População despede-se do senador Jonas Pinheiro



Eugênio Carvalho, jornalista aposentado - primeiro a ocupar o cargo de assessor de imprensa da Assembléia Legislativa de Mato Grosso - nunca mais vai ver aquele senador da República entrar na cozinha da sua casa e abrir as tampas das panelas para sentir o cheiro da comida e experimentar um bocadinho do prato principal do dia. É que esse senador, que era amigo de Eugênio e de tantos outros mato-grossenses, foi enterrado na noite da quarta-feira (20), em sua cidade natal, Santo Antonio do Leverger (MT).

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- O senador Jonas Pinheiro era um homem simples, um homem do povo, sincero e honesto. Ele foi criado em um ambiente de grande humildade, em uma época que havia mais liberdade para viver, mas claro que dentro do maior respeito. Mato Grosso teve dois senadores negros: ele e Valdon Varjão. Eles foram responsáveis, com sua influência, pelos períodos em que o estado mais recebeu investimentos federais - declarou Eugênio Carvalho.
Segundo cálculos de dois policiais do Batalhão da Polícia Militar de Mato Grosso, cerca de 50 mil pessoas passaram pela casa de Jonas Pinheiro em Santo Antonio do Leverger (localizada a 30 km de Cuiabá), na quarta-feira, para velar o corpo do senador. A grande maioria era gente simples, do povo. Entre os milhares que foram reverenciá-lo, 23 senadores, vários deputados federais e estaduais, vereadores, funcionários públicos, o governador Blairo Maggi e outros políticos da região. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma coroa de flores.

O percurso, da casa do senador até o cemitério foi feito a pé, sob chuva. Jonas Pinheiro morreu na noite da última terça-feira (19) em um hospital em Cuiabá, depois de passar dez dias em coma. O empresário Gilberto Göellner, primeiro suplente do senador, ainda não decidiu a data na qual tomará posse como representante do estado de Mato Grosso.

Despedida

O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, disse que a Casa perdeu muito com a morte do senador Jonas Pinheiro, sobretudo devido à sua importante atuação nas discussões dos temas ligados à agricultura. Durante o velório, muitas pessoas choraram ao ouvir o senador potiguar testemunhar momentos que vivenciou com o parlamentar.

Garibaldi Filho recordou, por exemplo, que, nos anos 90, quando relatou a CPI do Endividamento Agrícola e Jonas presidiu aquela comissão parlamentar de inquérito, foi o senador mato-grossense quem insistiu para que a CPI viajasse por todo o país para ouvir o drama vivido pelos produtores rurais, que, devido a intempéries climáticas, não tinham como honrar suas dívidas com os bancos oficiais.

- Jonas Pinheiro sacrificou até mesmo a sua saúde, mas não descansou, não cedeu nem desistiu enquanto não conseguiu amenizar a situação dos agricultores, que sofriam com dívidas perante as instituições de crédito. Descanse agora, meu amigo. Descanse agora que você merece - despediu-se Garibaldi Alves.

Já a colega de bancada, a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), observou que, em quase 30 anos de mandatos como deputado federal e senador, Jonas Pinheiro deu contribuições significativas para a população de Mato Grosso e do Brasil, sobretudo no setor agropecuário. O outro senador mato-grossense, Jayme Campos (DEM), opinou que Jonas era um ser humano admirado não apenas como cidadão, ser humano e pai de família, mas também como homem público.

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) testemunhou que, mesmo nos momentos em que todos sentiam que Jonas Pinheiro sofria com "algum probleminha de saúde", ele trabalhava incessantemente, não diminuía o ritmo, procurando ajudar os produtores rurais brasileiros. A ex-senadora Heloísa Helena também viajou até Santo Antonio do Leverger para se despedir do amigo.

Além de Garibaldi, Serys, Jayme Campos e Delcídio, também estiveram no velório de Jonas Pinheiro os senadores Augusto Botelho (PT-RR), Rosalba Ciarlini (DEM-RN), Romeu Tuma (PTB-SP), Heráclito Fortes (DEM-PI), José Agripino (DEM-RN), Demóstenes Torres (DEM-GO), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Marco Maciel (DEM-PE), Mão Santa (PMDB-PI), Antonio Carlos Júnior (DEM-BA), Adelmir Santana (DEM-DF), Marisa Serrano (PSDB-MS), Kátia Abreu (DEM-TO), Lúcia Vânia (PSDB-GO), Valter Pereira (PMDB-MS), Leomar Quintanilha (PMDB-TO), Valdir Raupp (PMDB-RO) e Wellington Salgado (PMDB-MG).



21/02/2008

Agência Senado


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