Pesquisa: Fapesp financia criação de microcâmera que auxilia e registra operação médica
Equipamento poderá ser utilizado por médicos para iluminar e gravar a intervenção cirúrgica
Uma microcâmera conjugada com um iluminador frontal, colocada sobre a cabeça do médico, ilumina a área da operação e registra em vídeo toda a intervenção cirúrgica. Apesar de o equipamento ainda não ser comercializado, um de seus criadores, o físico Edson Kubo, garante que poderá custar pouco mais da metade do preço de aparelhos semelhantes vendidos no mercado internacional (cerca de US$ 12 mil). O projeto de pesquisa que originou o Ilumicam, como é chamada a microcâmera, foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), no âmbito do Programa Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (Pipe).
A empresa responsável pela tecnologia é a Foco, que desenvolveu o produto no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), da USP. Além de dois sócios, o trabalho tem a colaboração de pesquisadores de Física e de Engenharia Eletrônica e de um técnico em Mecânica de Precisão. Como a microcâmera está acoplada à região central do iluminador, sua grande vantagem técnica é permitir que o eixo de luz seja exatamente o mesmo que o da filmagem, eliminando a necessidade de acertar o foco e os erros de paralaxe (diferença aparente na localização de um corpo quando observado por diferentes ângulos), que ocorrem quando a área monitorada não coincide com a iluminada. Kubo ressalta a comodidade de utilização do Ilumicam, pois emite foco exato de filmagem: "No caso dos equipamentos estrangeiros, a região da filmagem é diferente da iluminada. Para o uso adequado, o médico precisa acertar o foco".
Biblioteca
"O iluminador foco frontal é um aparelho de uso comum entre médicos de todo o mundo. No Brasil não tínhamos um que também pudesse filmar os procedimentos", diz Edson Kubo. O Ilumicam pode gravar a cirurgia em DVD e transmitir as imagens em tempo real pela Internet, por meio de videoconferência. Há ainda a possibilidade de documentação das cirurgias em arquivo pessoal. Uma biblioteca de técnicas cirúrgicas pode também ser criada pela instituição de ensino, nas áreas de medicina, enfermagem, veterinária e fisioterapia.
Pelos olhos do professor
"As imagens podem ser usadas para fins didáticos. Trata-se de documento visual que pode ser apresentado em sala de aula ou em congressos médicos. A grande vantagem é que o aluno passa a enxergar a cirurgia do ponto de vista do professor", explica Kubo. No caso da disciplina de medicina veterinária, por exemplo, alguns procedimentos cirúrgicos poderiam ser exibidos sucessivamente durante as aulas, diminuindo a morte de animais. Ele acredita que esse é um grande mercado, já que existem mais de 70 mil cirurgiões em todo o País, sem contar o interesse de hospitais, clínicas e instituições de ensino e pesquisa.
"Estamos finalizando o desenvolvimento do produto, testado no Instituto de Ciências Biomédicas da Faculdade de Medicina da USP", informa. Até o mês de março haverá testes e avaliações para verificar a eficiência do Ilumicam. A previsão de Kubo é que no primeiro trimestre de 2007 a empresa disponha de local adequado para se instalar (atualmente está no Cietec) e solicitar licença da Vigilância Sanitária. Assim que passar por essa etapa, o equipamento poderá ser comercializado.
09/01/2006
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