Osesp faz de julho o mês da música em SP
A companhia fará apresentações em diversas cidades do interior por 20 dias
O Estado de São Paulo prepara-se para viver em julho o Mês da Música. Além do tradicional Festival de Inverno de Campos do Jordão, que terá neste ano sua 39ª edição, a Secretaria de Estado da Cultura lança o programa Osesp Itinerante, que levará a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo a 12 cidades do interior. Entre os dias 2 e 20 de julho, 120 artistas percorrerão aproximadamente 2 mil quilômetros, apresentando 60 horas de música tocada em 54 concertos gratuitos, além de oficinas e palestras, totalizando 132 eventos para um público estimado em 72 mil pessoas.
O objetivo do projeto é divulgar o melhor da produção musical erudita no Estado, democratizando o acesso à música clássica, bem como permitir a aproximação de jovens músicos com o cotidiano da profissão. “Ofereceremos uma programação de qualidade que abrangerá, além do auditório Cláudio Santoro, em Campos do Jordão, outros espaços no interior do Estado”, afirmou o secretário de Estado da Cultura, João Sayad.
A programação prevê concertos sinfônicos ao ar livre e concertos com grupos de câmara e coral, em igrejas e teatros. Haverá ainda palestras do diretor artístico e regente titular da Osesp, maestro John Neschling, sobre música, carreira musical, mercado musical entre outros assuntos, bem como oficinas com músicos da orquestra e cursos rápidos de apreciação musical.
Operação de guerra – Depois de abrir o Festival de Inverno de Campos do Jordão, a orquestra tocará nas cidades de São José dos Campos, Taubaté, Sorocaba, Itapetininga, Bauru, Marília Piracicaba, Limeira, São Carlos, Araraquara, São José do Rio Preto e Catanduva. O público desses municípios terá a oportunidade de ouvir a Osesp em condições apropriadas, com toda a sua qualidade sonora, seu coro, grupos de câmara e grande orquestra. “A Osesp que se apresentará nessas cidades será a mesma que se apresenta na Sala São Paulo, em Viena ou em Genebra; o programa será um pouco diferente, com peças importantes do repertório sinfônico, mas de fácil acesso a todos”, explica Neschling.
Em sua avaliação, fazer uma turnê pelo interior do Estado é mais difícil do que tocar em Viena, por exemplo. Segundo ele, é uma verdadeira operação de guerra, dadas as dificuldades de locomoção da equipe de músicos e técnicos e a escassez de espaços adequados para receber a orquestra em algumas localidades.
Para Neschling, o Osesp Itinerante é um projeto pensado para a realidade do Estado de São Paulo, pois democratiza a alta cultura, cria e atrai um público interessado em música. “Estamos fazendo aquilo que achamos que é importante, para ajudar os jovens alunos de música a encontrar o caminho para depois estudarem, seja em Campos do Jordão, seja nas grandes escolas de música do Brasil e do exterior”.
O Osesp Itinerante se repetirá nos próximos anos, em diferentes regiões do Estado. Para 2009, estão confirmadas as cidades de Presidente Prudente, Campinas Bertioga, Birigüi.
O Festival – Neste ano, a 39ª edição do mais importante evento de música clássica da América Latina, o Festival de Inverno de Campos do Jordão, terá como tema “Música e Literatura”. Serão executadas obras baseadas em clássicos de Sheakespeare, Dante, Goethe, Nietzsche, Cervantes, Vinícius de Moraes, Carlos Drumond de Andrade, Olavo Bilac, entre outros. Haverá ainda a estréia mundial da peça Capitu, inspirada em Dom Casmurro, de Machado de Assis, pelo compositor João Guilherme Ripper.
A escolha do tema, segundo o diretor artístico do festival, maestro Roberto Minczuk, obedece sempre à regra de provocar uma reflexão sobre assuntos relacionados à música. “Neste ano, resolvemos ressaltar a importância e o significado que a literatura tem na música, já que historicamente muitas peças musicais inspiram-se em obras literárias.” O festival será encerrado com a Nona Sinfoni, de Beethoven, considerada por muitos a maior obra musical de todos os tempos, inspirada na Ode à Alegria do poeta alemão Friedrich Schiller, cujo texto é utilizado na parte coral da obra.
Vitrine de talentos – Serão ao todo 50 espetáculos, apresentados entre os dias 5 e 27 de julho, em seis espaços: Auditório Cláudio Santoro, Praça do Capivari, Capela do Palácio Boa Vista, Igreja Santa Terezinha, Igreja São Benedito e, neste ano, pela primeira vez, na Igreja Nossa Senhora da Saúde. O concerto de encerramento, em 27 de julho, será realizado na Sala São Paulo, com a Orquestra Acadêmica do Festival, formada pelos bolsistas do festival, regida pelo maestro Kurt Masur.
A formação de músicos e a revelação de novos talentos é, segundo Minczuk, a verdadeira vocação do festival “É muito mais do que uma grande série internacional de concertos; a programação é, na verdade, a cereja do bolo. O que acontece em Campos do Jordão há quase quarenta anos é o convívio entre músicos consagrados no País e no mundo e aqueles que serão as grandes estrelas”. Para o maestro, a oportunidade de tocar ao lado de um músico reconhecido internacionalmente é uma experiência única para um jovem estudante.
Minczuk se diz satisfeito com o trabalho dos bolsistas do Festival, que têm conquistado posições importantes em várias escolas da Europa, Estados Unidos e nas principais orquestras do Brasil e da América Latina. “Vários alunos encontram em julho aqueles que serão seus futuros professores no exterior e conhecem artistas que em pouco tempo serão seus colegas”.
Destacou a importância de prêmios como o Eleazar de Carvalho, que anualmente premia os melhores alunos com bolsa de R$ 4 mil mensais durante um ano, para aperfeiçoarem seus estudos no exterior. “Preparamos músicos que ocuparão posições chaves nas principais orquestras do Brasil. Além de permitir o contato entre alunos e professores, o Festival de Inverno de Campos do Jordão é uma vitrine de músicos; isso só é possível em um evento como esse, que tem a característica de ser a melhor escola de música do Brasil”.
Roseane Barreiros
Da Agência Imprensa Oficial
05/08/2008
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