentar passar despercebida pela fronteira, já que o regime Talibã pediu aos estrangeiros que deixassem o país e informou que não concederia mais vistos de entrada. Artigos Usura e recessão PAULO BROSSARD A situação econômica mundial não era cor-de-rosa antes de 11 de setembro, quando o mundo mudou de cor e de lugar. Se antes se dizia que, nunca como então, os sinais de retração econômica eram visíveis, simultaneamente, nos três maiores centros financeiros do universo, Japão, EUA e Mercado Comum, após o dia sinistro não se fala mais em retração, mas, claramente, em recessão. Para prevenir-se de seus efeitos malsãos, se os EUA haviam reduzido à metade a taxa de juros vigente no começo do ano, chegando a pouco mais de 3% ao ano, Inglaterra e Japão igualmente reduziram suas taxas de maneira significativa, como o Mercado Comum, e elas já era baixas. No Brasil, no entanto, ocorre o contrário e aqui a usura continua a desfrutar seu paraíso. Assim, a Taxa Selic, que vinha baixando lentamente, andando por 15,50%, faz quatro meses fora elevada para 19%. Ainda agora, estava em 19% e em 19% foi mantida. Semana passada, baseada em dados divulgados pelo Banco Central, importante folha noticiava que a taxa geral de juros cobrada pelos bancos nas operações de crédito, em agosto, fora de 62,04%, a maior desde fevereiro de 2000, ou seja, a maior nos últimos 18 meses. O aumento se verificara em quase todas as modalidades operacionais, tanto em relação a pessoas jurídicas quanto no que tange a pessoas físicas. E acrescentava que em janeiro a média era de 50,61%. Cinqüenta por cento em janeiro, 60% em agosto. A taxa, extremamente elevada já em janeiro, fora imoderadamente acrescida em agosto. Esse tratamento não me parece compatível com um país que pretende ter posição distinta no comércio das nações. Enquanto isso, as instituições financeiras têm obtido lucros imensos, desconhecidos em outros países Mas ainda há coisas a dizer. Se não bastasse essa alucinação usurária, o aumento do compulsório dos bancos em 10%, na observação de autoridade na matéria, reduziria à metade a liquidez de seus caixas, tornando por conseguinte mais caro o dinheiro destinado ao crédito, pois dos R$ 10 bilhões em causa, metade, pelo menos, sairia das operações creditícias, reduzidas assim suas disponibilidades à metade. Informava-se, outrossim, que entre nós apenas o correspondente a 28% do PIB é destinado ao crédito, quando a média internacional é de 80%. Nada a respeito é necessário aditar, pois os números falam por si. Eles revelam que se pretende abortar a recessão próxima mediante a usura mais desenfreada, que depaupera a empresa, como tem depauperado, que empobrece a população, como tem empobrecido. Projeta-se enfrentar a depressão onerando seriamente a atividade econômica. Não estranha, por isso mesmo, que muitas das maiores empresas nacionais tenha mudado de mãos, passando ao domínio de capitais estrangeiros, sem qualquer vantagem à economia nacional. Enquanto isso, as instituições financeiras têm obtido lucros imensos, desconhecidos em outros países. Esses são os dados, inequívocos e incontestáveis. Exceção feita aos bancos, cujos lucros têm sido excessivamente largos, como ainda agora se tornaram públicos com a divulgação dos balanços relativos ao primeiro semestre, qual o setor que poderia pagar os juros praticados entre nós, sem tomar o caminho da insolvência? Se olharmos para o mundo, haveremos de ver, mesmo a olhos desarmados, serem muitos e graves os riscos relacionados com alguns problemas deste mundo só e que interessam, direta ou indiretamente, a todas as nações. Fazer previsões acerca do que pode acontecer seria insigne temeridade, mas mesmo sem previsões, não há quem não saiba que efeitos perturbadores podem vir em profusão. E aí? Poderemos nos defender dobrando ainda uma vez a taxa de juros como já foi feito, mesmo quando ela fosse brutalmente gravosa? Isto para não falar que o endividamento público, interno e externo, chegou a tal ponto que compromete seriamente a independência da nação. Até quando essa loucura poderá ser mantida? O