Pacientes cardíacos preferem remédios a comida saudável e exercícios físicos



Pesquisa foi realizada com 3 mil clientes do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, que receberam orientação sobre alimentação e prática de exercíc

Pesquisa realizada no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia constatou que a maior parte dos pacientes cardíacos tem dificuldade em mudar hábitos alimentares e de vida, o que os leva a se apoiarem somente na medicação para manter a doença sob controle. O levantamento foi feito durante uma semana de atendimento, com três mil pacientes do hospital, por iniciativa do chefe da Seção de Nutrição Clínica do instituto, o cardiologista Daniel Magnoni.

Responsável pelo programa de orientação nutricional, ele se interessou em verificar se os cuidados recomendados são seguidos pelos pacientes. “O intuito é o aprimoramento da nossa abordagem”, explica o médico. Para tanto, elaborou questionário com perguntas baseadas nas principais recomendações para um estilo de vida saudável. Ao aplicá-lo, descobriu que 51% dos entrevistados são totalmente sedentários, ou seja, não praticam nenhuma atividade física; que 40% não consomem legumes e verduras diariamente e apenas 18% ingerem alimentos integrais todos os dias.

Ainda há outros hábitos incentivados no atendimento do hospital que não são seguidos pela maioria. O uso de margarinas sem gordura trans, por exemplo, não é adotado por 60% deles, assim como o cuidado em não consumir produtos altamente gordurosos e com excesso de sal, como salsichas, lingüiças e embutidos. “Concluímos que, apesar do cuidado da equipe médica em reforçar a importância dos bons hábitos de vida, a maioria das pessoas acredita mais na medicação, que é apenas parte do tratamento”, afirma Magnoni. Segundo ele, a adoção de práticas saudáveis diminui a morbidade (conjunto de causas capazes de produzir uma doença), a mortalidade e reduz a necessidade do uso de remédios, além de incorporar qualidade ao atendimento.

Para uma alimentação ideal é necessário incluir frutas, legumes e verduras nas refeições, diminuir a quantidade de sal, não ingerir produtos embutidos ou enlatados e restringir em até 150 gramas o consumo diário de carne. Os exercícios físicos devem fazer parte da rotina (mínimo de 30 minutos de atividade, cinco vezes por semana).

Pioneirismo – A partir dos resultados da pesquisa, foram realizadas mudanças na forma da abordagem nutricional com os pacientes. Ela passou a ser em grupo e abranger de maneira mais significativa o conceito da multidisciplinaridade, recursos que, de acordo com Magnoni, podem colaborar para uma fixação maior das orientações. A diferença entre o atendimento individual e em grupo, segundo ele, é que no coletivo as pessoas expõem abertamente os seus anseios e dúvidas, além de interagirem, trocando experiências. “Isso estimula mudanças”, constata. E o reforço sobre os vários aspectos envolvidos no tratamento, além do recurso químico, tem como meta alertar sobre o papel do conjunto de fatores que interferem na saúde. Para conferir a eficácia das medidas, o médico pretende repetir a pesquisa dentro de um ano.

O Instituto Dante Pazzanese é pioneiro na área de nutrição clínica em cardiologia entre os hospitais públicos brasileiros. A seção, que atende 80 pacientes por dia, foi criada há cinco anos, pelo atual diretor geral, Leopoldo Piegas. Conta com dois médicos nutrólogos e cardiologistas, quatro nutricionistas-coordenadores e 28 estagiários. Tem a atuação voltada à obesidade, aos distúrbios de colesterol e triglicérides, à hipertensão, ao diabetes e à propagação da alimentação funcional. Todos os pacientes do hospital recebem orientação nutricional. No dia 10 de outubro, será realizado o 2º Simpósio Internacional sobre Nutrição Saudável.

Simone de Marco <

03/02/2008


Artigos Relacionados


Cardíacos preferem medicamentos a hábitos saudáveis

Cardíacos não praticam exercícios, diz pesquisa

Prática de exercícios físicos por idosos reduz ida ao médico

Exercícios físicos durante a gravidez ajudam no desenvolvimento do bebê

Previna a hipertensão praticando exercícios físicos, controlando a alimentação e sem bebida alcoólica

Riscos cardiovasculares em crianças obesas podem ser reduzidos com exercícios físicos e alimentação