Para Marina, instituições transparentes podem evitar episódios como o de Arruda
Da tribuna, a senadora Marina Silva (PV-AC) disse nesta sexta-feira (12) que considerava justa, mas não se regozijava com a prisão do governador José Roberto Arruda, do Distrito Federal, acontecida na última quinta-feira (11), por denúncias de corrupção. Para ela, o acontecido deixa tristes os que acreditam na política como contribuição para a resolução de problemas do país, mas também traz outros ensinamentos: a necessidade de o ser humano se auto-vigiar para evitar cair nas tentações e de as instituições serem transparentes, para que possam ser objetivamente controladas pela sociedade.
- Quando nós não temos processos que nos levem à transparência, ao acompanhamento, ao controle social, a corrupção consegue um maior espaço e um maior desenvolvimento. Infelizmente, as pessoas ainda entendem os processos de controle e participação social como sendo algo que atrapalha a gestão. Mas o que mais atrapalha a gestão pública é a falta dessa transparência, que leva ao desvio de dinheiro - explicou Marina.
Para ela, então, é essa falta de institucionalidade e de transparência que leva a situações infelizes como essa que ocorreu no Distrito Federal, com a prisão do governador Arruda, situação, porém, que não deve ser comemorada.
- Não sou de me regozijar com a desgraça alheia, eu preferia ter um bom exemplo do Distrito Federal. Obviamente que esse problema da corrupção, a prisão do próprio governador Arruda acaba manchando todo o trabalho que se fez, inclusive na área da educação - lamentou Marina, dizendo que preferia discursar para citar os bons exemplos.
A parlamentar lembrou que a Justiça não tem sentido de vingança, mas é mecanismo legal capaz de fazer parar o indivíduo que prejudica a sociedade. Serve também, avaliou ela, para não deixar na sociedade a sensação da impunidade, principalmente porque o governador faz parte do grupo denominado de "colarinho branco". Se não há punição, a corrupção pode deteriorar as estruturas de uma sociedade, acrescentou.
- A corrupção é um fenômeno que acompanha, como uma sombra, a história brasileira - disse a senadora, defendendo um trabalho contínuo de esclarecimento sobre a necessidade de combate da corrupção na política. Como ação concreta e um primeiro passo, ela defendeu a mudança nas regras dos financiamentos de campanha.
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Em aparte, Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) elogiou o tema abordado pela senadora, acrescentando que algumas pesquisas demonstram que a própria sociedade não acredita ser possível fazer política sem corrupção. Ele lembrou que a venda de votos não é praticada apenas pelos pobres, mas também pelos ricos, que depois cobram do político, sob a forma de corrupção, o voto dado.
Também em apoio ao discurso de Marina, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que lastimava o que estava acontecendo, mas citou o caráter histórico da prisão de José Roberto Arruda. Por ser o Brasil considerado o país da impunidade, disse, a prisão do governadoré um marco, pois, "enfim, um político importante foi para a cadeia".
Ainda ao final do discurso de Marina, o senador Mão Santa (PMDB-PI) elogiou o pronunciamento da senadora, pontuando que fatos como o ocorrido em Brasília são também uma amostra do quanto a República ainda é jovem.12/02/2010
Agência Senado
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