Papilomavírus humano (HPV) provoca quase 100% dos cânceres de colo de útero, dizem especialistas



 O papilomavírus humano (HPV) é responsável por praticamente 100% dos cânceres de colo de útero, afirmou, nesta quarta-feira (6), em audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), o presidente da Comissão Nacional do Trato Genital (Febrasgo), Newton Sérgio de Carvalho. A vacina contra o HPV, segundo Carvalho, deverá ser eficaz e aumentar o nível de anticorpos do organismo.

A audiência debateu o projeto de lei 51/07, que garante o oferecimento de vacinação anti-papilomavirus humano (HPV) à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto, de autoria da senadora Ideli Salvatti (PT-SC), líder do bloco de apoio ao governo, estabelece, de modo sistemático e gratuito pelos órgãos e entidades públicas, bem como pelas entidades privadas subvencionadas pelos governos federal, estaduais e municipais, a vacina quadrivalente contra o HPV - o que já ocorre com as vacinas obrigatórias, classificação dada pelo Ministério da Saúde.

O câncer de colo de útero "assola o mundo inteiro, mas o maior índice da doença ocorre em países em desenvolvimento", informou a representante do Hospital Oswaldo Cruz Bernadete Nonenmacher. Ela disse que, nos países desenvolvidos, existem programas de rastreamento mais eficazes para detectar o câncer de colo uterino, enquanto nos demais países essa prevenção "não ocorre de forma ideal".

A médica apresentou várias estatísticas e estudos, apontando que, no Brasil, existem entre dez a 12 milhões de mulheres infectadas pelo HPV e que cerca de cinco mil mulheres morrem por ano no país devido ao câncer de colo uterino.

- Isso tem um custo para o país, para o SUS e para as mulheres - afirmou Bernadete, que explicou como são feitos os exames de prevenção para detecção de problemas na mulher com relação ao HPV e os tipos de tratamento, desde a simples cauterização até cirurgias, muitas vezes com necessidade de quimioterapia e radioterapia.

Bernadete também defendeu a vacina contra o HPV, afirmando que é segura, tem eficácia e já é adotada por mais de 60 países. A vacina, explicou, é intramuscular e semelhante à da hepatite B, dada em três doses. A vacina tem ainda maior eficácia, segundo ela, quando aplicada em meninas de até 12 anos de idade.

Newton Carvalho lembrou que no Reino Unido o controle do câncer de colo de útero está bem mais avançado do que no Brasil. Ele disse que a vacina não pode ser isolada, pois faz parte de todo um programa de prevenção contra a doença e deve ser inserida dentro de um plano de combate ao câncer.

A coordenadora de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Gulnar Azevedo e Silva Mendonça, disse que a incidência do câncer de colo de útero no Brasil ainda é de grande magnitude. Atualmente, informou, esse tipo de câncer está em terceiro lugar na causa da morte de mulheres por cânceres no país, ficando atrás do câncer de mama e do câncer de pulmão.

Na Região Norte, segundo Gulnar, o câncer de colo uterino é a principal causa de morte das mulheres que falecem devido ao câncer. A coordenadora disse que no Rio de Janeiro a incidência também é grande. Ressalvou, no entanto, que em São Paulo, Rio Grande do Sul e Goiânia a doença diminuiu bastante a partir de 2001 depois de programas de prevenção. No Nordeste, somente nas capitais a situação melhorou, e no Sudeste, de uma maneira geral, a incidência do câncer do colo uterino ainda é grande, informou.

Todos os especialistas são unânimes em afirmar que já está comprovado que o HPV causa praticamente 100% dos cânceres de colo uterino. Eles ressalvam que nem todas as mulheres que contraem HPV desenvolvem câncer, podendo ter várias infecções e problemas de saúde, mas que as que têm câncer de útero provavelmente foram infectadas pelo HPV.

A audiência foi conduzida pela senadora Patrícia Saboya Gomes (PSB-CE), relatora do projeto de lei 51/07 e presidente da CAS.

06/06/2007

Agência Senado


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