Países africanos enviam representantes ao Brasil para aprender revolução no Campo



Um grupo de 42 pesquisadores de 25 países da África está no Brasil com uma missão: aprender as técnicas que levaram a uma verdadeira revolução produtiva no campo na última década. As novas tecnologias de produção de pastagem para alimentação do gado, desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), catapultaram o País à posição de maior exportador de carne do planeta. Novas técnicas de produção de sementes elevaram em 365% na produção de grãos, colocando o campo brasileiro entre os cinco maiores celeiros do mundo.

Desde o dia 18 de outubro, os africanos frequentam um curso de capacitação e de transferência de tecnologia oferecido pela Embrapa. No final do mês, eles devem voltar à África, levando conhecimento em técnicas avançadas de formação, manejo e recuperação de pastagens e organização do sistema de produção de sementes.

Os países africanos que têm representantes nos cursos oferecidos pela Embrapa são: Guiné, Guiné-Bissau, Benin, Angola, Congo, ilhas Maurício, Burkina Faso, Angola, Gabão, Tunísia, Argélia, ilha de São Tomé e Príncipe, Egito, Namíbia, Suazilândia, Senegal, Moçambique, Eritréia, Mauritânia, Mali, Marrocos, África do Sul, Uganda, Gana, Tanzânia, Quênia e Cabo Verde.

Países africanos
 

Conhecimento forte na área agrícola

Sidi Bawa Taleb Mokhtar é chefe de apoio técnico da Divisão de Pesquisa, Formação e Divulgação de Manejo de Sementes da República Islâmica da Mauritânia, um país de 2,7 milhões de habitantes no Noroeste da África. Para ele, há no Brasil um conhecimento forte e bem centrado na área agrícola, principalmente no que diz respeito à organização de processos e na Agricultura familiar. 

"Sabemos que o Brasil fez grandes avanços no setor agrícola porque partiu de uma produção deficitária em alimentos e se tornou um grande exportador. Partindo desse fato, é muito importante conhecer e poder capitalizar o know-how dos colegas brasileiros, o que deverá certamente ajudar na planificação e a evolução da agricultura na Mauritânia", afirma.

De acordo com a pesquisadora Tinamoud Cisse, da República do Mali, a grande vantagem de estudar no Brasil é poder conhecer técnicas avançadas realizadas em circunstâncias físicas e climáticas semelhantes às do Mali. Com 12 milhões de habitantes, o país está localizado no Oeste da África, onde o norte abriga uma parte do deserto do Saara e o Sul é verde, por causa dos rios Niger e Senegal.

“Existe uma grande diferença entre o que nós fazemos no Mali e o que se faz no Brasil. No Mali, a tecnológica não é tão desenvolvida. Nós vemos que no Brasil existe um monte de coisas que a gente não faz – e que queremos desenvolver lá”, diz a cientista, que pesquisa as culturas de algodão e plantas daninhas.

Trabalhando no setor de Transferência de Tecnologia da Embrapa, o engenheiro agrônomo Hugo Dias da Costa Vilas-Boas é um dos organizadores do curso. Ele explica que "um aspecto interessante a ser notado é que existe uma diferença grande de estágios de desenvolvimento da agricultura no Continente Africano. "Há países que são bem desenvolvidos em sua agricultura e há outros que não".

Para Villas-Boas o Brasil ganha muito com o modelo da Cooperação Sul-Sul desenvolvido pela Embrapa, em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC). "Porque é um intercâmbio rico em informações para os dois lados".

"Tivemos a preocupação de estimulá-los a trazer informações sobre as atividades deles, porque apesar de nosso histórico de bom desenvolvimento, nossa agricultura é muito heterogenia. Temos regiões que estão praticando uma agricultura que pode estar no mesmo nível da agricultura desses países mais pobres, aqui representados", esclareceu o engenheiro agrônomo.

A Embrapa informou que os cursos de formação, manejo e recuperação de pastagens e organização do sistema de produção de sementes são os dois primeiros de um pacote de 101 cursos que serão oferecidos nos próximos anos, dentro do projeto de Cooperação Sul-Sul. 

 

Fonte:
Portal Brasil



27/10/2010 20:36


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