colapso das torres gêmeas IDA IOSCHPE GUS Ainda impactados pelas cenas dos ataques terroristas assistidas repetidamente pela TV, presenciamos a destruição do World Trade Center, que, embora distante, foi sentida como muito próxima, envolvendo-nos numa atmosfera de ameaça e perigo. Como resultado da comunicação quase instantânea que transforma o planeta numa aldeia global, o colapso das torres gêmeas nos atingiu em cheio, produzindo a sensação de que algo muito representativo de nosso mundo havia desabado. Perplexos, confusos e impotentes, perguntamo-nos o que vai acontecer a seguir. Pensar e falar dos recentes acontecimentos é um modo de acalmar o pânico e a ansiedade que nos invade, trazendo de volta o temor de uma nova e devastadora guerra. Discute-se a necessidade da instituição de uma nova ordem socioeconômica que diminua a diferença entre países desenvolvidos e emergentes, que, no atual estágio da globalização, sofrem tensões que tendem a se expressar sob formas de violência. As diferenças político-ideológicas igualmente representam um potencial de violência, expresso nos desdobramentos de países, na exacerbação de nacionalismos regionais e nas ideologias fundamentalistas lastreadas na xenofobia e no racismo. No final do século 20 e no início do 21, vivemos um declínio dos ideais modernistas, uma crise do humanismo No final do século 20 e no início do 21, vivemos um declínio dos ideais modernistas, uma crise do humanismo em decorrência da fragmentação dos valores. No contexto de aceleradas mudanças e de massificação da informação, produto da tecnologia e da técnica, ocorre um processo de banalização dos fatos e de desumanização da cultura. A rapidez e excessiva intensidade de estímulos dificulta o trabalho de estruturação psíquica, interferindo na qualidade do pensamento e no desenvolvimento da consciência. A insuficiente maturação do psiquismo resulta na disseminação da hostilidade no corpo social, pela incapacidade de elaboração e integração dos impulsos destrutivos. Em nosso cotidiano vivenciamos a presença da agressão na falta de condições de saúde, educação e segurança, no desemprego crescente, na corrupção generalizada, na manipulação das massas pela mídia. A sociedade pós-moderna, com sua lógica baseada na política da velocidade, produz um excesso de informação e pouco espaço de reflexão. Assim, a realidade é percebida como caótica e carente de significado, enquanto a ênfase recai sobre a superficialidade e o desejo de satisfação imediata, sem transcendência. Frente ao terror despertado pelas imagens que nos impactaram traumaticamente, somos invadidos por uma angústia catastrófica. Realmente, o colapso das torres gêmeas simboliza o colapso dessa organização sociocultural que não favorece a estruturação interna do sujeito. Necessário se faz repensar a ordem institucional que carrega em si o componente mortífero desnudado pelas câmaras de TV. O sistema de vida que explora desordenadamente os recursos naturais do planeta, que provoca uma excessiva concentração de riqueza e a conseqüente exclusão da maioria, que exacerba o individualismo privilegiando a busca do prazer imediato e pouco valorizando a capacidade reflexiva e crítica deve, no mínimo, ser questionado em suas conseqüências para a continuidade da vida. Precisamos de tempo para processar emocionalmente os acontecimentos, para elaborar o luto pela perda de nossa humanidade, para o resgate de um modo de viver que priorize os vínculos afetivos e a solidariedade. Colunistas ANA AMÉLIA LEMOS Foro especial Com a avalanche de processos em julgamento no Supremo Tribunal Federal envolvendo denúncias contra prefeitos, a Suprema Corte acabou, através de uma súmula, eliminando o foro de prerrogativas de função a ex-administradores públicos. O dispositivo constitucional continua garantido somente para os administradores públicos que estão no exercício dos mandatos. É o caso de presidente e vice-presidente da República, ministros, governadores, senadores, deputados e prefeitos. A súmula do STF trouxe enormes preocupações ao Palácio do Planalto. O