Patriota espera engajamento dos EUA para reforma do Conselho de Segurança da ONU
Às vésperas da primeira visita do presidente norte-americano Barack Obama ao Brasil, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse esperar que o governo dos Estados Unidos apoie a gestão brasileira para reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Atualmente, o conselho é formado por cinco países, que são membros permanentes, e dez rotativos. O Brasil deseja ter uma vaga permanente.
“[Esperamos que] os Estados Unidos permaneçam engajados em uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas e que preveja a inclusão de novos membros permanentes do mundo em desenvolvimento, como Brasil, Índia e outros”, disse Patriota, durante visita à China na última sexta-feira (4).
“Não é razoável, nem justificável convivermos com um Conselho de Segurança que parece refletir mais um mundo do século 20 que um do século 21”, acrescentou. Patriota se referiu à estrutura atual do órgão, que foi criado depois da Segunda Guerra Mundial, nos anos de 1940.
Em entrevista à BBC Brasil, nesta quinta-feira (10), o ministro lembrou ainda que o comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos atingiu recorde pouco antes da crise econômica de 2008, registrando US$ 53 bilhões, tendência que deve ser mantida. “Aumentaram os investimentos brasileiros nos Estados Unidos, foram criados mecanismos que aproximaram os empresariados dos dois países, de modo que o que está acontecendo é uma evolução natural”, disse o ministro.
De acordo com o chanceler, a visita de Obama ao Brasil servirá para ampliar a discussão de várias áreas de interesse comum, como ciência e tecnologia, além da questão da reforma do Conselho de Segurança. “Há poucos dias, estive em Washington para conversas no Conselho de Segurança Nacional e no Departamento de Estado”, disse.
“Nós [ele e as autoridades norte-americanas] conversamos sobre a reforma do Conselho de Segurança, e a mesma pergunta foi feita à secretária de Estado, Hillary Clinton. Ela disse que admira – acho que essa foi a palavra que ela usou – a contribuição do Brasil à promoção da paz e segurança internacional”, acrescentou Patriota.
Política externa brasileira
Ainda na entrevista à BBC, Patriota reafirmou que o Brasil mantém relações "corretas com países de todas as regiões, sem discriminação quanto a sua orientação política", mas reafirmou o compromisso do governo brasileiro com a defesa dos direitos humanos.
"O Brasil tem relações com o conjunto de membros da comunidade internacional. Inclusive, no ano de 2010, nós estabelecemos relações diplomáticas com um pequeno número de países com as quais ainda não as tínhamos, como a República Centro-Africana e o Butão, de modo que procuramos desenvolver relações corretas, frequentemente também econômicas, com países de todas as regiões, sem discriminação quanto a sua orientação política", disse. "Mas nós também somos extremamente respeitosos das resoluções do Conselho de Segurança, que são mandatórias. No caso do Irã, um dos países que estão sob sanções do Conselho de Segurança, isso foi respeitado pelo ordenamento jurídico brasileiro", acrescentou.
Sobre a condenação pela presidenta Dilma Rousseff da abstenção do Brasil na ONU em resolução repreendendo o Irã durante o governo Lula, Patriota disse que não significa que o Brasil planeje se afastar do país. "A declaração da presidenta Dilma deve ser interpretada como um compromisso muito firme dela, pessoal, e do governo brasileiro com a promoção dos direitos humanos onde quer que ocorram violações, e aí não é só no mundo em desenvolvimento, não é só em determinadas regiões do globo, ou no mundo islâmico.Não nos esqueçamos de que algumas das piores violações de direitos humanos do mundo foram cometidas por países altamente poderosos, de modo que há necessidade de uma vigilância ecumênica, digamos assim, neste ponto."
Fonte:
BBC Brasil
Agência Brasil
11/09/2013 11:27
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