Para Alvaro Dias, parlamentares que se encontraram com Cavendish em Paris têm de se afastar da CPI



O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou nesta sexta-feira (15) que, uma vez identificados, os parlamentares que integram a CPI do Cachoeira e participaram recentemente de um almoço em Paris com Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta, deveriam pedir afastamento da comissão parlamentar de inquérito.

Em entrevista nesta sexta-feira (15), o líder do PSDB considerou a denúncia grave e disse que a CPI está “sob orientação política suspeita”. Nesta quinta-feira (14), requerimento pela convocação de Cavendish à CPI foi rejeitado por 16 votos contra 13.

É preciso recolocar a CPI nos trilhos da investigação para valer, valorizando o essencial, que é o desvio do dinheiro público, por meio das operações da Delta tendo Cachoeira como principal traficante de influência – afirmou.

A Delta é apontada pela Polícia Federal como integrante do esquema criminoso montado por Cachoeira, preso desde 29 de fevereiro por corrupção, formação de quadrilha e outros crimes. De acordo com a PF, a Delta, maior detentora de contratos do Programa de Aceleração do Crescimento (CPI) e com negócios em vários estados, repassou dinheiro a empresas fantasmas controladas por Cachoeira.

Nesta quinta-feira (14), o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) pediu à CPI que investigasse as informações de parlamentares que integram a comissão de inquérito teriam se encontrado com Cavendish em Paris, na França, e ainda denunciou a existência de uma “tropa do cheque” para proteger a Delta nas investigações.

No Plenário, Álvaro Dias lamentou a postura de alguns parlamentares que tiveram a “ousadia de tentar justificar a não convocação de Cavendish”.

– O empresário teve o acinte de afirmar que compraria um senador com R$ 6 milhões, a agora a comissão se recusa a ouvi-lo. Ou seja, há não só omissão, há conivência e cumplicidade daqueles que não aceitam convocá-lo para que possa ser devidamente questionado e responsabilizado pelos seus atos – afirmou.

Ainda conforme o senador, ficou claro que recursos volumosos saíram dos cofres públicos, especialmente do governo federal por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para a conta bancária da Delta.

– Da Delta, o dinheiro saía para o dinheiro alimentava contas bancárias de integrantes da quadrilha Carlos Cachoeira. Isso está explícito nos documentos sigilosos que chegam à CPI.

Demóstenes

Sobre a tentativa da defesa do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) de suspender o processo administrativo no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, por meio de um mandado de segurança, Alvaro Dias argumentou que se trata de um julgamento político.

– Demóstenes teve toda oportunidade de se defender no Conselho, onde falou o tempo que desejou, e na CPI, onde preferiu ficar calado. O que ocorre no Congresso é um julgamento político com regras próprias. Cabe ao Congresso definir os rumos deste processo – opinou.

Demóstenes Torres responde a processo disciplinar no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar, depois que foi flagrado em escutas telefônicas da Polícia Federal em conversas com Carlinhos Cachoeira. O relatório final, a cargo do senador Humberto Costa (PT-PE), vai ser apresentado na próxima segunda-feira (18).



15/06/2012

Agência Senado


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