assunto está sendo examinado com muito cuidado pelos presidentes da Câmara, Aécio Neves, e do Senado, Ramez Tebet. Já foram feitas consultas informais aos ministros do STF e do STJ sobre o perigoso risco que o fim do foro especial para ex-administradores públicos vai representar no futuro bem próximo. Sem foro especial, que é o STF, para esses casos específicos, o presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, poderá ter a prisão preventiva decretada por um juiz de primeira instância, baseado em denúncia de qualquer irregularidade administrativa de sua gestão no primeiro e segundo mandatos. Um partido de oposição poderá denunciar o presidente, já fora do cargo, considerando lesiva para o interesse nacional qualquer privatização. Se o juiz de plantão der provimento à denúncia, poderá decretar a prisão do presidente ou de qualquer ex-ministro. Quem garante que haverá, na esfera superior do Judiciário, disposição para a suspensão de um eventual pedido de prisão preventiva? Só agora os próprios ministros do STF se deram conta da encrenca que arrumaram para o futuro de importantes lideranças políticas que perderem mandatos e também o foro especial, que, no jargão jurídico se entende por “foro de prerrogativas de função”. Na semana passada, o problema foi tratado durante encontro do presidente do STJ, Paulo Costa Leite, com as lideranças do Congresso. Tudo indica que a solução para esse problema está, agora, nas mãos do próprio Congresso, que poderá tomar a iniciativa de recuperar o direito ao foro especial para ex-presidentes, ex-senadores, ex-deputados, ex-ministros, ex-governadores e ex-prefeitos. E isso terá de ser feito até o final deste exercício legislativo. JOSÉ BARRIONUEVO – PÁGINA 10 PDT ameaça largar Ciro Gomes Ninguém consegue imaginar que a tomada de posição da executiva gaúcha do PDT, hoje às 14h, sobre Ciro Gomes não reflita o pensamento de Leonel Brizola. De forma mais contundente, Airton Dipp, Pedro Ruas e Vieira da Cunha devem alertar para um possível desembarque do PDT da candidatura de Ciro, que vem sendo ultrapassada pela da governadora Roseana Sarney (PFL-MA). Meia hora depois do ex-ministro e ex-governador do Ceará desembarcar em Porto Alegre hoje para um roteiro de quatro dias pelo Estado em companhia do PTB e do grupo de Britto, que ingressa amanhã no PPS, a executiva do PDT fará uma análise sobre os quadros nacional e regional. Uma das alegações é o ingresso dos dissidentes do PMDB no PPS. A outra, invisível ainda, é o temor de que Ciro venha a ser o candidato do Palácio do Planalto. A entrevista foi pautada ontem à noite pelo próprio Brizola em vários telefonemas e por fax. Brizola examina candidatura pelo RS Mesmo tendo dito no Atualidade, da Rádio Gaúcha, sexta-feira, que somente um fato muito forte pode fazer com que transfira o domicílio eleitoral para o Rio Grande do Sul, Brizola começou a raciocinar com esta hipótese no domingo, depois que recebeu a pesquisa eleitoral publicada em Zero Hora. Brizola, que pretendia concorrer a deputado federal pelo Rio para reforçar a bancada do PDT na Câmara, pode gerar um fato político enfrentando o PT em sua principal base, com prováveis reflexos na candidatura de Lula. Roseana vê preconceito na candidatura a vice Roseana Sarney A direção nacional do PFL levará ao ar, a partir de hoje, no horário de propaganda gratuita, peças publicitárias nas quais a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, rejeita a idéia de figurar como candidata a vice-presidente em uma eventual aliança com outros partidos da base de apoio do governo Fernando Henrique Cardoso. Em textos curtos, de 30 segundos cada, Roseana fala naturalmente, tendo as praias de São Luís como cenário, ou aparece passando em revista tropas e vestindo a faixa de governadora do Estado. Ela diz que desde que começou a aparecer nas pesquisas eleitorais com índices superiores aos “de políticos tradicionais” o seu nome começou a ser mencionado como “uma boa vice” e refuta a idéia com argumentos claramente dirigidos ao eleitorado feminino. – Eu acho que o destino das mulheres não