Parlamentares mexicanos elogiam experiência de combate à fome no Brasil



Uma delegação de oito senadores e quatro deputados federais do México visitou o Senado nesta segunda-feira (13) e elogiou as propostas legislativas do Brasil no combate à fome. Os parlamentares são integrantes das Comissões de Desenvolvimento Rural, Desenvolvimento Social e Agricultura e Pecuária das respectivas Casas Legislativas e manifestaram a intenção de reforçar a relação bilateral compartilhando experiências entre os dois países.

A comitiva participou de reunião na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), com a finalidade de avaliar e debater a agricultura brasileira, a pecuária, e a segurança alimentar. Na oportunidade foi apresentado aos visitantes um painel sobre principais programas de combate à fome e à pobreza no Brasil, agronegócio, política florestal e reforma agrária.

Consultores legislativos repassaram dados como a evolução do salário mínimo em 72% entre abril de 2012 e janeiro deste ano, com taxa de desemprego de 5,3% (mais baixa que a dos Estados Unidos e da zona do Euro), e produção de 184 milhões de toneladas de grãos no ano passado.

Também foram destacados os programas de transferência de renda, caso do Bolsa Família; a importância do Brasil como produtor mundial de açúcar, etanol, carnes, soja e milho, com redução do impacto ambiental e a regulamentação do novo Código Florestal; além do fomento à agricultura familiar, com elevado número de projetos e investimento em assistência técnica, assentamento de famílias, garantias jurídicas ao produtor e redução da concentração de terras.

Ainda foram ressaltadas as condições favoráveis de clima, oferta de água, área, qualificação humana e tecnologia apropriada.

Problemas

Nesse sentido, a senadora Ana Amélia (PP-RS), apontou o papel da Embrapa como "um dos grandes patrimônios brasileiros" no desenvolvimento de tecnologia no setor, o que garante ao país destaque na produção de alimentos e bioenergia.  Ela também mencionou A Lei de Biossegurança (Lei 11.105/05) que regulamenta a pesquisa com células-tronco e a produção de organismos geneticamente modificados.

A senadora lembrou que apesar dos avanços é preciso considerar as disparidades regionais, como a agricultura de alta precisão e manejo controlado por programas de computador no Sul do país contra a agricultura de subsistência no Nordeste, região castigada pela pior seca dos últimos 50 anos.

A estiagem ou o excesso de chuva, acrescentou a senadora, provocaram a quebra de safras de soja e milho e o endividamento dos agricultores, pouco amparados por um seguro agrícola adequado.

Além disso, Ana Amélia apontou a logística como um dos maiores problemas do país. Ela explicou que a falta de silos e de um modal de transporte que integre ferrovias, rodovias e hidrovias elevam os custos.

A parlamentar argumentou que, para transportar uma tonelada de soja no Brasil são gastos US$ 70, enquanto nos Estados Unidos a mesma tonelada sai por US$ 9. Na comparação, o prejuízo maior seria do produtor.

- O agricultor brasileiro é altamente produtivo, porém perde competitividade quando compara custos de produção - explicou a senadora.

México

Ana Amélia elogiou a parceria entre os dois países no setor, e destacou a produção de trigo irrigado no México, experiência que pode ser compartilhada com o Brasil - o maior importador do produto no mundo, com Argentina e Canadá como principais fornecedores.

A eleição do embaixador brasileiro Roberto Azevedo para a direção da Organização Mundial do Comércio (OMC)

também foi apontada pela senadora como um passo importante para a resolução do problema da fome na América Latina.

O senador mexicano Fidel Demedicis, presidente da Comissão de Desenvolvimento Rural, afirmou que é importante a elaboração de uma agenda parlamentar que reforce a relação bilateral por uma causa comum, que é a "cruzada contra a fome". Ele elogiou a experiência da legislação brasileira na área de segurança alimentar, que pretende levar para o México.

- Me chama muito a atenção o avançado das propostas legislativas - disse.

Os parlamentares mexicanos começaram a legislatura em setembro do ano passado, coincidindo com o primeiro ano de mandato do presidente Enrique Peña Nieto. O país investe em políticas públicas para combater a pobreza em geral.

No dia 19 de abril, no estado mexicano de Chiapas, ao lado de Peña Neto, o ex-presidente Lula participou do lançamento da campanha México Sem Fome (Mexico Sin Hambre), inspirado no programa brasileiro.

A delegação fez um convite aos representantes do Congresso brasileiro para que retribuam a visita.

- Este encontro é uma  grande oportunidade de desenvolvimento para o nosso país - afirmou a senadora mexicana Lorena Cuéllar Cisneros.



13/05/2013

Agência Senado


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