Pesquisa do Ital ganha prêmio de sustentabilidade



Projeto “Tecnologia de quebra do coco babaçu" obteve segundo lugar no Prêmio von Martius

O projeto “Tecnologia de quebra do coco babaçu (Orbgnyaspeciosa)”, desenvolvido pelo estudante Eric Muto sob orientação da pesquisadora do Grupo de Engenharia e Pós-Colheita do Instituto de Tecnologia dos Alimentos da Secretaria de Agricultura (Ital), Márcia Paisano Soler, recebeu, na última quarta-feira (7/11), o Prêmio von Martius. Concorrendo com outros 33 projetos, o da dupla obteve o segundo lugar na categoria de tecnologia.

Oferecido pelo Departamento de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha com o objetivo de reconhecer iniciativas de empresas, poder público, indivíduos e sociedade civil na promoção do desenvolvimento econômico, social e cultural, com respeito socioambiental, o prêmio chegou à sua oitava edição. A cerimônia foi realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

O projeto de Muto foi desenvolvido no âmbito do Programa Institucional de Iniciação Científica (Pibic). O trabalho de quebra do babaçu, comum na região amazônica, é marcado pelo emprego de mão-de-obra de mulheres e crianças e por uma remuneração muito baixa. Além das péssimas condições de trabalho, há o perigo de acidentes e o baixo aproveitamento do fruto. A busca de soluções para esses dois problemas motivaram a realização do estudo, dividido em duas etapas.

Na primeira, iniciada em 2004, foi caracterizado o fruto e testados os procedimentos de quebra. O babaçu possui um grande valor comercial, especialmente pelo seu óleo. Também permite que todas as suas partes sejam utilizadas. Essas características positivas, que interessam às indústrias de cosméticos, esbarram no baixo aproveitamento da quebra, que aumenta muito os custos de utilização como matéria-prima.

Na segunda fase a preocupação foi desenvolver equipamentos que quebrassem o coco e permitissem a obtenção das quatro partes que compõem o babaçu: epicarpo, mesocarpo, endocarpo e amêndoa. Dois aspectos foram considerados essenciais: que os custos fossem baixos e o transporte para o local de extração fosse fácil.

Daí surgiram o “Corta Coco” e o “Hamster”. Os dois equipamentos foram fabricados com a junção de materiais simples. A versão do “Corta Coco” construída durante a pesquisa, por exemplo, teve um custo total abaixo de R$ 450, considerando-se materiais doados e já disponíveis em laboratório. O rendimento teve um grande impulso: com as máquinas, a média de cocos cortados por minuto é de 7,88, enquanto das quebradeiras é de apenas 1,85.

BENEFÍCIO SOCIAL – Segundo Márcia, a idéia foi aliar pesquisa tecnológica e benefício social. “Se você puder ajudar a desenvolver uma região através de uma tecnologia simples, por que não?”, questiona. Uma alternativa para a incorporação da tecnologia pelas quebradeiras é a utilização do equipamento em associações ou cooperativas. “O objetivo sempre foi facilitar o trabalho para o pessoal do campo, não tirar o trabalho deles”, ressalta a pesquisadora.

Ela revela, ainda, a intenção de montar um projeto temático em conjunto com diversas instituições com o objetivo de explorar as propriedades e potencialidades do coco de babaçu. “É uma matéria-prima muito complexa, com muita coisa para ser estudada”, alerta.

 

Da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento

(S.M.)

 



11/11/2007


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