tem de ser eternamente ser vice: vice do marido, vice do irmão, vice no emprego – teoriza o texto escrito pelo publicitário Nizan Guanaes, que fez a campanha de FH em 1994 e em 1998. Na proposta para ser vice, Roseana vê preconceito contra a mulher e contra o seu partido, parceiro de FH nas duas últimas eleições. Simon não decola no seu Estado Tudo indica que o aval dado por Pedro Simon a Jader Barbalho e suas ligações com a cúpula nacional do PMDB prejudicaram fortemente o prestígio do senador gaúcho no seu Estado. Para governador, Simon ocupa uma pálida quinta posição (5,1%), com um quinto do índice obtido por seu rival Antônio Britto, menos da metade de Brizola (11,7%). Para presidente, com 14,9%, tem menos da metade de Lula e leva pequena vantagem sobre Ciro, com 12,1%, e de Roseana, com 10,8%, o primeiro um ex-governador do Ceará, e o segundo, governadora do Maranhão. Simon governou o Estado, foi cinco vezes deputado estadual, exerce o terceiro mandato de senador pelo RS, tendo liderado a oposição aqui por mais de três décadas. Padilha corrige interpretação O ministro Eliseu Padilha remeteu um fax ontem à Página 10 corrigindo interpretação dada a uma possível candidatura a governador na edição de sábado, a partir de notícia do correspondente de Novo Hamburgo, onde o ministro inaugurou passarela sobre a BR-116, sexta-feira. Foi categórico: 1. Nunca admiti, nem admitirei, concorrer ao governo do Estado nas eleições de 2002. Quero ser candidato a deputado federal. 2. Afirmei, como reafirmo, que estou e estarei à disposição do partido para trabalhar na coordenação da campanha, a exemplo do que faço desde as eleições de 1982, o que na nota em causa só foi transcrito parcialmente. Tucanos não emplacam nem agitam O malabarismo dos candidatos do PSDB não resultam até agora numa posição de destaque nas pesquisas. No RS, o mais bem situado na avaliação publicada nesta edição, José Serra, está com 3,7% (o gaúcho Paulo Renato tem 1,4%). Em SP, principal eleitorado do país, Serra buscou apoio em Mário Covas, ontem, ao inaugurar com o governador Alckmin um centro de referência do idoso com o nome do ex-governador, dentro do projeto Agita São Paulo. Até agora, como candidato, não emplaca nem agita. Mirante • Os índices de Roseana no RS cacifam o PFL gaúcho. • O índice obtido por Brizola (11,7%), sem ser candidato ao Piratini, levou o líder maior dos trabalhistas a examinar melhor desde ontem uma transferência de domicílio eleitoral para o RS. • Na pesquisa espontânea, Simon é o sexto colocado (um pouco acima de Fortunati). Para presidente, é terceiro, 2,6 pontos abaixo de Ciro. • A alta rejeição a Olívio é um indicativo a mais que favorece Tarso na pesquisa do Cepa. O governador lidera com 28,9%, enquanto Tarso está com 6,1%. Na preferência, Tarso está com cinco pontos a mais do que Olívio. Vai pesar na prévia. • Bogo decide entre hoje e amanhã seu futuro político. Virou novela. Se é para valer a condição de ser candidato a governador, fica no PSDB. • Nelson Marchezan convidou Fogaça para concorrer a governador pelo PSDB, no sábado. Saiu convencido de que o senador é social-democrata. É o máximo que pode dizer sobre a opção que Fogaça fará até quarta. • Entrevista da executiva do PDT hoje é ruim para Britto. • Em pré-convenção na sede da Igreja Universal, na Júlio de Castilhos, Aroldo Medina, capitão da BM, foi sagrado como candidato a governador. Ainda não tem ficha de filiação. Comanda a 2ª Companhia do 9º BPM, responsável pelo policiamento do Centro. Detalhe: nasceu no dia 31 de março de 64. • Padilha entende que, no PPS, o grupo de Britto passa a disputar com o PT o eleitorado marxista. Maldade! • Com 10,8%, pode ser considerado altíssimo o índice obtido por Roseana Sarney no RS. Esteve aqui uma única vez. É o milagre da televisão. • Para conferir. Itamar Franco opera milagres. Há uma repentina aproximação entre Brizola e Simon. ROSANE DE OLIVEIRA Recado para o Planalto Os gaúchos de espírito separatista, que chamam o Rio Grande do Sul de “pequena pátria”, se surpreenderão ao constatar que em matéria de intenção