Para Alcântara, violência contra a mulher já é questão de saúde pública
A violência contra a mulher já pode ser considerada uma questão de saúde pública, afirmou o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), ao saudar o transcurso do Dia Mundial contra a Violência à Mulher, celebrado no dia 25 deste mês. Com base em dados do Banco Mundial, o senador informou que as mulheres entre 15 e 44 anos são mais vitimadas pela violência do que por doenças como câncer, malária, acidentes de trânsito ou até mesmo pela guerra. Pelo menos uma em cada três mulheres é alvo de algum tipo de violência física, sexual ou outra forma de abuso, informou.
Segundo Alcântara, ainda com base em relatórios do Banco Mundial, a violência sexual e doméstica apresenta um sério agravante: confronta-se com os esforços para promover a saúde sexual e reprodutiva no mundo, comprometendo o planejamento familiar. Desestimuladas a seguir a vida familiar, a mulher fica exposta a uma série de contrariedades, como doenças sexualmente transmissíveis, problemas ginecológicos persistentes, complicações de saúde, alto risco de gravidez indesejada e abortos inseguros.
Alcântara citou dados do Instituto Noss de Pesquisas Sistêmicas, Instituto de Desenvolvimento de Redes Sociais e Promundo - Organizações Não-Governamentais brasileiras - para mostrar que 37% das mulheres agredidas dependiam exclusivamente dos companheiros para se sustentarem. Ainda segundo as pesquisas, muitos homens entrevistados disseram que tinham o direito de agredir as mulheres se elas não realizassem bem as tarefas domésticas.
Para o senador, a boa novidade é que as mulheres estão aprendendo que o medo de denunciar a violência pode ser vencido. Ele citou o caso da cearense Marta da Penha Maia Fernandes, que em 1983 recebeu um tiro do então marido, enquanto dormia. Dois dias depois, ele tentou eletrocutá-la. Paraplégica e com outras seqüelas físicas, criou coragem e o denunciou. O assunto foi levado à Organização dos Estados Americanos (OEA), que, em abril do ano passado, condenou o Brasil por constatar que havia no país -uma clara discriminação contras as mulheres agredidas, pela ineficácia do sistema judiciário-.
Lúcio Alcântara diz que há demora da Justiça em tratar de denúncias de mulheres agredidas, o que, segundo ele, alimenta a impunidade e desestimula outras mulheres de levarem seus casos à delegacia. -Até hoje, o ex-marido de Maria da Penha Maia Fernandes continua solto, apesar de o episódio ter alcançado repercussão e chegado à OEA-, disse o senador.
Ao lembrar que está se afastando do Senado para assumir o governo do Ceará, Alcântara disse que não é a mudança de cenário político que fará esmorecer o seu empenho e a obstinação em favor da causa da mulher. -De minha parte, todos os dias, e não apenas no dia 25 de novembro, serão dias de combater a violência contra as mulheres-, afirmou.
28/11/2002
Agência Senado
Artigos Relacionados
Debate a violência contra a mulher como uma questão de saúde pública
USP: Faculdade de Saúde Pública discute a violência contra a mulher
USP: Faculdade de Saúde Pública discute a violência contra a mulher
USP: Faculdade de Saúde Pública discute a violência contra a mulher
USP: Faculdade de Saúde Pública discute a violência contra a mulher
USP: Faculdade de Saúde Pública discute a violência contra a mulher