Para subprocurador, proposta de regularização de APP é 'afronta à sociedade brasileira'



A norma prevista no projeto de reforma do Código Florestal (PLC 30/2011) que regulariza atividades agropecuárias em Área de Preservação Permanente (APP) "é um a afronta à sociedade brasileira", na opinião de Mário José Gisi, subprocurador-geral da República.

Em debate nas comissões de Constituição e Justiça (CCJ), de Meio Ambiente (CMA), de Ciência e Tecnologia (CCT) e de Agricultura (CRA), Gisi criticou regra prevendo a legalização de áreas consolidadas até 2008, conforme previsto no texto.

Para Gisi, o projeto, se transformado em lei, resultará no avanço do desmatamento no país. Conforme enfatizou, isso colocaria o Brasil na contramão da preocupação mundial de proteção aos recursos ambientais como forma de redução dos efeitos das mudanças climáticas.

O subprocurador também ponderou que a nova legislação deve respeitar compromissos internacionais assinados pelo Brasil e que hoje são regras a serem seguidas internamente. Como exemplo, ele citou acordo prevendo a progressiva melhoria da qualidade ambiental.

- O Brasil assumiu compromisso de não haver retrocesso - disse.

Também citou convenção que trata da proteção de áreas úmidas (várzeas e veredas), que deve ser considerada antes de se modificar a lei, como alertou. Ressaltou ainda acordo para combate à desertificação e considerou que o projeto não prevê obrigação de recuperação de áreas degradadas.

Gisi disse ainda que o texto reduz a proteção de margens de rios e topos de morros. Para ele, o país precisa de leis que ajudem a reverter a destruição de áreas montanhosas.

- São imagens tristes, de morros derretendo, APPs descuidadas - observou, citando como exemplo região entre o Rio de Janeiro e São Paulo, área de antiga ocupação de café.

Ele disse concordar com a necessidade de se estabelecer regras claras para uso das terras no país, especialmente para responder aos reclamos do Agronegócio quanto à falta de clareza da lei em vigor, mas ponderou que as mudanças propostas representam retrocesso, em especial por não prever regras claras para recuperação de áreas abertas de forma irregular.

Gisi considera que o projeto deve prever estímulos para a recuperação de áreas protegidas, ao lado das medidas de comando e controle, e não desestimular o cumprimento da lei, regularizando áreas que desobedeceram a legislação de proteção ambiental.

Mais informações a seguir



13/09/2011

Agência Senado


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