de voto os eleitores do Estado estão na média do Brasil. Nenhuma surpresa no Estado em que Luiz Inácio Lula da Silva venceu as duas últimas eleições presidenciais, exceto o aparecimento de Roseana Sarney. Sem estar diante de um cartão com os nomes de possíveis candidatos, 3,% dos eleitores disseram que pretendem votar na governadora do Maranhão. Parece pouco, mas quando se constata que nessa simulação Lula tem 19,2%, Ciro Gomes, 6,8% e Pedro Simon, 4,2%, o índice de lembrança passa a ser significativo. O PFL é minúsculo no Rio Grande do Sul e, mesmo assim, Roseana ficou em quarto lugar na estimulada, com 10,8%, à frente de quatro ministros de Estado – José Serra, Paulo Renato Souza, Pedro Malan e Pratini de Moraes. Os 30,8% de Lula, mesmo representando o dobro de Simon, o segundo colocado, estão abaixo do percentual obtido nacionalmente pelo candidato do PT na última pesquisa CNT/Sensus (31,3%). Era de se esperar que, com os reforços conquistados na semana passada, a candidatura de Ciro Gomes deslanchasse no Estado, mas o ex-ministro da Fazenda tem aqui os mesmos 12% da pesquisa nacional. Ciro pode ter sido prejudicado pela presença de Simon, que raramente figura nas pesquisas nacionais. Para quem já foi governador e está no terceiro mandato de senador, Simon não pode comemorar os 14,9% obtidos. Seu índice certamente seria maior se os eleitores tivessem certeza de que é candidato à Presidência, mas a prévia do PMDB só será realizada em janeiro e o próprio partido contribui para a confusão, quando diz que ele pode concorrer ao Palácio Piratini. Simon só admite essa possibilidade no caso de perder a prévia para Itamar Franco, mas boa parte do PMDB gaúcho quer que ele abra mão da candidatura ao Planalto em favor do governador mineiro e assuma logo a condição de candidato a governador. Assim como a pesquisa para o governo do Estado, esta deve ser vista com reservas por incluir mais de um nome do mesmo partido entre os pré-candidatos. A título de exercício é interessante observar que entre 10 nomes, os cinco últimos são ligados ao presidente Fernando Henrique Cardoso – quatro são ministros e o último é o governador do Ceará, o tucano Tasso Jereissati. Juntos, têm 8,6% – menos do que Roseana sozinha. Lula, Simon, Ciro e Itamar, todos críticos do governo, somam 63,4%. Editorial O continente da pobreza Informe recém divulgado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), organismo das Nações Unidas com sede no Chile, traça um panorama inquietante de ambas as regiões. Segundo o documento, entre 1990 e 1999 deteriorou-se acentuadamente a distribuição de renda, expandiu-se o contingente dos que vivem na pobreza e o desemprego sofreu substancial incremento. Embora os gastos sociais nas nações latino-americanas e caribenhas hajam apresentado um inequívoco aumento, passando de US$ 360 para US$ 540 per capita no período considerado, ampliou-se a distância que separa as classes caracterizadas como favorecidas daquelas consideradas carentes. Para que se tenha uma idéia mais precisa desse abismo que se alarga, basta lembrar que, em média, a renda per capita dos 10% mais ricos supera em cerca de 20 vezes a dos 40% mais pobres. O Uruguai figura como o país de melhor distribuição da riqueza, enquanto no Brasil se verificam os contrastes mais evidentes. No último ano examinado havia ainda 218 milhões de seres humanos – ou 43,8% da população dessas áreas do continente – na linha da pobreza. Daquele total, os indigentes somavam 89 milhões. A isso se acresce o fato de que de cada 10 postos de trabalho criados nos anos 90 sete foram gerados no setor informal da economia, ou seja, sem proteção das legislações trabalhista e previdenciária. A taxa de desocupação subiu para 9%, em média, uma cifra elevada em qualquer região do planeta. As conjunturas adversas devem ser encaradas antes de tudocomo um desafio a países e indivíduos Esse cenário assume contornos ainda mais sombrios quando se leva em conta que, de uma média de 4,5% anuais no período de 1990 a 1994, o crescimento do Produto Interno Bruto não deve ultrapassar 2% no