Potencial hidrelétrico do Brasil acaba em dez anos, alertam especialistas
Especialistas preveem o esgotamento do potencial hidrelétrico do Brasil entre os anos 2025 e 2030. Para garantir a energia nos próximos dez anos e alcançar o potencial máximo previsto para a geração de fonte hídrica – que é 260 mil megawatts (MW) – será preciso explorar as últimas fronteiras das grandes usinas no país e diversificar as matrizes energéticas.
A conclusão é dos participantes da mesa redonda que debate a energia elétrica no 1º Fórum Nacional de Infraestrutura, promovido pelo Senado nesta quinta-feira (27) e sexta-feira (28).
A prioridade continua a ser a geração de energia hidrelétrica, como a estimada para as usinas de Belo Monte e o Complexo de Tapajós. Além das vantagens dos múltiplos usos da hidrovia para a navegação, a prevenção de cheias com o controle da vazão e os benefícios de infraestrutura para as comunidades do entorno.
No entanto, a oposição de grupos de defesa do meio ambiente tem criado obstáculos para a liberação da licença ambiental e um aumento nas demandas judiciais, como destacou o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), coordenador do debate.
- Há dificuldades de se entrar especificamente na região amazônica, até para estudar a exploração desses recursos hídricos - disse.
Sempre que o nível dos reservatórios atinge estado crítico ocorre o acionamento das usinas térmicas, a gás, com energia mais cara e poluente, lembraram os especialistas.
Outras fontes
O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético, Altino Ventura, apontou a cana-de-açúcar e seus derivados, etanol e bagaço, como a segunda fonte da nossa matriz energética, mais limpa e econômica. Ele também citou os ventos favoráveis de janeiro a dezembro e muita luz solar.
Essas fontes energéticas se complementam, como explica a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Melo. No Brasil 70% da energia é hidrelétrica; 10%, de biomassa; 3%, eólica; e mais a energia solar, que começa a ser implantada.
- No final de 2018, nós vamos já estar com cerca de 9% de participação de energia eólica - informou.
Os debatedores ainda mencionaram outras fontes de energia como a nuclear, com novos reatores; o carvão; e até o lixo, com a queima direta dos resíduos ou a queima do biogás produzido a partir da decomposição da matéria orgânica.
- O que o ministério defende é que essas fontes renováveis tenham uma resposta de mercado. Nós não podemos incorporar projetos que não tenham sua viabilidade técnica e econômica. Criar grandes subsídios para elas, não é o caminho que nós devemos seguir - explicou Altino Ventura.
Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, conclamou o esforço do Congresso na formulação de políticas transparentes e eficientes para o setor elétrico. Ele defende a modernização da legislação para permitir a participação da iniciativa privada e uma discussão com a sociedade baseada em informação.
Todas as sugestões estão sendo organizadas com os principais encaminhamentos ao Poder Executivo ou as propostas que podem se transformar em projetos legislativos.
27/03/2014
Agência Senado
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