Plano Real: Renan destaca melhoria da renda dos mais pobres




Da esquerda para a direita: o ex-presidente Fernando Henrique, Renan e o senador Aécio Neves

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No discurso de abertura da sessão solene do Congresso que marca os 20 anos do Plano Real, o presidente do Senado, Renan Calheiros, lembrou o sucesso do plano na estabilização da economia e destacou a melhoria da renda dos mais pobres, depois de décadas de efeito "nefasto" da inflação sobre os salários.

- Tudo isso é muito positivo, mas há ainda um longo caminho a percorrer no sentido de diminuir as desigualdades no Brasil. O importante é que o primeiro passo já foi dado lá atrás, em 1994, com o Plano Real, um patrimônio do Brasil e de sua sociedade - disse Renan, prestando homenagem ao ex-presidente Itamar Franco, falecido em 2011, e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ministro da Fazenda à época do lançamento do plano.

Íntegra

Veja abaixo a íntegra do discurso de Renan Calheiros:

"O fim da inflação e a conquista da estabilidade econômica com a implementação do Plano Real em julho de 1994 é um marco da economia de nosso país que sempre haveremos de comemorar. Ele conseguiu interromper um perverso ciclo inflacionário de décadas e criou as bases fundamentais para o crescimento econômico de longo prazo. O Plano Real foi também primordial para a modernização da economia, o que proporcionou o início de credibilidade externa para o nosso país.

Antes do Plano Real, o brasileiro padecia com uma das inflações mais galopantes do mundo. O aumento dos preços de bens e serviços comercializados era assustador, inquietante para todos, especialmente para pais e mães de família. Resultado disso é que havia cada vez mais zeros nas notas de cruzeiro e menos dinheiro no bolso do cidadão. Nunca é demasiado repetir que entre 1965 e 1994 acumulamos uma inflação de 1,1 trilhão. Isso mesmo hiperinflação de 16 dígitos e, neste mesmo período, o País cortou nada menos do que 12 dígitos da moeda nacional.

No processo histórico da inflação em nosso país, mais intensamente verificado na metade do século passado, várias foram as causas que levaram à espiral inflacionária.

Entre essas, o excesso de gasto público, as crises políticas, a crise internacional do petróleo, e o endividamento crescente do país no exterior. Quando as várias tentativas de estabilização no índice dos preços desandaram, na maioria das vezes baseadas no congelamento de preços, a inflação atingiu patamares superiores a 1.000% ao ano. Em decorrência dos preços galopantes, os agentes econômicos os vinculavam aos índices da inflação.

Mas todas essas medidas eram inócuas e somente alimentavam ainda mais o preço de tudo. E os salários, por mais que fossem reajustados, não conseguiam acompanhar a escalada dos preços.

A cada mês se perdia o poder de compra do cruzeiro, a moeda da época. A desconfiança em nossa economia era enorme. E não havia congelamento de preços que resultasse em êxito, mesmo por que não é uma boa opção o cerceamento do livre mercado. A desarticulação da vida econômica era total.

Um dos resultados mais nefastos da inflação é a perda de poder aquisitivo dos salários.

Quem mais perde com ela são os mais pobres, apesar dela afetar a vida de todos, dificultando qualquer tipo de planejamento, a curto, a médio ou a longo prazo.

Todo empreendimento se torna em uma aventura, seja individualmente, seja das empresas ou dos governos. O período anterior ao Plano Real foi amargo para a economia das famílias brasileiras. E também para o nosso país.

O Plano Real conseguiu mudar a trajetória ascendente da escalada dos preços, desativando o sistema de indexação da moeda. Com isso a saúde de nossa vida econômica pôde ser restabelecida.

Deixamos de vivenciar taxas de inflação de quatro dígitos ao ano para conviver com taxas civilizadas, de um dígito ao ano. Com isso houve possibilidade de uma sensível melhoria da renda das camadas menos favorecidas da população.

E mais importante ainda é que a superveniência do Plano Real nos permitiu enfrentar várias crises econômicas internacionais e nacionais, como a mexicana de 1994, a asiática de 1997, a russa de 1998, a desvalorização cambial de 1999 e a crise argentina de 2001 e, agora mais recentemente, a bolha imobiliária nos Estados Unidos e crise no mercado europeu.

Atualmente, a nossa moeda, o real, é a 16º mais negociada no mundo e deixamos para trás as desconfianças internacionais sobre a capacidade do Brasil se organizar economicamente. Uma economia estável, com a inflação domesticada permitiu ainda que se iniciasse no Brasil um dos maiores programas de redistribuição de renda  do mundo.

Tudo isso é muito positivo, mas há ainda um longo caminho a percorrer no sentido de diminuir as desigualdades no Brasil. O importante é que o primeiro passo já foi dado lá atrás, em 1994, com o Plano Real, um patrimônio do Brasil e de sua sociedade.

Por isso gostaria de fazer esta homenagem ao Presidente Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, pai do Real junto com seu equipe de economistas como Pérsio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan, Edmar Bacha, Clóvis Carvalho e Winston Fritsch, em nome dos quais saúdo todos os demais que colaboraram para este êxito.

O Plano Real, como bem assinalou o presidente Fernando Henrique Cardoso, é uma demonstração de que é possível mudar o mundo quando se tem vontade e capacidade para fazê-lo.

Tenho ainda certeza de que todos nós congressistas, em nome da estabilidade e da prosperidade, teremos serenidade neste ano eleitoral para não abrir as portas das inconsequência fiscal. Vamos preservar os legados do plano que são muitos, mas principalmente a Lei de Responsabilidade Fiscal, e colaborar para o equilíbrio de nossas contas para que o país seja cada vez mais o Brasil real e nunca mais seja surreal.

Obrigado a todos."



25/02/2014

Agência Senado


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