presente exercício. É esse um dos fatores mais dramáticos da crise, pois só há uma forma de melhorar a distribuição de renda, estancar o incremento da pobreza e da indigência e frear o desemprego. É ela uma expansão sustentada da atividade econômica, o que se converte em tarefa mais complexa em um estágio no qual a recessão mundial se deverá tornar mais pronunciada, como efeito do novo quadro geopolítico conseqüente aos atentados ocorridos nos Estados Unidos. As conjunturas adversas, no entanto, devem ser encaradas antes de tudo como um desafio, tanto para as nações quanto para os indivíduos. Vencem mais facilmente as crises os países que estimulam os setores produtivos, especialmente os que respondem mais rapidamente a incentivos e geram maior número de empregos. Preparam-se com melhores condições para obter colocação em mercados competitivos aqueles que apostam na educação como meio por excelência de promoção humana e realização pessoal. Não são diversos os caminhos que, nesta hora difícil, se oferecem ao Brasil e aos brasileiros. Promiscuidade inaceitável Anualmente, o Tribunal de Contas da União publica um relatório com a lista de obras pagas com recursos orçamentários, indicando as que estão sendo corretamente administradas, as que apresentam certos indícios de irregularidades e as que demonstram graves desvios de gestão. O relatório deste ano, há pouco encaminhado ao Congresso, oferece uma relação de 121 obras fortemente suspeitas, quase o dobro do número do ano passado, que foi de 66. Aliás, das 304 obras auditadas pelo TCU, apenas 94 – portanto menos de um terço – não foram objeto de ressalva. O mais grave é que a inclusão na lista negra do órgão auditor não conduz necessariamente à suspensão da liberação de recursos para a obra, pois as decisões neste sentido cabem exclusivamente ao Congresso. Não têm sido raros, pelo contrário, os casos em que as denúncias em nada resultaram, mesmo quando envolvendo grandes quantias. Essenciais aos interesses paroquiais de deputados, senadores e políticos em geral, as obras feitas com recursos federais raramente deixam de seguir adiante, ainda que existam fortes elementos a sustentar desconfianças de gestão inadequada dos fundos disponíveis. Infelizmente, a administração irresponsável do dinheiro público continua na ordem do dia A questão da convivência promíscua de empreiteiros, administradores, políticos e funcionários, problema histórico do país, vem de receber um acréscimo recente com a publicação de um estranho anúncio em jornais do centro do país no dia 25 último. Obviamente cifrado, o anúncio envolvia a empreiteira Andrade Gutierrez e a relacionava com o ex-prefeito Paulo Maluf, seu filho Flávio, o ex-senador Orestes Quércia e outros personagens da cena política paulista. Os promotores que apuram supostos depósitos no Exterior pertencentes a Paulo Maluf, os quais chegariam a US$ 200 milhões, resolveram abrir uma investigação paralela para decifrar as questões relacionadas com o anúncio. Infelizmente se observa que, tantos anos após o governo Collor e o caso dos Anões do Orçamento no Congresso, o país não conseguiu superar o gravíssimo problema do assalto ao erário durante realização de obras públicas. Projetos inúteis ou suntuosos demais, superfaturamento na aquisição do material e no pagamento de serviços, farta distribuição de gorjetas e comissões, aplicação efetiva de recursos muito aquém do que se procura demonstrar com notas e recibos pouco confiáveis: são praticamente infinitos os estratagemas postos em funcionamento quando se trata de construir o mínimo gastando-se o máximo. O episódio recente da nova sede do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, que resultou no sumiço de cerca de R$ 170 milhões, é uma prova de que, infelizmente, a administração irresponsável do dinheiro público continua na ordem do dia. Sem que o Congresso dê o exemplo com as obras a seu cargo, será difícil que a cultura da dilapidação dos recursos do Estado encontre um termo neste país. Topo da página

10/01/2001


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